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Brasília

Adeus ao ex-deputado Jofran Frejat é carregado de emoção

Na cerimônia de despedida, Frejat teve estendida sobre o copo a bandeira da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS), faculdade que ajudou a construir no DF

Vítor Mendonça

24/11/2020 19h32

Atualizada 25/11/2020 13h50

“Viva Frejat”, bradavam familiares e amigos de Jofran Frejat na capela 6 do Campo da Esperança da Asa Sul enquanto o veículo funerário saía para o crematório, em Valparaíso. Cerca de 300 entes, companheiros de vida, admiradores e políticos prestaram condolências ao ex-secretário de Saúde do Distrito Federal nesta terça-feira (24). Ele morreu aos 83 anos e lutava contra um câncer de pulmão desde setembro deste ano.

Na cerimônia de despedida, Frejat teve estendida sobre o copo a bandeira da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS), faculdade que ajudou a construir.

“É o nosso herói”, destacou a filha do político, Graziela Frejat. “Um conselheiro, pai amoroso e carinhoso, enérgico quando precisava ser, muito correto. Nos exigia seriedade nas nossas obrigações e a palavra que uso para defini-lo é amoroso”, completou. “Vai deixar saudades eternas. Deixou um pedaço dele conosco e é um privilégio ser filha dele.”

Para a família, segundo Graziela, o legado deixado pelo pai é de princípios de ética, respeito pelo próximo e amor. “Ele viveu para ajudar o próximo, essa que é a verdade. Abdicou de muita coisa durante muito tempo para ajudar as pessoas. Ele tinha essa missão e propósito”, finalizou a filha. A todo momento, amigos de longa data do pai a cumprimentavam e elogiavam a integridade que consideram que Frejat carregava como marca.

“Ícone respeitado”

Entre as atuais figuras públicas do governo, compareceu ao velório o vice-governador do DF, Paco Britto, que destacou o ex-secretário e pré-candidato à cadeira do Executivo local como um “ícone respeitado por todos os lados”. “É uma grande perda para o povo de Brasília. Frejat deixa um legado de seriedade, comprometimento e luta pelos ideais que acreditava, independente de qualquer segmento político”, afirmou.

“Espero que Deus conforte a família. Tenho certeza que ele está ao lado de Deus agora. Ele é um exemplo a ser seguido na vida pública e como pessoa”, concluiu. Também com cadeira na atual gestão, esteve presente o presidente da Comissão de Educação e Saúde da Câmara Legislativa do DF (CLDF), Jorge Vianna de Sousa (Podemos).

Próximo da família Frejat, a família Roriz também prestou condolências na capela 6. Joaquim Roriz Neto afirmou que Frejat era uma das poucas pessoas que a mãe e avós identificavam como aliado político e amigo. “Ele era de casa. Estava sempre com meu avô. Ia sempre para a fazenda com ele. Para mim é como se eu tivesse perdido mais um tio, porque o conheço desde criança”, disse.

Neto vê semelhanças na morte do avô em comparação com a de Frejat, com idades e problemas de saúde similares. “E assim como aconteceu como meu avô pouco antes da sua morte, em que confirmaram na mídia mesmo antes dele falecer, tentei acreditar que era um boato. Quis acreditar nisso pela minha avó e a família do Frejat”, continuou. “Acho que Deus o levou para o mesmo propósito que meu avô também: para que parasse de sofrer”, acredita ele.

Amigo de longa data, também esteve presente o jornalista Alexandre Garcia. “Acho que foi uma grande perda política para Brasília. Agora na morte dele eu vejo elogios de opositores a ele, ou seja, foi correto, honesto, ético. Como amigo, na última eleição ele me relatou que não dependia somente dele, mas de todos. Foi um altruísta e um homem exemplar. Quem dera todos os políticos agissem como ele”, disse.

“Grande amigo”

José Roberto Arruda e a esposa, a deputada federal Flávia Arruda, visitaram o local para prestarem homenagem a Frejat, cuja amizade com o ex-governador do DF ultrapassava os 40 anos. “Acompanhei toda a trajetória dele e trabalhamos juntos em muita coisa. Éramos vizinhos de cerca na Vila Planalto. Quando fui candidato em 2014 e fui impedido de concorrer, ele foi meu substituto, tendo Flávia como vice. Então era uma amizade de muito respeito”, considerou.

“Deixa um legado muito forte, de uma contribuição muito importante para Brasília e para o Brasil, principalmente para a saúde. As ideias dele na saúde pública eram muito enraizadas, com muito conceito. Ele sempre defendeu o Sistema Único de Saúde (SUS) e essa pandemia mostrou o quão certo ele estava. Era uma pessoa coerente e de ideias muito claras sobre como deveria ser a saúde pública do Brasil”, declarou.

Para Flávia Arruda, foi um “privilégio concorrer como vice com ele”. “Pude aprender demais com toda essa história que ele construiu na cidade”, afirmou. Segundo ela, as memórias são de um homem bem humorado, com capacidade de pacificar e aliviar ambientes. “Esse bom humor era peculiar a ele. Nos dias mais cansativos de campanha, depois de entrarmos no carro, ele soltava uma piada e acabava com o cansaço de todo mundo”, comentou.

“Ele tinha muita vontade e vitalidade a continuar contribuindo com a cidade que ele ajudou a construir, mesmo depois de tanto tempo dedicado a ela. Toda a história que deixou na saúde com construção e consolidação do setor. O apoio ao SUS foi de importância fundamental para a saúde pública. Ele deixa todas as construções materiais, mas também pontes entre tudo o que ele considerava fundamental para a Saúde”, finalizou.

História

Natural de Floriano, no Piauí, Jofran Frejat foi médico formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pelo DF, foi deputado federal por cinco mandatos e secretário de Saúde em dois mandatos do ex-governador Joaquim Roriz. Concorreu ao governo em 2014, mas acabou derrotado por Rodrigo Rollemberg.

Frejat estava internado desde a noite da última terça-feira (17). O ex-deputado descobriu o câncer no pulmão depois de ter um cálculo renal (pedra nos rins).

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