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Brasília

Time de eSports brasileiro RED Canids presta homenagem a torcedora Ana Beatriz, vítima de chacina no DF

Ana Beatriz Marques de Oliveira, de 19 anos, está entre as 10 vítimas da mesma família que foi alvo de chacina

Redação Jornal de Brasília

25/01/2023 20h37

Marcos Nailton
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A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) identificou o corpo de Ana Beatriz Marques de Oliveira, de 19 anos, nesta quarta-feira (25). Ela é a última vítima desaparecida no caso da chacina no DF. A jovem, conhecida como “Nana” pela comunidade de esportes eletrônicos, era torcedora da equipe RED Canids e conhecida no cenário do jogo League of Legends. 

O corpo de Ana Beatriz foi identificado por meio de DNA, encontrado em uma fossa séptica em Planaltina. Junto da jovem, estavam outros dois corpos, o de sua mãe, Cláudia Regina Marques de Oliveira, e o de Thiago Gabriel Belchior, meio-irmão de Nana e marido da cabeleireira Elizamar da Silva, que também foi morta junto com seus três filhos. O pai da jovem também foi vítima do crime, Marcos Antônio foi encontrado na última quarta-feira (18), em uma residência no Arapoanga.

Nas redes sociais, a comunidade de pessoas que jogam League of Legends prestaram homenagens a Ana Beatriz. O proprietário do time Red Canids, Felippe Corradini, publicou que entrou em contato com a desenvolvedora do jogo (Riot Games) para homenagear a jovem no próximo sábado (28), durante a transmissão do Campeonato Brasileiro de League of Legends (CBLoL), transmitido ao vivo em plataformas digitais e também nos canais Sportv, da TV Globo.

Diversos outros times do cenário de eSports brasileiro e jogadores também prestaram homenagens a Nana e as pessoas da família que foram brutalmente assassinadas. “Cheguei a conhecer a Nana pessoalmente e é realmente difícil acreditar que uma situação dessa realmente aconteceu, meus pêsames a todos familiares e amigos. Descanse em paz Nana”, disse o jogador da Red Canids, Adriano Perassoli, conhecido como “Avenger”.

O perfil do CBLoL em uma rede social, também lamentou a perda de Ana Beatriz. “O CBLOL lamenta profundamente a perda de Nana, parte da nossa comunidade e fã da RED Canids Kalunga. Estendemos nossas mais sinceras condolências aos entes queridos e nos unimos em um mesmo sentimento de força nesse momento tão difícil”, disse.

O caso

O caso da chacina no DF parece estar cada vez mais próximo de ser solucionado. Com a descoberta dos corpos, a hipótese da polícia é de que toda a família tenha sido vítima de extorsão e tudo motivado por dinheiro. Bilhetes e anotações foram encontrados, supostamente escritos por um dos suspeitos de praticar o crime. Um dos papéis atraia a cabeleireira, o marido Thiago Belchior e os três filhos para a casa dos familiares, outros, continham dados das vítimas e informações com valores em contas bancárias, além de cartões e talões de cheques.

Ao todo, 10 pessoas que desapareceram tiveram seus corpos encontrados e oficialmente identificados. O caso começou a ser investigado na última quinta-feira (12). Elizamar da Silva e seus três filhos, os gêmeos Rafael e Rafaela da Silva, 6 anos, e Gabriel da Silva, 7 anos, desapareceram após sair do salão de beleza dela, na 307 Norte e passar no condomínio da sogra no Itapoã para buscar o marido. Os corpos deles foram encontrados carbonizados dentro do carro da cabeleireira, em Cristalina (GO).

Já no domingo (15), a família comunicou o desaparecimento de mais quatro pessoas. Thiago Belchior, 30 anos, marido de Elizamar; Marcos Antônio, 54 anos, sogro; Renata Belchior, 52 anos, sogra; e Gabriela Belchior, 25 anos, cunhada da cabeleireira.

Os corpos de Renata e Gabriela foram encontrados carbonizados dentro do carro de Marcos, 

em 14 de janeiro, próximo a Unaí (MG). Eles foram identificados após exame do IML de Belo Horizonte (MG). 

A ex-mulher de Marcos Antônio, Cláudia Regina Marques de Oliveira e a filha deles, Ana Beatriz Marques de Oliveira, também foram dadas como desaparecidas logo em seguida. Familiares registraram um boletim de ocorrência na terça-feira (17). Segundo o registro, mãe e filha teriam sumido no dia 13 de janeiro.

Prisão de suspeitos

O quarto suspeito de envolvimento na chacina, Carlomam dos Santos Nogueira, 26 anos, se entregou à polícia na tarde desta quarta-feira (25). Ele estava foragido e se apresentou na 30ª DP, em São Sebastião, e em seguida, foi levado à 6ª DP, no Paranoá. 

Ao se entregar, o homem informou aos policiais que “não matou ninguém”. As investigações apontam que Carlomam pertence à maior organização criminosa do país, o Primeiro Comando da Capital (PCC), e acumula diversos outros antecedentes criminais. O homem conhecia as vítimas e pelo menos um dos outros suspeitos. Em um vídeo, é possível ver ele comemorando com Fabrício Canhedo, um dos três homens que já estavam presos.

Outros dois suspeitos foram presos na noite de terça-feira (24), um adolescente de 17 anos foi detido por suspeita de participação no assassinato. Em depoimento informal, ele confessou à Polícia Militar do DF (PMDF) que recebeu R$ 2 mil de outros suspeitos “para ajudar os outros comparsas a praticar o crime”. Ele também disse que esteve no cativeiro onde as vítimas estavam.

Ontem o jovem foi liberado após prestar depoimento, ele estava acompanhado de um responsável. Segundo a PCDF, a liberação se deu pois ele não foi pego em flagrante e não havia mandado de apreensão aberto em seu nome. 

A Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA) representou com base no artigo 174 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, a internação provisória do adolescente enquanto o caso é apurado, a medida seria para assegurar a integridade física dele tendo em vista a gravidade social dos fatos. Um adulto também foi conduzido a delegacia por estar junto com o jovem, mas foi liberado pois não houve indícios de que ele esteja envolvido na chacina.

Os outros presos são Gideon Batista de Menezes, 55 anos, Horácio Carlos Ferreira Barbosa, 49 anos, ambos trabalhavam para Marcos Antônio, sogro de Elizamar. E Fabrício Silva Canhedo, de 34 anos, era responsável por vigiar Gabriela e Renata em cativeiro. A hipótese de que há outros envolvidos em chacina ainda não foi descartada pelos investigadores.

Ameaças de morte

À imprensa, o advogado que representa a família vítima da chacina, João Darc’s, informou que o inquérito policial deve ser concluído nesta quinta-feira (26) pois a PCDF possui elementos suficientes para relatar e remeter à Justiça. Ele disse que a família da cabeleireira vem sofrendo ameaças via mensagens de WhatsApp, segundo João, os familiares estão com medo de uma nova chacina acontecer.

“Os familiares começaram a receber as ameaças por mensagens quatro horas antes do corpo de Thiago ser encontrado. Não vou dizer o teor dessas mensagens para não comprometer as investigações”, disse. 

João ainda disse que compareceria ao batalhão da Polícia Militar de Goiás para pedir auxílio e proteção para garantir a segurança da família. “São pessoas humildes, de poucos recursos”, afirmou.

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