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Brasília

Servidora que teve conta hackeada está sendo chantageada

Criminosos pediram um PIX no valor de R$ 500 para devolver a conta da servidora. O perfil está sendo utilizado para aplicar golpes, uma aluna teve um prejuízo de cerca de R$1800.

Redação Jornal de Brasília

04/06/2022 5h00

Foto: Reprodução

Por Tereza Neuberger
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O ambiente virtual em que estamos cada vez mais inseridos e que tanto nos aproxima, acabou se tornando motivo de grande dor de cabeça para a professora, Priscilla Barrense, 39 anos. Os problemas começaram quando a professora viu sua conta na plataforma Instagram ser hackeada.

Os sequestradores do perfil de usuário da servidora se aproveitaram da confiança mantida por ela com seus próprios contatos para aplicar golpes. Cerca de sete seguidores caíram no golpe de acordo com uma das alunas de Priscilla, que também foi uma vítima.

No último sábado, dia 28 de maio, uma das pessoas presentes na lista de contatos da professora entrou em contato com ela, através do próprio Instagram, e a convidou para participar de um suposto grupo de beleza. Sem desconfiar de nada, pois acreditou se tratar de alguém conhecido, Priscilla aceitou o convite. Em seguida, a suposta conhecida entrou em contato por telefone e solicitou à Priscilla que enviasse um “print” da página de mensagens para confirmar sua entrada no suposto grupo. A servidora enviou o “print” sem notar que na página de mensagens havia um código para redefinição de senha do Instagram, e logo em seguida perdeu o acesso a sua conta na plataforma. “No que eu enviei o print, eu não consegui mais acessar a conta”, afirmou a Professora.

Após o sequestro da conta, os criminosos começaram a anunciar produtos à venda em seu usuário, se passando por Priscilla. “Eles acessaram até os meus parentes”, ressaltou a servidora, que acrescentou ainda que o próprio irmão quase caiu no golpe. A grande preocupação de Priscilla é que, por ser professora, tem grande credibilidade entre alunos que a seguem, inclusive uma de suas alunas acabou tendo um grande prejuízo ao cair no golpe. A escola na qual Priscilla leciona emitiu um comunicado para alertar os alunos.

“Estou preocupada com a minha conta porque lá tem as fotos das minhas filhas, fotos de família, da minha vida pessoal.” diz a servidora, que na tentativa de reaver a conta foi ao Procon, ao juizado de pequenas causas do Fórum do Guará, à Defensoria Pública, além de acionar a plataforma Instagram. Um boletim de ocorrência também foi registrado na 4ª Delegacia de Polícia.

O Jornal de Brasília entrou em contato com a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), e foi informado que após o registro na unidade policial, o caso já começa a ser investigado.

Após seis dias sem soluções, nesta sexta-feira (03) a professora utilizou outra conta na plataforma para tentar contato com os sequestradores do seu usuário e foi chantageada. “Acessei outra conta pra entrar em contato eles me pediram um Pix no valor de 500 reais para devolver a minha conta conta“, explicou.

A conta segue ativada em posse de criminosos. De acordo com a servidora ela recebeu diversas ligações de conhecidos perguntando se ela de fato estava vendendo eletrodomésticos em seu Instagram.

Uma das alunas de Priscilla, Gisele Santos, de 19 anos, viu os produtos anunciados no perfil do Instagram da professora e acabou caindo no golpe.Os produtos anunciados eram eletrodomésticos entre geladeira, sofá, microondas, fritadeira elétrica, fogão, lava e seca. Tudo em excelente estado e com valor um tanto abaixo do mercado. De acordo com as publicações a professora estaria vendendo para ajudar uma amiga que havia acabado de se separar.

“Eu não suspeitei de nada porque a professora sempre falou com educação e quem estava se passando por ela também respondeu com educação”. Conta a aluna que teve um prejuízo de cerca de R$1800 reais, ao tentar adquirir uma geladeira, um microondas e uma TV. De acordo com a jovem que afirma não ter desconfiado de nada, os golpistas enviaram uma chave PIX aleatória e uma outra chave PIX de e-mail, ambas em nome de uma mulher, para que a compra fosse segurada. “Meus pais são daquele jeito, a gente só faz uma coisa se for de confiança, a gente está construindo nossa casa e a gente queria mobiliar ”, explicou Gisele, que acreditou realmente ser um anúncio da professora e ao se dar conta de que não receberia os produtos adquiridos entrou em contato com Priscilla e só então, foi informada que a conta da servidora havia sido hackeada. A jovem registrou um boletim de ocorrência e ao tentar confrontar os criminosos foi bloqueada.

Até o fechamento desta matéria a conta da servidora estava ativa na plataforma. No perfil é possível encontrar publicações através do formato “ Story” com a promessa de que os usuários que fizessem um PIX de qualquer valor para determinada conta receberiam de volta o dobro do valor transferido.

Tive minha conta sequestrada por um hacker, o que fazer?

Em 27 de maio de 2021 foi sancionada a Lei 14155, que tornou mais grave os crimes de violação a dispositivo informático, furto e estelionato cometidos de forma eletrônica ou pela internet. A pena para quem pratica o crime de estelionato mediante fraude eletrônica é de 4 a 8 anos de reclusão podendo ser aumentada.

De acordo com a presidente da Comissão de Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), Subseção de Águas Claras, as vítimas desse tipo de caso devem primeiramente registrar uma ocorrência na Delegacia da Polícia Civil do DF presencialmente ou de forma online. É importante mencionar que a PCDF dispõe de uma delegacia especializada contra crimes cibernéticos (Delegacia Especial de Repressão aos Crimes Cibernéticos – DRCC) como também por meio de seu advogado solicite que o Delegado de Polícia Oficie a Empresa Facebook (que é responsável pelo instagram) do hackeamento, para que esse envie o link de recuperação para o Delegado.

A plataforma Instagram também prevê mecanismos internos para denunciar uma conta hackeada. Caso haja demora da plataforma em localizar a identidade do hacker e inibir a ilegalidade com atitudes cabíveis, a presidente da Comissão orienta ainda que a vítima possa entrar com uma ação contra a plataforma pelos danos causados. Recentemente, o Facebook foi condenado a pagar indenização de R$ 3.000,00 (três mil reais) para uma usuária do Instagram que teve sua conta hackeada. Um dos argumento da juíza foi que houve falha na prestação do serviço.

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