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O velho espírito de corpo, desculpe, espírito de porco, perdão porco

A Constituição Federal determina que todo parlamentar tem o mandato inviolável civil e penalmente, exceto nos casos de prisão em flagrante por crime inafiançável

Redação Jornal de Brasília

11/04/2024 6h42

O Deputado Chiquinho Brazão, conhecido por suas habilidades de escapista político que fariam Houdini corar de inveja, encontrou-se de repente na situação peculiar de ser o protagonista de uma operação da Polícia Federal. Mas não era por algo trivial como ter estacionado seu carro oficial em local proibido; Chiquinho foi preso por ser apontado como o mandante do assassinato da vereadora Mariele Franco.

Como era de esperar, o Parlamento entrou em um frenesi. Havia quem apostasse que Chiquinho conseguiria sair dessa com a mesma facilidade com que se livra dos abraços de eleitores insatisfeitos. Porém, a velha guarda do parlamento, com sua eterna sabedoria de quem já viu de tudo um pouco, ergueu as sobrancelhas em desaprovação. “Sem flagrante delito?”, murmuravam entre si, “Mas se ele tivesse roubado um doce da cantina, aí sim, seria inadmissível!”

Nesse ínterim, alguns setores do parlamento, tomados pelo espírito de corpo – aquele sentimento fraterno que normalmente se manifesta em rodadas de cafezinho pagas com o cartão corporativo – começaram a murmurar sobre a ilegalidade da prisão de Chiquinho. “Sem flagrante? Que absurdo!”, exclamavam, enquanto esqueciam convenientemente de todo o contexto da operação.

Mas então, num plot twist digno das melhores novelas das oito, a maioria dos parlamentares teve um lampejo de bom senso (ou será que alguém mudou o cafezinho deles por uma versão descafeinada?). Decidiram não só caçar o mandato de Brazão, como também mantê-lo atrás das grades.

E assim, entre murmúrios, discussões acaloradas, e o ocasional desvio de verbas para comprar biscoitos para os pombos (afinal, eles também são parte do ecossistema político), a velha política foi forçada a reconhecer que nem sempre é possível olhar apenas para o próprio umbigo. E quem sabe, talvez naquela manhã, os pombos tenham encontrado farelos de justiça no ar, junto com os habituais farelos de pão.

PS; esse texto contem ironia para criar um contraste humorístico com a realidade, enquanto também destaca a absurdez das reações políticas.

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