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Brasília

PCDF investiga tiro de PM contra adolescente em Samambaia

“O simples fato de uma pessoa furar uma blitz não justifica o disparo de arma de fogo”, afirma o delegado Rodrigo Carbone

Redação Jornal de Brasília

09/02/2022 23h06

Delegado chefe da 26ª DP Rodrigo Larizzatti e delegado adjunto Rodrigo Carbone. Foto: Tereza Neuberger

Por Tereza Neuberger
redacao@grupojbr.com

A Polícia Civil do Distrito Federal investiga tiro fatal disparado por um policial Militar contra um adolescente há cerca de uma semana. Gustavo Henrique Soares Gomes, de 17 anos, estava na garupa de uma motocicleta e passava por uma barreira de fiscalização da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). “Podemos afirmar que houve desproporcionalidade”, afirma o delegado adjunto da 26ª Delegacia de Polícia em relação a ação do policial militar.

O caso aconteceu em uma sexta-feira, 28 de janeiro, quando os militares do Batalhão de Policiamento Rodoviário (BPRV) montaram um ponto de bloqueio em Samambaia Norte, enquanto realizavam as abordagens aos veículos. O adolescente estava na garupa quando o condutor da motocicleta ao avistar a barreira não obedeceu a ordem de parada dos policiais e continuou seguindo em frente, em seguida Guilherme foi atingido por um tiro.

Guilherme Henrique. Foto: Reprodução

O condutor chegou a andar ainda por dois quarteirões com Guilherme ferido, até que o adolescente não conseguiu mais se segurar na moto e caiu no chão, de acordo com a PCDF. O adolescente chegou a ser encaminhado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Samambaia, mas não resistiu.

A PCDF investiga o caso por se tratar de uma morte de forma violenta, o inquérito busca elucidar em quais circunstâncias o adolescente foi atingido pela arma de fogo do policial militar. “Por norma da PCD toda vez em que ocorre uma morte violenta tem que ser instaurado um inquérito”, explicou o delegado chefe da 26ª Delegacia de Polícia, Rodrigo Larizzatti, em coletiva dada nesta quarta-feira (09).

“Não existe nenhuma dúvida quanto ao autor do disparo nós estamos investigando em que circunstâncias foi efetuado o disparo.”, explica o delegado Rodrigo Carbone.

A investigação aguarda o laudo cadavérico do adolescente para que seja possível saber qual foi a trajetória do projétil, o que pode esclarecer o que teria ocorrido de fato no momento em que o jovem foi alvejado.

“As versões do policial militar e do condutor da moto são muito antagônicas”, afirma Carbone. De acordo com o delegado conforme depoimento prestado por dois militares que estavam no momento, incluindo o sargento autor do disparo, no instante em que o condutor da moto em que Gustavo Henrique estava, furou o bloqueio, o adolescente teria colocado a mão na cintura para pegar o que seria um simulacro de arma de fogo, e então o policial teria atirado contra ele.

Os policiais Militares apresentaram também um simulacro de arma de fogo na delegacia, eles informaram que teriam encontrado o objeto em um matagal e que poderia ser o simulacro do adolescente. A PCDF encaminhou o simulacro para perícia e aguarda laudo, para verificar se há fragmento papiloscópico que pode confirmar ou não a versão dos militares.

O condutor da moto, Gustavo Mateus, disse à polícia que não houve em momento algum simulacro. O rapaz alega que furou o bloqueio policial por estar com a motocicleta em situação irregular, por esse motivo ele tentou fugir da abordagem dos policiais. “O simples fato de uma pessoa furar uma blitz não justifica o disparo de arma de fogo.”, afirma Carbone.

O condutor e o adolescente não possuíam passagem pela polícia.

De acordo com o delegado Rodrigo Larizzatti, caso seja confirmada a versão dos policiais militares, poderá ser considerada uma legítima defesa putativa. “De forma técnica é difícil sustentar uma hipótese de legítima defesa pela desproporcionalidade”, afirma o delegado Carbone.

Se a versão dos policiais não corroborar com as provas da investigação, o sargento será indiciado por homicídio qualificado. A PCDF irá ouvir também outros dois policiais que testemunharam a ação do sargento.

Em diligência no local os investigadores encontraram apenas um estojo o que corrobora a versão dos policiais militares de que houve apenas um disparo de arma de fogo calibre 9mm.

Há um grande movimento de mobilização e comoção por parte de familiares e amigos de Guilherme Henrique. De acordo com familiares o adolescente estudava e tinha emprego, eles acreditam que o adolescente foi morto por despreparo dos policiais.

Uma caminhada simbólica para pedir por justiça está programada para esta quinta-feira (10). Os familiares e amigos do adolescente sairão a partir das 16 horas, da quadra 202, da Feira Permanente de Samambaia, em direção a 411, onde fica localizada a 26ª Delegacia de Polícia (Samambaia), que investiga o caso.

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