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Brasília

Pesquisadores da UnB desenvolvem método revolucionário de castração em animais

O procedimento é pioneiro no mundo, e dispensa a necessidade de cirurgias, possibilitando a recuperação imediata dos animais

Redação Jornal de Brasília

08/03/2022 16h08

Por: Gabriel de Sousa
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Pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) desenvolveram um novo método revolucionário para a castração de animais domésticos. A partir de procedimentos não cirúrgicos, as espécies podem ser esterilizadas em apenas 15 minutos, de forma mais prática, eficiente e indolor.

A partir de uma injeção de uma solução de óxido de ferro com nanopartículas, e com o aquecimento do tésticulo dos animais a partir de focos de luz ou ondas magnéticas, os animais são castrados rapidamente e logo podem ser soltos, sem a necessidade de longos tempos de recuperação,

A iniciativa da UnB se chama “Alternativas nanotecnológicas para a castração não cirúrgica de animais machos” e tem a coordenação da professora e veterinária Carolina Madeira Lucci (fotos). A pesquisadora diz que desejou iniciar o projeto ao analisar que os métodos tradicionais de esterilização dos animais custam caro e dependem de uma alta complexidade.

“Depois de fechar a cirurgia, tem que costurar, acompanhar esse animal por 10 dias, depois ele toma antibióticos e antiinflamatórios, para depois tirar os pontos. Isso se torna um mecanismo que não é viável para animais que não tem dono”, comenta.

O projeto, existe oficialmente desde 2015 e tem cinco participantes além de Lucci, contando possui uma parceria com outros setores da UnB e da Universidade Federal de Goiás (UFG), sendo financiado pelo Fundo de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP/DF).

O procedimento brasiliense é pioneiro na escala global, já que especialistas de todo mundo tentaram por cinco décadas achar uma forma de desenvolver um método de castração em cães e gatos que não exige operações cirúrgicas.

“Desde a década de 1970 tem gente buscando métodos no mundo inteiro para castrar o animal e tornar ele estéril de forma não cirúrgica. Já testaram a injeção de substâncias químicas que meio que dava certo por um lado, mas que tinha muitos efeitos colaterais”, comenta a professora.

Como os novos métodos funcionam?

Os especialistas da UnB desenvolveram dois métodos que possibilitam a castração de cães e gatos de forma eficaz e prática. A primeira é feita a partir de um processo chamado magnetohipertermia, onde os animais são sedados, e são aplicados 100 a 150 microlitros de uma solução de óxido de ferro com nanopartículas nos testículos dos animais.

O composto aquece a até 45 graus a partir da reação com ondas magnéticas, que são geradas em uma máquina criada pelos universitários. Após 15 minutos, os indivíduos estão completamente esterilizados. Quando eles acordam, os testículos já estão resfriados e os animais já podem ser soltos, sem a necessidade de incisões ou recuperações feitas à base de remédios.

O segundo método é realizado a partir de um projeto chamado fotohipertermia, e tem o procedimento similar ao anterior, mas em vez de ondas magnéticas, um feixe de luz é dirigido aos testículos dos animais, que esquentam a partir do calor, possibilitando então a esterilização.

O estudo brasiliense já apresentou resultados positivos em testes feitos com 22 ratos a curto prazo, e em 13 vigiados em longa análise, com todas as cobaias sendo esterilizadas de maneira rápida, eficiente e sem efeitos colaterais. A expectativa é que os estudos sejam concluídos a partir de 2025.

“No fim, o processo fica bem mais barato do que montar uma sala cirúrgica. Você precisa de menos gente, já que na castração cirúrgica você precisa geralmente de 3 veterinários e uma auxiliar, aqui com duas pessoas você consegue realizar esse processo com tranquilidade”, comenta a coordenadora do projeto.

Coordenadora deseja diminuir número de animais de rua

De acordo com a coordenadora do projeto, Carolina Madeira Lucci, os novos procedimentos podem possibilitar a diminuição de cães e gatos de rua que vivem no Distrito Federal, já que não exige o acompanhamento posterior às cirurgias. “O grande problema de castrar animais que não tem dono é porque você não consegue acompanhar esse animal, ou porque fica muito caro”, observa.

A especialista comenta que o grande número de animais de rua que infelizmente não podem ser adotados, podem gerar problemas de saúde pública. A esterilização desses animais, disponibilizada de forma prática graças aos inventos feitos na UnB, poderia diminuir o número de indivíduos, dispensando métodos cruéis que são adotados em outras partes do mundo.

“Em Brasília até que não tem tanto, mas se você for para as cidades-satélites ou para o Entorno, a quantidade que tem de gato e cachorro de rua é grande. Esses animais transmitem doenças uns para os outros e podem transmitir para os humanos, e eles se reproduzem loucamente na rua”, conclui a pesquisadora pioneira.

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