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Brasília

Restaurantes comunitários tem horário ampliado

Todas as unidades passam a funcionar nos domingos e feriados até as 20h, e de forma gradual começam a distribuir jantar por R$0,50

Elisa Costa

26/06/2023 18h51

Foto: Agência Brasília

A partir dessa segunda-feira (26) os restaurantes comunitários do DF passam a funcionar de segunda-feira a domingo, inclusive feriados, das 6h às 20h, com a oferta de café da manhã, almoço e jantar. O cronograma foi ampliado por um decreto publicado na semana passada, no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF), que visa, principalmente, aumentar o atendimento à população em situação de vulnerabilidade social. Existem 14 restaurantes comunitários no DF – sob os cuidados da Subsecretaria de Segurança Alimentar e Nutricional – e que, anteriormente, não funcionavam no domingo e em feriados, não ofereciam jantar e ficavam abertas apenas das 7h às 14h.

As unidades ficam em Brazlândia, Ceilândia, Estrutural, Gama, Itapoã, Paranoá, Planaltina, Recanto das Emas, Riacho Fundo, Samambaia, Santa Maria, São Sebastião, Sobradinho e Sol Nascente. O café da manhã custa R$0,50 e o almoço custa R$1. Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes), o jantar também vai custar R$0,50. Para a população de rua que é assistida pelo grupo de abordagem social da pasta, as refeições são gratuitas. Cada dia da semana tem um cardápio específico, que abrange proteínas, guarnições, acompanhamentos, sobremesas e bebidas.

Ao lado de um colega de trabalho, José Mauro Feitosa, 45, almoçava na unidade de Ceilândia, por volta das 12h30 de ontem, e contou ao Jornal de Brasília que o local já é uma parada obrigatória no dia a dia dele. Pai de 2 filhas pequenas, José almoça no restaurante quase todos os dias e depois segue caminho para o trabalho, longe dali e da sua casa. “Perto de onde trabalho não tem uma comida barata e acessível assim, então posso dizer que me ajuda muito”, afirmou. Quando perguntado sobre a oferta de jantar, ele comemorou: “Acho ótimo, pois eu volto para casa no fim da tarde e sempre com muita fome”.

Próxima dele, estava Joana Moreira, 37, que vende doces pela região: “Com o dinheiro das vendas, que não é muito, eu consigo comer e fico muito feliz por não precisar pagar caro por isso”. Ela contou que o jantar dela é sempre em casa, com o marido, mas entende que a refeição será essencial para as famílias que não tem condições de arcar com a comida do fim do dia. “Conheço mulheres que trabalham todos os dias aqui perto do restaurante, e muitas delas não tem como comprar alimentos no mercado para cozinhar. É muito caro. Com o jantar nos restaurantes elas podem ter esse conforto”.

Em entrevista ao Jornal de Brasília, a nutricionista clínica Iara Lemos, contou que o serviço é de extrema importância. Quando ainda era estagiária, a profissional vivenciou a rotina de um dos restaurantes, quando integrou a equipe da unidade de Sobradinho. “Os restaurantes comunitários são um grande auxílio na saúde pública porque é, de fato, ofertado alimento de qualidade, minimamente diversificado e por um preço muito baixo, que não paga os custos da produção. Enquanto estive na unidade pude perceber que para alguns, aquelas refeições seriam as únicas no dia”, detalhou.

Segundo a nutricionista, a alimentação é algo individualizado, que pode variar de acordo com o círculo social, idade, condição de saúde, e outros aspectos, contudo, a construção de um cardápio para os restaurantes deve considerar sempre os componentes para uma refeição completa. “Consideramos uma refeição completa aquela que contém proteína, lipídio e carboidratos, além dos micronutrientes, como minerais e vitaminas, sendo ele vegetal ou animal”, pontuou. De acordo com Iara, o padrão alimentar para um adulto saudável e sem condições especiais ou graves deve ser de três ou mais refeições ao dia.

“É importante que os nutrientes sejam distribuídos ao longo do dia para garantir que a pessoa os absorva corretamente e mantenha o corpo estável”, destacou a profissional. Conforme contou à reportagem, os cardápios dos restaurantes incluem diversos alimentos, entre eles a carne bovina, suína, frango, peixe, arroz branco, feijão carioca ou preto, vegetais, legumes, farofa, frutas e doces como flan, gelatina e canjica. “O cardápio costuma ser planejado com antecedência, para que no início da semana ele esteja disponível”, explicou Iara.

Questionada sobre sua experiência no restaurante, disse que ficou impressionada com a proporção do atendimento, pois ela e seus colegas atendiam cerca de 3 mil pessoas nos dias mais movimentados, com uma organização otimizada do tempo, do gás e eletricidade. “Em alguns dias todo o arroz da refeição era feito numa só panela, e para isso, é preciso garantir uma boa qualidade sanitária, de cozimento e seleção do alimento, pois caso contrário aconteceria uma contaminação para uma população muito grande. Existe um esforço muito grande em garantir uma alimentação de baixo custo porém segura”, concluiu Iara.

Vale ressaltar que nem todas as unidades vão oferecer jantar neste primeiro momento. “O jantar começa a ser servido no Restaurante Comunitário do Recanto das Emas. As unidades a serem inauguradas no segundo semestre, de Arniqueira e Pôr do Sol/Sol Nascente já iniciam as atividades ofertando as três refeições. As demais, à medida que os contratos das empresas gestoras forem terminando, já iniciam o novo contrato com a oferta da refeição”, informou a Sedes em nota ao Jornal de Brasília. A previsão é que as novas unidades estejam prontas no segundo semestre deste ano.

Os restaurantes funcionam da seguinte forma: cada unidade tem um nutricionista contratado por empresa, que cria um cardápio e define a quantidade de alimentos necessários, bem como a condução de fluxos de serviços dentro da cozinha. Além dele, também há um nutricionista do Governo do Distrito Federal (GDF) que trabalha na área de fiscalização do contrato de prestação de serviços, com o intuito de garantir a qualidade das refeições. O produto final é avaliado por ouvidorias, pesquisas de opinião e visitas da equipe técnica da Diretoria de Acompanhamento dos Equipamentos de Segurança Alimentar e Nutricional.

As unidades foram criadas a partir de um programa do GDF, instituído por meio da Lei nº 4.208, de 25 de setembro de 2008, e regulamentado através do Decreto nº 29.975, de 27 de janeiro de 2009. “Os restaurantes comunitários são equipamentos públicos de segurança alimentar e nutricional que contribuem com o acesso à alimentação adequada e saudável, oferecendo refeições a preço acessível, principalmente para a população em vulnerabilidade social”, explicou a Sedes. No DF, todos os restaurantes juntos servem aproximadamente 30 mil refeições por dia.

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