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Brasília

Voluntários do DF levam luz a comunidade que vive no escuro

Arquivo Geral

27/07/2018 15h08

Projeto Pisco de Luz leva energia solar a comunidade quilombola. Foto: Fabiana Conte/Divulgação

Ana Clara Arantes
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A solidariedade brasiliense chegou à Chapada dos Veadeiros (GO). Voluntários estão unidos em uma ação que leva energia solar a casas que até então ficavam no escuro.

O projeto Pisco de Luz está atendendo a comunidade Kalunga. A  ação foi idealizada pelo empresário André Rodrigues Viegas, 50 anos. Desde sua criação, há um ano, 57 residências da região foram contempladas, beneficiando 280 famílias. A meta é atingir todas as 350 famílias que vivem lá.

Projeto Pisco de Luz leva energia solar a comunidade quilombola. Foto: Amanda Carneiro/Divulgação

Viegas conta que tudo começou em uma visita à comunidade. Convivendo com os moradores, ele percebeu as dificuldades. “Tive a oportunidade de vivenciar algumas noites à base de lamparina. Isso é ruim tanto para a saúde, com relação à inalação da fumaça, quanto para a segurança”, observa.

A partir daí, o empresário pensou em alternativas para substituir a lamparina. “A experiência que tive deixou claro que não são famílias em boa situação financeira. Então seria preciso uma solução economicamente viável. E não precisaria exagerar muito na luz porque, quanto mais clara, mais cara fica a solução solar. Se tentássemos levar a mesma iluminação que temos aqui em nossas casas, o projeto ficaria inviável”, pondera.

Ele compara que a força da iluminação existente em cozinhas, por exemplo, é de aproximadamente 5 mil lúmens. “A lamparina tem 15 lúmens e nós levamos para os moradores em torno de 150 lúmens. Sair de 15 para 150 é uma mudança considerável”, exemplifica.

Projeto Pisco de Luz leva energia solar a comunidade quilombola. Foto: Amanda Carneiro/Divulgação

O projeto
O sistema é flexível e engloba vários tipos de casas. Atualmente a solução atende até sete cômodos independentes. Cada kit funciona com o armazenamento da energia solar por meio de uma pilha de lithium.

Cerca de 90 voluntários compareceram à última ação, entre 30 de junho e 1º de julho. Nesse mutirão, a equipe conseguiu levar energia solar para 50 casas. A próxima etapa ocorrerá entre 4 e 5 de agosto. A meta é instalar energia solar em mais 50 casas.

Beneficiados agradecem

A família de Marlene Santos Pereira, 30, foi uma das beneficiadas pelo projeto. Na perspectiva dela, agora a vida dos quilombolas vai melhorar muito. “Ainda mais que a gente tem criança. À noite tem muita cobra e a lamparina não ilumina. Essa luz vai melhorar muito para a gente aqui da roça. Para a gente que vive em casa de palha. Assim também não tem perigo de fogo”, afirma.

Os contemplados pelo Pisco de Luz revelam uma grande mudança: “Melhorou 100% na nossa vida. Só de a gente ter energia e sair do diesel, da fumaça do olho, para mim é importante demais. Melhorou até a saúde da gente. Foi uma benção de Deus”, comemora Valdir José da Silva, 56.

Projeto Pisco de Luz leva energia solar a comunidade quilombola. Foto: Divulgação

Voluntários
Entre os voluntários estão os jipeiros do Jipe Clube de Brasília. Sérgio de Oliveira Barcellos, 65, é diretor técnico e conta que uma das bandeiras do grupo é o trabalho social. Quando ficaram sabendo do projeto, decidiram apoiar a ação.

Pessoalmente, Barcellos revela que seu apoio à causa surgiu de uma necessidade própria. “Vislumbrei uma oportunidade muito boa porque seria algo que faria a diferença na vida das pessoas”, afirma.

Além de cuidar do cadastramento das famílias, Barcellos ajuda na montagem dos kits: “Isso demanda muito trabalho. Montagem de placa, das caixas, organização de cabo, lâmpada, interruptor. É trabalhoso, mas muito gratificante”, considera. Para ele, a ação é importante pois tira as pessoas de uma situação de grande dificuldade.

Projeto Pisco de Luz leva energia solar a comunidade quilombola. Foto: Elycia Andrade/Divulgação

O fotógrafo Marcos Lopes, 23, conheceu o projeto por meio de uma amiga de profissão. Ela documentava as ações na comunidade e estava precisando de outro profissional. Foi aí que Marcos se juntou à causa.

Para ele, esse trabalho é um fato histórico. “Documentar a instalação de energia em uma comunidade a 400 quilômetros de Brasília que não tem luz é muito importante para a história do Brasil”, considera.

“Há um peso histórico muito grande porque é uma questão sensível. A comunidade Kalunga está marginalizada em um lugar onde o Estado não chega. Ver que uma simples instalação luz melhora a qualidade de vida é mágico, maravilhoso”, completa o fotógrafo.

Serviço
Para quem quiser se juntar ao projeto, seja se voluntariando ou fazendo doações, basta entrar em contato por e-mail ou acessar o site neste link.

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