Ana Karolline Rodrigues
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A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) investiga oito médicos do Hospital Regional de Samambaia (HRSam) que são suspeitos de cometer negligência, constrangimento e omissão de socorro a pacientes do local. De setembro de 2018 até o momento, são 11 casos apurados pela corporação, sendo oito ocorridos apenas neste ano. Com as ocorrências de anos anteriores, os investigadores já registraram mais de 20 denúncias envolvendo profissionais da unidade de saúde.
De acordo com o delegado adjunto da 26ª Delegacia de Polícia (Samambaia), Guilherme de Sousa Melo, casos envolvendo negligência por parte de profissionais do HRSam já são reportados à polícia desde 2014. “São oito médicos, sendo quatro suspeitos de condutas como constrangimentos, partos mal feitos, e até omissão de socorro”, disse.
Segundo o delegado, nesta terça-feira (16), mais uma paciente procurou a delegacia para registrar ocorrência. “Já temos mais de 20 denúncias ao longo dos anos […] A investigação começou em setembro, mas o objeto se amplia a medida que os fatos chegam para a gente”, afirmou.
Violência
Conforme relatos de vítimas destas situações no hospital, casos incluem violência obstétrica e morte de recém-nascido. “Tem caso de um médico que foi atender uma paciente grávida e ‘subiu em cima dela’. Nisso, ele possivelmente quebrou clavícula do bebê”, contou o delegado.
“Tem outro de um médico que tocou na mulher e, sem fazer nenhum exame, declarou que o bebê estava morto. Horas depois, o bebê nasceu vivo, mas demoraram tanto no atendimento que ele acabou morrendo logo depois do parto”, relatou.
“Outro caso foi de uma paciente que foi fazer uma curetagem após sofrer um aborto e após o procedimento ficou sentindo um cheiro ruim. Quando ela voltou ao hospital, descobriu que tinham esquecido uma gaze dentro dela”, completou.
De acordo com Guilherme, alguns médicos já foram intimados a depor. No momento, os investigadores buscam ainda identificar membros das equipes médicas e verificar o teor de laudos para apurar as denúncias. Também, segundo o delegado, os profissionais continuam atuando no hospital.
Secretaria apura
Procurada, a Secretaria de Saúde do DF informou, por meio de nota, que a direção do HRSam recebeu as denúncias envolvendo servidores da unidade e que todas as providências estão sendo tomadas pela direção e pela Superintendência da Região de Saúde Sudoeste.
A pasta informou ainda que um processo sigiloso foi aberto e que a secretaria não irá se manifestar até a apuração de todos os fatos – sem confirmar se os médicos continuam trabalhando na unidade.