Raphaella Sconetto
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Dor no corpo, febre, nariz escorrendo, tosse. Parece gripe, não é mesmo? Mas, é preciso ficar atento aos sinais que o corpo mostra, pois pode ser o vírus H1N1 – conhecido como gripe suína ou Influenza A. Nos últimos dias, ao menos oito casos foram confirmados em três escolas no DF – em Taguatinga, Ceilândia e Águas Claras. Preocupados, alguns pais preferem deixar os filhos em casa. Especialista, porém, afirma que não há motivo para pânico.
Um dos casos mais recentes foi em Taguatinga, onde três alunos do Colégio Ideal contraíram a doença. Por conta da confirmação, a escola suspendeu as aulas por três dias, desde ontem, na unidade do Jardim I ao sexto ano do ensino fundamental.
“Os pais e os responsáveis pelos alunos dessa unidade foram comunicados pela direção e apoiaram a decisão que prioriza a saúde das crianças”, informa a escola, que garantiu a reposição das aulas suspensas.
Medidas
Em nota, o Ideal disse que, desde o início do ano, tem tomado medidas para a prevenção ao H1N1, incluindo uma parceria com um laboratório para a vacinação dos alunos. A imunização aconteceu em maio. “Pais, professores e colaboradores também foram orientados e envolvidos nas ações de prevenção”, explica a nota.
Ontem de manhã, os pais de alunos da Escola Arara Azul, de Águas Claras, foram surpreendidos com um e-mail informando que dois casos haviam sido confirmados na turma do Infantil V, onde estudam crianças de cinco e seis anos. A mensagem pedia aos pais dos alunos que apresentavam os sintomas para informarem se havia sido ou não confirmado o vírus.
Assustada, uma mãe, que não quis se identificar, não levou o filho à escola ontem. “Não só eu, mas todos pais estão apreensivos”, conta. “Estamos preocupados e esperamos que a escola tome as medidas corretas para não virar epidemia.” Ela disse que, enquanto não estiver certa e que está tudo sob controle, o filho ficará em casa.
A mulher, de 38 anos, suspeita que haja mais três casos confirmados. “No grupo dos pais, informaram que cinco crianças estavam gripadas. Três estavam no hospital, sendo que dois estavam internados. Fica a preocupação. Desde o início, a escola poderia ter avisado que havia suspeita. Hoje [ontem] mesmo levei meu filho ao hospital, porque ele estava gripado, mas o médico disse que não era nada.”
Precaução
Em nota, a assessoria da Arara Azul confirmou que os dois casos de alunos infectados são da mesma turma. Mesmo sob a recomendação de manter o funcionamento normal, o colégio argumenta que preferiu suspender as aulas hoje e amanhã, para procedimentos de desinfecção. Além disso, outras medidas também serão tomadas. “A escola vai utilizar um sistema de higienização e purificação do ar. O equipamento retém as partículas em suspensão, como fungos, bactérias e vírus, e equilibra a umidade relativa do ar”, indica.
“Ressaltamos que o nosso objetivo é manter o zelo pelo bem-estar das crianças e evitar a possível propagação do vírus na comunidade escolar. A manutenção do nosso protocolo de higienização é rígida e pretendemos auxiliar as famílias com comunicados e palestras que auxiliem nos procedimentos preventivos”, finaliza a nota.
Infectologista procura tranquilizar
Na semana passada, o primeiro caso confirmado foi no Sesc de Ceilândia, que registrou três crianças com o vírus H1N1. Uma das mães questiona o dado. “A escola convocou uma reunião e, durante o encontro, uma outra mãe disse que um colega do filho havia confirmado H1N1 duas semanas atrás”, aponta a mulher, que pediu para não ser identificada.
Assim como nas outras instituições, o Sesc de Ceilândia optou por suspender as aulas das turmas de educação infantil até amanhã.
O infectologista Leandro Machado diz que não há motivo para pânico. “A infecção pelo H1N1 não necessariamente é grave”, assegura. “Alguns pacientes têm a infecção, mas apresentam um quadro muito ameno e só depois que confirma que era por esse vírus no exame.” No entanto, adverte, há alguns grupos que podem apresentar sintomas mais fortes. “Crianças, idosos, gestantes e pacientes com doenças crônicas, como cardiopatias; e casos da oncologia, que costuma ser mais grave devido à resposta do paciente”, enumera o profissional.
Machado ensina que a prevenção é simples: vacina e higienização das mãos. “Não tem indicação de isolar escola, porque já entraram em contato. Agora é observar clinicamente as crianças. Se alguém apresentar quadro gripal, é só encaminhar ao médico, que será medicado corretamente”, finaliza.
Versão Oficial
A Secretaria de Saúde esclarece que não existe uma epidemia de Influenza A H1N1 no Distrito Federal. A Subsecretaria de Vigilância à Saúde informa que, até o momento, não foi notificada sobre a ocorrência de Influenza A H1N1 em escolas de Ceilândia, Taguatinga ou Águas Claras. Equipes de vigilância estão em campo investigando e aguardando resultados.
PREVENÇÃO
Para redução do risco de adquirir ou transmitir doenças respiratórias, especialmente as de grande infectividade, como vírus Influenza, aconselham-se medidas gerais de prevenção, tais como:
Frequente higienização das mãos, principalmente antes de consumir algum alimento;
Utilizar lenço descartável para higiene nasal;
Cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir;
Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca;
Higienizar as mãos após tossir ou espirrar;
Não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas;
Manter os ambientes bem ventilados;
Evitar contato próximo a pessoas que apresentem sinais ou sintomas de influenza;
Evitar sair de casa em período de transmissão da doença;
Evitar aglomerações e ambientes fechados (procurar manter os ambientes ventilados);
Adotar hábitos saudáveis, como alimentação balanceada e ingestão de líquidos;
Orientar o afastamento temporário (trabalho, escola etc.) até 24 horas após cessar a febre;
Indivíduos que apresentem sintomas de gripe devem procurar atendimento médico.