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Visibilidade lésbica: tenho medo da violência, diz entrevistada

Há 26 anos, acontecia o 1° Seminário Nacional das Lésbicas, que discutiu políticas públicas de combate à lesbofobia e deu visibilidade à luta

Redação Jornal de Brasília

29/08/2022 18h03

Foto: AFP

Luana Viana
(Jornal de Brasília / Agência de Notícias Ceub)

Nesta segunda-feira (29), é celebrada a visibilidade lésbica. Mesmo com 26 anos desse marco, a percepção da existência é considerada doída por entrevistadas pela reportagem. “A palavra ‘lésbica’ é muito demonizada pela sociedade. A gente sabe que a lesbofobia dentro da consciência das pessoas se manifesta até na recusa de falar a palavra ‘lésbica’”, disse uma entrevistada que preferiu não se identificar. “É tanto preconceito que não conseguem nem falar nosso nome. Nosso nome vira coisa proibida, assim como nós”.

A origem do dia da visibilidade lésbica foi criado em 1996, durante a realização do 1º Seminário Nacional de Lésbicas (SENALE), organizado pelo Coletivo de Lésbicas do Rio de Janeiro (COLERJ). A reportagem da Agência de Notícias Ceub entrevistou 22 mulheres lésbicas entre 18 e 30 anos. Foram feitas 10 perguntas sobre a autodescoberta, o apoio familiar, o impacto dos conteúdos audiovisuais lésbicos, as redes sociais e o atual momento social e político do país.

Entre os temores de entrevistadas, há um contexto de percepção de intolerância, como revelou Camila Souza, de 21 anos. Ela explica que até faz curso de defesa pessoal por conta dos temores com a própria segurança.

Libertador

Quando questionada de como foi o processo de aceitação de sua sexualidade, Valéria Marques, de 22 anos, respondeu que apesar de “libertador foi muito solitário. Ao mesmo tempo em que finalmente compreendi os meus sentimentos com relação a mulheres e tive essa dose de autoconhecimento, eu me senti mais sozinha tanto por questões de religiosidade familiar quanto a falta de representatividade e não saber que esse tipo de sentimento por outra mulher é normal”.

E em relação às redes sociais, Beatriz, de 19 anos, entende que a internet colabora contra a solidão. “É de extrema importância debates sobre as vivências lésbicas, acolhimento de mulheres que se sentem sozinhas, conteúdos sáficos e várias coisas importantes que a internet pode trazer”, diz Beatriz.

Ela entende que, dentro de uma sociedade heteronormativa, as conexões entre mulheres lésbicas ajudam na autoaceitação e na construção de uma luta por respeito.

As mulheres citam que no ano 2021, houve uma série de filmes e séries sáficas produzidas. Mylena, de 24 anos, afirmou que esses programas ajudaram muito. “Principalmente kalzona (Arizona e Calliope) o shipper da série Greys Anatomy, pois elas me fizeram acreditar que não é só porque sou lésbica que não vou ter uma família”.

As mulheres entrevistadas alegam que mulheres lésbicas carregam por, socialmente, uma negação da possibilidade de construir uma família, mas que graças à representação em programas televisivos, o tema é trazida a luz.

Um total de 20 das 22 mulheres entrevistadas disse que atualmente têm apoio familiar. No entanto, Giovanna, de 19 anos disse que a família revelou preocupação. “Os meus pais também foram tranquilos. Só tinham muito medo do mundo fora de casa”.

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