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Brasília

Torcedores reunidos em restaurante argentino comemoram título

Cerca de 280 torcedores se reuniram em estabelecimento na 403 Norte para dar sorte à Argentina contra a França

Vítor Mendonça

18/12/2022 16h31

Foto: Vítor Mendonça/Jornal de Brasília

Apesar da rivalidade entre brasileiros e argentinos, a nova seleção campeã do mundo incentivou muita festa e comemoração em Brasília na tarde deste domingo (18). No restaurante argentino Caminito, na 403 Norte, cerca de 280 torcedores se reuniram para assistir ao jogo da final da Copa do Mundo no Catar, entre Argentina e França.

Durante a acirrada disputa, os torcedores bradaram e se preocuparam com o desempenho das duas equipes finalistas. Com a vitória nos pênaltis da vizinha Argentina, a emoção tomou conta do local. Ensaiados, cantaram músicas que motivam a seleção alviceleste, aplaudiram e gritaram pelo nome de Messi, que finalmente lhes trouxe a Copa, como diz uma das canções.

Romildo Coutinho, 53 anos, foi um dos que foi ao local para assistir à final da Copa. Com duas bandeiras do país, uma esticada na mesa e outra nos ombros, ele viu a partida com a filha, o genro e o sobrinho. Ele também levou duas cornetas pequenas para fazer ainda mais barulho pela seleção argentina.

“Argentina sempre, desde os 16 anos”, afirmou o torcedor. A paixão pela equipe azul celeste se deu, segundo ele, “pela garra e pelo sangue no olho que a seleção tem”. “Não torço contra o Brasil, mas sou torcedor mesmo da Argentina. Tinha fé que seríamos campeões”, continuou. Até o fim do primeiro tempo regular da partida, o palpite inicial era de 3×0 para os sul-americanos, tanto dele quanto do sobrinho, Roni Peterson, 31, que o acompanhou na paixão pelo país vizinho.

De acordo com Roni, esse é o título que tanto esperava ver, uma vez que, no bicampeonato da Argentina, em 1986, ainda nem era nascido. “A paixão é de família, tenho tatuagem e tudo. Está no sangue”, disse. Entretanto, apenas no sangue do tio e dele, uma vez que o restante da família não os acompanham na torcida. Eles são os únicos que mantêm a preferência pelo rival brasileiro.

“A família respeita. Não gostam, mas respeitam. Assim como nós também respeitamos quem torce pelo Brasil”, disse. “Estava confiante 100% desde o início. [Contra a Arábia Saudita] no início foi uma zebra, um caso isolado. […] O jogo de hoje foi um sufoco, mas foi. Muita emoção, o Messi merecia muito mesmo.” Eles saíram do local após a cerimônia de premiação, mas garantiram que continuariam a comemorar em casa.

Para Rafael Chervenski, 32, a emoção tem significado ainda anterior. Descendente de avô argentino, o servidor público tem uma conexão com o país vizinho desde o berço, crescendo com a tradição argentina viva dentro de casa. Ao fim do jogo, fez questão de falar primeiro com a avó, brasileira que também estava muito emocionada pelo título. O avô faleceu durante a Copa de 2010 sonhando em ver a Argentina erguer a taça novamente.

“Inacreditável. Já falei com familiares e todos os meus amigos argentinos, está uma loucura. Quando eu nasci, a Argentina tinha acabado de ser campeã mundial [na Copa anterior], então foi a vida inteira aguentando meus amigos brasileiros, e eu também sou brasileiro, mas percebi que a chave virou quando ganhamos a Copa América [ano passado, sobre o Brasil por 1×0]. Ali a história começou a mudar, e está aí o resultado”, afirmou.

Segundo ele, Messi coroou a carreira com a taça de campeão da Copa do Mundo, assim como Di Maria, uma vez que ambos se aposentam da competição mundial neste ano. “A história começou a ser escrita de novo. A América tem um novo campeão do mundo – e que fique por aqui na próxima copa, sendo Argentina ou Brasil, que a próxima taça venha para cá de novo”, disse.

“O estilo de jogo da Argentina me atrai muito, e, brincando entre amigos argentinos, dizemos que o time jogava tango e agora está jogando Cúmbia [estilo de dança latina]”, disse. Essa é uma referência aos estilos de jogo mais tradicional, sendo o tango, e a outro com mais leveza e descontração, sendo a Cúmbia. “O Messi jogou Cúmbia hoje, como Maradona gostava e como queria que ele jogasse. Teve uma mudança e ele demonstrou que essa é a Copa dele”, afirmou.

Ao contrário da opinião da mesa em que sentou com a família, em que todos estavam torcendo pela Argentina, Renato de Aragão, 26, estava torcendo pela França com a camiseta da equipe europeia, que, sendo a última campeã, também batalhava pelo tricampeonato. “Jogo digno de final de Copa do Mundo. Foi bem emocionante ver as duas equipes fazendo esse jogão, mas estava torcendo para los hermanos se lascarem”, brincou.

“Tô jogando fora de casa, mas tudo bem, tudo certo. A Copa do Mundo é uma celebração. O Brasil infelizmente não está”, disse. Ele quis que o jogo fosse para os pênaltis, mas não esperava que a Argentina fosse a vencedora da disputa. Ele levou a derrota na esportividade e aproveitou o clima de festa da família.

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