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Brasília

Vacinação contra o HPV: Cobertura no DF está abaixo dos 80% da meta estabelecida

A capital é pioneira na aplicação da vacina contra o vírus cuja transmissão acontece, principalmente, por meio do contato sexual

Mayra Dias

17/07/2023 15h08

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O papilomavírus humano (HPV), é o causador de infecções sexualmente transmissíveis que podem provocar verrugas genitais, neoplasias (tumor) e câncer no colo do útero, no pênis, na vagina, na vulva e na laringe. No entanto, mesmo diante da gravidade do contágio, a taxa de cobertura vacinal, no Distrito Federal, está abaixo da meta estabelecida pelo Ministério da Saúde, que é de 80%.

A capital é pioneira na aplicação da vacina contra o vírus cuja transmissão acontece, principalmente, por meio do contato sexual, mas que também pode ocorrer por contato direto com a pele ou a mucosa infectada. Visando garantir uma geração protegida do papilomavírus humano, o DF conta com a campanha de imunização de meninas e meninos de 9 a 14 anos, composta por vacinas divididas em duas doses com intervalo mínimo de seis meses.

A vacina faz parte do calendário de rotina desse público e está disponível nas unidades básicas de saúde (UBSs). Neste ano, a primeira dose foi aplicada em 62,7% das meninas e 33,7% dos meninos. Os dados mostram ainda que muitos não retornam para completar a imunização. Entre as meninas, 56,6% tomaram a segunda dose; já entre os meninos, apenas 25,6%.

Conforme destaca a gerente da Rede de Frio Central da Secretaria de Saúde (SES), Tereza Luiza Pereira, trata-se de uma vacina muito importante porque previne contra o câncer de colo do útero, pênis, vagina e vulva e das verrugas genitais. “Temos essa garantia de prevenção quando a pessoa completa o calendário vacinal. Quando não há um retorno, perde-se a garantia, que é acima de 90% – por isso a importância de tomar as duas doses”, salientou a profissional.

De acordo com Tereza, um dos desafios da imunização contra o HPV é o preconceito pois, por se tratar de uma doença sexualmente transmissível, muita gente associa à liberação sexual dos jovens. “Mas a gente preconiza o mais cedo possível justamente para que a criança e o adolescente não tenham sequer o contato com o vírus”, explica a gerente. “Assim estamos prevenindo para quando ele iniciar a vida sexual já estar protegido contra os quatro sorotipos – dois de baixo risco e dois de alto – presentes na vacina”, completou.

Há, ainda, muita desinformação com relação à vacina. Muitas pessoas acreditam que o HPV é causador apenas do câncer de colo de útero. No entanto, esse vírus também está ligado ao câncer anal, ao câncer de laringe, de vulva, de vagina, entre outros.

Por isso, com o intuito de proteger os jovens antes mesmo do início da vida sexual, o Ministério da Saúde implantou iniciativas para a cobertura vacinal contra a infecção, como a vacinação nas escolas, a promoção de educação e saúde e a ampliação do horário de funcionamento das unidades básicas de saúde (UBSs). A vacina contra o HPV pode ser encontrada em todas as UBSs que ofertam os imunizantes do calendário de rotina.

Para incentivar a vacinação, desde o ano passado o Ministério igualou as duas faixas etárias. Até setembro, os meninos precisavam completar 11 anos para iniciar o ciclo vacinal. “Isso ajudou bastante a alcançar a cobertura vacinal, e a Secretaria de Saúde vem traçando várias estratégias também”, revela a gerente.

De acordo com a secretaria, considerando toda a população do DF, apenas a vacina BCG alcançou a cobertura preconizada pelo Ministério da Saúde, de 90%. As demais estão abaixo, deixando pessoas em risco, principalmente crianças e adolescentes. “Hoje, a falsa sensação de que as doenças não existem mais faz com que as pessoas achem que não há mais a necessidade de se tomar as vacinas. Desta maneira, doenças antes controladas voltam a ocorrer na população, como o caso de sarampo”, alertou a pasta.

Na última semana, Beatriz Correa Lima, de 9 anos, foi com a mãe até um dos postos da cidade de Planaltina DF para tomar a vacina contra o HPV. Como conta a criança, ela se assustou ao ver a agulha, mas o alívio foi imediato quando viu que não doeu nada. “Nem doeu tanto como eu pensei”, disse, aliviada após receber o imunizante.

Andréa Lima, mãe da pequena Beatriz, relata que aproveitou o período de férias para vacinar a filha. “Aproveitar que estamos com tempo sobrando para fazer tudo que precisa ser feito, né?”, disse a servidora pública.

Pelo diagnóstico da Organização Mundial da Saúde (OMS), a vacinação é uma das melhores ações custo-efetivas na saúde pública. No país, a população tem acesso gratuito a mais de 20 imunizantes, organizados em um calendário de vacinação para todos os ciclos de vida.

O papilomavírus humano (HPV, na sigla em inglês) pode ser detectado por meio de exames clínicos regulares, que incluem observação da presença das verrugas e exames de rastreamento, como o Papanicolau.

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