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Brasília

Rodas da Paz realiza Desafio Intermodal

Objetivo é calcular o meio de transporte mais eficiente levando em conta o tempo, o custo e a emissão de gases poluentes

Afonso Ventania

25/09/2023 14h34

Foto: Divulgação/Rodas da Paz

Levou apenas 16 minutos para o motociclista Hugo Souza percorrer os 14 quilômetros entre o Guará I e o Museu Nacional, no centro de Brasília. Ele foi um dos onze participantes da edição de 2023 do Desafio Intermodal. “Dei um pouco de sorte porque peguei a maioria dos semáforos abertos. O fluxo ajudou”, explica.

Mas não se trata de uma corrida. Quem vence, muitas vezes, não é quem chega ao destino primeiro. O Desafio Intermodal é utilizado como parâmetro para mostrar, na prática, que existem outras opções além dos veículos motorizados para se deslocar na capital. Por isso, não basta chegar em primeiro lugar. A ordem de chegada é apenas um dos elementos da fórmula complexa para avaliar a eficiência de um modal de deslocamento.

A iniciativa é realizada anualmente como parte das atividades relacionadas ao Dia Mundial sem Carro, e se propõe a avaliar a eficiência dos diversos meios de transporte disponíveis no Distrito Federal. O objetivo é estimular a discussão sobre a importância da implementação de políticas públicas sobre mobilidade ativa na capital federal.

Todos os participantes largaram pontualmente, às 7h30, da quadra 7 do Guará I, nesta segunda-feira (25), e tinham como destino o Museu Nacional. Cada qual escolheu um meio de transporte para cumprir o percurso. A rota até o destino é livre. A única regra é respeitar todas as leis de trânsito.

Para a coordenadora da ONG Rodas da Paz, Ana Carboni, o evento foi um sucesso e a participação em diferentes modais foi importante para uma avaliação mais precisa da eficiência dos meios de transporte do DF. “Depois que os dados forem avaliados pretendemos fazer uma incidência política junto ao Executivo. Com esses números, será possível mudar o paradigma do carro em Brasília e estimular o transporte mais sustentável”, conta.

O educador físico Raphael Dornelles escolheu o ônibus e levou 51 minutos desde a espera do coletivo até a chegada no Museu Nacional. Cicloativista, ele foi o sétimo a chegar no destino combinado. Como usuário frequente da bicicleta, esse ano, ele decidiu mudar o modal e se surpreendeu positivamente. “Apesar de o ônibus ter demorado um pouco para chegar no ponto, ele estava vazio e, para a minha surpresa, pegamos um engarrafamento leve em pleno horário de pico. Os motoristas só podiam respeitar mais os passageiros e evitar freadas bruscas”.

Segundo a avaliação dele, existe o estigma de que o transporte público é muito ruim no Distrito Federal. “Em grande parte das linhas, o sistema de ônibus não é tão ruim, sobretudo no Plano Piloto. Seria necessário, no entanto, investir mais em linhas da periferia. Por essa razão, muitos moradores do Plano Piloto poderiam trocar o carro pelo transporte público. Mas ainda existe a percepção equivocada que ônibus é para pobre”, acrescenta.

Na edição de 2023, pela primeira vez, alguém participou usando monociclo elétrico. O servidor público João Paulo de Andrade Júnior, 54 anos, já percorreu 12 mil quilômetros de monociclo, em pouco mais de 45 cidades no período de dois anos e meio. “Foi uma experiência muito bacana. Minha estratégia foi usar ao máximo as ciclovias disponíveis, mas também acabei precisando dividir o espaço com os carros eventualmente”, diz JP, como é conhecido, o terceiro a chegar no destino, depois de percorrer os 14 quilômetros em 24 minutos.

A última a chegar no Museu Nacional foi Joyce Ibiapina. Ela caminhou desde o Guará I e usou uma rota dentro do Parque da Cidade. Cicloativista, ela também preferiu ter outra experiência na edição deste ano. O tempo que ela gastou foi de 2h55. O calor intenso e a baixa umidade foram as principais dificuldades enfrentadas pela pedestre.

Ranking

Na chegada, a distância percorrida e o tempo de deslocamento do participante foram registrados por voluntários. Esses dados serão incluídos na fórmula que também leva em consideração preços de passagem e do combustível, entre outros. Os parâmetros recebem notas ou índices comparativos e, assim, será possível calcular a média de cada modal de transporte. Depois de contabilizados, as estatísticas serão consolidadas em um ranking.

Geralmente, no ranking final, os modos a pé e bicicleta costumam ser considerados os vencedores, por somar notas maiores. Os motorizados individuais (moto e carro), são normalmente menos bem avaliados, justamente pelo alto custo e emissões de poluentes.

De acordo com coordenadora de Comunicação da Rodas da Paz, Ana Júlia Pinheiro, o ranking final será disponibilizado em até dez dias.

Confira a ordem de chegada do Desafio Intermodal:

Moto – 16 minutos

Carro – 22 minutos

Monociclo elétrico – 24 minutos

Transporte por app – 27 minutos

Bike + ônibus – 46 minutos

Ônibus – 51 minutos

Bike + metrô – 54 minutos

Bike fixa – 54 minutos

Bike pela ciclovia – 54 minutos

Bike + ciclovia + pista – 57 minutos

Pedestre – 2h55

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