Por Tereza Neuberger
redacao@grupojbr.com
Na tentativa de expandir as operações, o dono da maior empresa de gestão e venda de cotas de embarcações do Distrito Federal, a Premier Jet, acabou se endividando e perdeu embarcações de clientes para agiotas. Rogério Fayad confessou a perda em uma reunião após os clientes começarem a dar falta das embarcações.
Um dos clientes que preferiu não se identificar falou com exclusividade ao Jornal de Brasília e disse que ao entrar em contato com um dos agiotas que estaria em posse das embarcações, o mesmo disse que só devolveria os bens mediante pagamento. A lancha foi rastreada por um dos donos no dia 05 de agosto por volta de 12h, e foi localizada parada no Condomínio Solar de Brasília em São Sebastião. Logo em seguida o rastreador foi desligado.

O advogado e ex-militar Gregory Brito, é um dos cotistas afetados com a perda das embarcações pela Premier Jet. Gregory possui uma lancha com a empresa desde 2021 e ao perceber que a lancha não estava na marina questionou o empresário. O cotista recebeu como resposta a afirmação de que a lancha estaria na pintura. A mesma desculpa foi utilizada por cerca de um mês, quando o advogado percebeu que algo estaria errado.
Gregory Brito registrou um boletim de ocorrência juntamente com outros cinco cotistas de embarcações que também desapareceram. Com medo de que o escândalo viesse à tona, o empresário não revelou inicialmente a real situação aos clientes. De acordo com a denúncia, alguns dos agiotas usam lanchonetes como negócio de fachada para a prática criminosa.
A dívida do empresário com agiotas conhecidos no Distrito Federal começou em maio do ano passado e chega a cerca de R$500 mil. “Tô devendo muita gente e penhorei”, confessou Rogério Fayad em reunião realizada para dar satisfações aos cotistas. Na ocasião, o empresário teria apresentado comprovantes de pagamento que somam cerca de R$1.500.000, porém os agiotas não aceitaram a quitação da dívida e Fayad não conseguiu continuar com os pagamentos, então as embarcações dadas como garantia foram levadas.
Ao todo sete embarcações avaliadas em cerca de R$ 4 milhões foram levadas pelos agiotas. As embarcações estavam no nome da Premier Jet e em julho de 2021 teriam sido transferidas para o nome de laranjas a mando dos agiotas.
A empresa intermedia a ação de compra e venda de embarcações por meio de cotas. Os valores variam de acordo com a quantidade de proprietários que uma lancha terá que pode ser de 4 a 8 donos. Uma embarcação de 4 donos chega a uma cota de R$350 mil. O valor é dividido entre os quatro proprietários que pagam ainda o agenciamento mensal de cerca de R$1147 para a Premier Jet.

De acordo com o delegado Wesley Salomão da Coordenação de Repressão aos Crimes Contra o Consumidor, a Ordem Tributária e a Fraudes (Corf), um inquérito já foi instaurado para apurar os fatos e mais informações não serão divulgadas para não atrapalhar as investigações.
O empresário registrou dois boletins de ocorrência contra os agiotas. Segundo um dos cotistas, Fayad pediu um prazo aos clientes para resolver toda situação. A nossa reportagem entrou em contato com a Premier Jet sobre o caso e não obteve resposta, o espaço continua aberto para o posicionamento da empresa.