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Brasília

Sem o Censo 2021, o DF realizará sua própria pesquisa

Estão sendo contratados bolsistas treinados pela Codeplan para atualizar os dados existentes e fazer progressões da população

Catarina Lima

28/04/2021 6h34

O presidente da Codeplan, Jean Lima durante entrevista. Foto: Renato Alves/ Agência Brasília

O anúncio da não realização do Censo 2021, pelo IBGE, deixará estados e municípios sem parâmetros de comparação entre si das políticas públicas desenvolvidas, e será difícil para o governo federal distribuir os recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), que tem como base para a divisão do montante, a quantidade de moradores de cada cidade brasileira.

O presidente da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), Jean Lima, considera o censo insubstituível, pois é um instrumento que faz uma radiografia, por meio de dados, da população do Brasil. Mas na falta de deste importante documento nacional, o DF vai criar mecanismos para conhecer o brasiliense e elaborar as suas políticas. Para isso, estão sendo contratados bolsistas treinados pela Codeplan para atualizar os dados existentes e fazer progressões da população da capital e de suas 33 regiões administrativas até o ano de 2025. Também será realizada a partir deste mês, a Pesquisa de Distribuição Amostra de Domicílios (PDAD).

Para o DF, qual será a perda da não realização do censo de 2021?

O censo é insubstituível. Com ele é possível saber como está a mobilidade social, a educação, o acesso à saúde e ao trabalho. Embora não seja possível substituir o censo, no DF temos a Pesquisa de Emprego (PED) que serve para monitoramento do trabalho. Para que o DF tenha seus próprios dados, no dia 03 de maio terá início a Pesquisa de Distribuição de Amostra de Domicílios (PDAD). 40 mil domicílios das 33 regiões administrativas serão visitados. Os 150 pesquisadores já foram treinados. A pesquisa terá duração de quatro meses. Terminará em setembro. No mês de novembro divulgaremos os dados. O DF é a única unidade da federação a fazer um trabalho desse tipo neste momento em que não temos o censo.

As medidas sanitárias serão observadas?

Sim. Os pesquisadores usarão máscaras, álcool em gel e não será necessário entrar na casa das pessoas, embora o questionário seja composto de 250 perguntas.

Que dados a Codeplan não disporá em função do Censo de 2021 ter sido cancelado?

A projeção populacional vem do censo, não teremos este dado. Esta projeção serve, por exemplo, para organizar campanhas de vacinação, saber quantas pessoas serão vacinadas. O censo também serve para que se estabeleça parâmetros com outros estados. Se um estado tem menor ou maior evasão escolar, podemos fazer uma comparação e, se for preciso, realizar uma correção nas políticas de educação. O mesmo acontece com emprego e desemprego, por exemplo.

Os recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) são divididos de acordo com o número de moradores definido pelo censo do IBGE. Como deverá ser o feito o repasse daqui para a frente?

A repartição do Fundo deverá acontecer com base no ajuste do número de habitantes, que aconteceu em 2018 pelo governo federal. O DF, por exemplo, para ter uma progressão da população até 2025 está contratando bolsistas treinados pela Codeplan. O IBGE terá que rever sua metodologia para ter os dados necessários para a distribuição dos recursos do Fundo.

Brasil*

O novo presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Eduardo Rios Neto, disse em entrevista publicada nesta terça-feira, 27, no site da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que a realização do Censo Demográfico em 2022 depende “das circunstâncias sanitárias e orçamentárias”, mas ele ressaltou que lutará pela recomposição de recursos para o levantamento. A nomeação de Rios Neto foi publicada nesta terça-feira no Diário Oficial da União, quase duas semanas após o órgão ter anunciado sua indicação pelo Ministério da Economia para assumir a presidência.

“Pretendo dar continuidade ao trabalho da minha antecessora, Susana Cordeiro Guerra. Meu maior desafio é realizar o Censo Demográfico com qualidade e boa cobertura, agora sabendo que será, provavelmente, em 2022, a depender das circunstâncias sanitárias e orçamentárias. Vamos lutar pela integralidade do orçamento para o Censo 2022 e para mitigar as perdas operacionais em 2021”, declarou Rios Neto ao site da UFMG.

Na entrevista, o novo presidente também menciona como desafios a modernização de atividades do IBGE, uso de registros administrativos, adoção de novas tecnologias para analisar grandes bases de dados e aplicações de inteligência artificial.

Realizado a cada dez anos, o Censo Demográfico deveria ter ido a campo em 2020, mas foi adiado para 2021 em função da pandemia do novo coronavírus. O IBGE terá de cancelar pelo segundo ano consecutivo o concurso público aberto para preencher as mais de 200 mil vagas temporárias de recenseados e agentes censitários que trabalhariam no levantamento.

Brasil* via Estadão Conteúdo

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