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Brasília

Polícia prende homem que atacou terreiro em Planaltina

Com o auxílio de um facão e pedras, o homem destruiu imagens religiosas que foram confeccionadas por um artista com deficiência visual

Redação Jornal de Brasília

23/03/2022 18h09

Geovanna Bispo e Tereza Neuberger
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O homem suspeito de cometer um ataque contra um terreiro de religião afro descente na zona rural de Planaltina, na manhã desta quarta-feira (23) revelado pelo Jornal de Brasília, foi preso nesta tarde pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF).

Com o auxílio de um facão e pedras, o homem destruiu imagens religiosas que foram confeccionadas por um artista com deficiência visual.

Por volta das 8h desta terça-feira (23), o terreiro localizado no Núcleo Rural Sítios Agrovalle, DF 130 km 5, foi invadido e destruído. Na noite anterior, o suspeito já havia sido flagrado próximo às imagens dos santos, e teria sido alertado a se retirar por se tratar de um local sagrado, ele justificou ainda sua presença ali, como se fosse uma “ordem de Deus”. “Foram encontrados sinais de fogueira, o que indicaria que ele passou a noite ali”, completou a delegada que investiga o caso, Ângela Santos.

Ainda de acordo com Ângela, antes de ir ao terreiro, ele teria invadido a casa de uma das vizinhas do local. “Ele subtraiu um facão e uma marreta, que provavelmente foram os instrumentos utilizados durante o crime”, continuou.

De acordo com uma das frequentadoras do terreiro, a cineasta Rita Andrade, a presença do homem nas redondezas teria causado um estranhamento na mãe de santo, Suely Gama, responsável pelo local, porém ela supôs que o homem estaria com um dos grupos que moram na área do reduto religioso. Rita e a yalorixá Suely Gama, se criaram no mesmo terreiro e já passaram por episódios anteriores de intolerância religiosa.

O criminoso retornou nesta manhã e, com o auxílio de um facão e pedras, destruiu as imagens dos orixás do terreiro Ile Axé Omó Orã Xaxará de Prata, enquanto tentava amedrontar aqueles que estavam presentes. Toda a ação de violência foi registrada por moradores da comunidade, onde vivem cinco famílias.

Na beira do rio, onde fica o Vale dos Orixás, havia imagens dos orixás produzidas pelo irmão da Mãe Suely. As imagens foram confeccionadas à mão por um artista deficiente visual. O homem destruiu as imagens a pedradas, golpes de facão e fogo.

Como só tinham mulheres presentes no momento do ataque, a yalorixá procurou proteger as vidas de cada uma. Ela acredita que dado o teor de violência os orixás teriam intercedido pela comunidade. Suely e os membros que testemunharam o episódio de intolerância religiosa prestaram depoimento na tarde desta quarta-feira (23) à Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa, ou por Orientação Sexual, ou Contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (DECRIN).

Após o ataque, o suspeito entrou na mata fechada, e habitantes da comunidade foram atrás dele tanto a pé como de carro, e o perderam de vista. O Batalhão Rural da Polícia Militar do DF esteve no local, mas não encontrou o homem. O criminoso será autuado em flagrante pelos crimes de dano, invasão de domicílio e racismo religioso. Caso seja condenado, ele pode pegar pena de até quatro anos.

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