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Brasília

Saúde volta a fazer cirurgias de retina em doenças graves

As cirurgias estavam suspensas há cinco anos, fazendo com que os pacientes tivessem que procurar os hospitais da rede particular credenciados

Redação Jornal de Brasília

14/06/2023 16h29

Foto: Davidyson Damasceno/Ascom IgesDF

“Estou bastante feliz, escutei os profissionais de Centro Cirúrgico comentando que a cirurgia foi um sucesso, muito boa!”, comemorou na manhã desta terça-feira (13) Cláudia Bandeira, esposa do comerciante maranhense Antônio Bandeira, 43 anos, que mora em Santa Maria.

A comemoração da companheira do paciente marcou a retomada das cirurgias de vitrectomia, realizadas em patologias graves da visão. Esse tipo de procedimento estava suspenso há cerca de cinco anos, período pelo qual os pacientes tiveram de ser encaminhados às unidades da rede particular credenciada.

No caso de Antônio, o pesadelo começou em 1999, três anos após passar a residir no DF, quando um acidente com uma tampa acertou o olho esquerdo dele, levando ao descolamento da retina, um fino revestimento de tecido semelhante a um filme, responsável pela captura de imagem. Tem a função de comunicar o olho ao cérebro ou, em essência, permitir que o cérebro entenda o que é visto.

Desde então, o empreendedor de comércio da construção civil tem recebido tratamento inteiramente gratuito no Hospital de Base. “A primeira cirurgia eu fiz no Hospital de Base há 20 anos. E depois de seis meses, fiz outra cirurgia. E agora, após 23 anos, descolou a retina de novo. No final do ano passado, eu perdi a visão do olho esquerdo”, contou o paciente antes de entrar no Centro de Cirurgia para a operação.

Como a cirurgia de vitrectomia estava suspensa, há seis meses, Bandeira fez uma cirurgia particular ao custo de R$ 15,9 mil em um hospital de Taguatinga. A visão ficou melhor, mas precisava de outra cirurgia, cujo custo estimado seria mais R$ 17 mil, segundo cálculo dele, se tivesse de fazer na rede privada, o que agora não precisou por causa do serviço gratuito prestado pelo HBDF.

“Foi ótimo o tratamento, fui muito bem atendido”, comentou, referindo-se ao tratamento, às consultas e às cirurgias realizadas ao longo de quase duas décadas e meia. A cirurgia realizada nesta terça-feira ficou a cargo do cirurgião Paulo Henrique Almeida de Barros Lordello.

Solução no HBDF

Por isso, o êxito cirúrgico foi comemorado também pela chefe de Oftalmologia do HBDF, Viviane Pereira, que é especialista em cirurgia de retina. “Agora, a gente vai conseguir resolver essas situações de pronto, sem que o paciente precise aguardar um encaminhamento para a rede conveniada”, ressaltou.

A vitrectomia é uma cirurgia oftalmológica que consiste na retirada do vítreo do globo ocular e em sua substituição por outra substância. Apesar desse procedimento servir ao tratamento de vários problemas oculares, as indicações mais frequentes são o descolamento da retina e a hemorragia vítrea.

Para entender a vitrectomia, é importante conhecer um pouco sobre o vítreo. Trata-se de uma substância transparente e gelatinosa, composta 99% de água e 1% de ácido hialurônico, que fica dentro do olho, sendo responsável por dar forma e sustentação ao globo ocular.

Devido a algumas doenças, inflamações ou traumas, pode haver alterações nesse líquido, atrapalhando a visão. Nesses casos, o oftalmologista pode indicar, então, a vitrectomia.

“Cirurgias de catarata também, às vezes, precisam de vitrectomia”, acrescentou a chefe da área no HBDF. “E a gente tem um volume grande de cirurgias de cataratas no Serviço de Oftalmologia. E, como é um serviço de ensino, às vezes, a gente tem algumas complicações que têm necessidade de vitrectomia. Então, [a retomada das cirurgias] vai facilitar também o manejo dessas situações”.

Andamento na fila

Viviane Pereira ressaltou, ainda, que o HBDF é o único hospital da rede pública do Distrito Federal que tem esse procedimento. Então, acrescentou, todos os pacientes atendidos na rede pública, com descolamento de retina e hemorragia vítrea e outras situações que necessitem de vitrectomia, voltarão a ser encaminhados para o Hospital de Base.

“Claro que a gente não vai conseguir absorver, a princípio, a demanda de todo o DF. Mas, com a retomada das cirurgias, eu acredito que a gente consiga um bom andamento na fila para que esses pacientes não sejam prejudicados pela demora grande que vinha acontecendo para a realização da cirurgia”, avaliou.

Agora, depois de se recuperar da cirurgia, o comerciante espera que os negócios se recuperem a também para voltar a ter bons lucros. “A inflação baixou, já é bom, mas o pessoal está sem dinheiro para fazer obras e reformas”, lamentou. Mas, com a visão recuperada, ele espera dias melhores no presente e no futuro.

As informações são da Agência Brasília

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