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Brasília

Onde o brasiliense mora? Pesquisa relata condições de moradia dos candangos

Os resultados listaram diversas características do morador da capital federal. O projeto atual expôs a preferência do candango em migrar para Ceilândia

Evellyn Luchetta

09/05/2022 11h16

Foto: Joel Rodrigues/ Agência Brasília

O perfil do brasiliense foi mapeado pela Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (PDAD) de 2021, realizada pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan). Os resultados listaram diversas características do morador da capital federal. Realizada pela última vez em 2018, o projeto atual expôs a preferência do candango em migrar para Ceilândia.

Conforme os dados, do total de moradores com 14 anos ou mais, 8,5% afirmaram ter intenção de constituir um novo domicílio no DF. Destes, 14,5% mantiveram a maior Região Administrativa do quadradinho, atualmente com 400 mil habitantes, como preferência.

Quanto à origem dos moradores, 55,5% informaram ter nascido no próprio DF. Já os que escolheram onde morar, vieram, em maioria, de Minas Gerais, 15,5%. A pesquisa ainda se arriscou a tentar entender quais motivos levam alguém a deixar, voltar ou vir para o DF. Como resposta, 43% dos chefes dos domicílios, responderam que o intuito era de acompanhar parentes ou reunião familiar.

Fora desse perfil estão as pessoas que vem à capital com outras ideias em mente. Dentre elas, está a jovem publicitária Iasmym Torres. Nova na capital e cheia de sonhos, ela diz ter vindo até o DF com o intuito de estudar. “Eu morava em Goiás antes daqui. Lá eu não tinha a oportunidade de estudar como teria, se viesse fazer uma faculdade no DF, então eu vim”.

À beira da formatura e já trabalhando na área escolhida, Iasmym poderia ter voltado para a cidade de onde veio, mas, ao invés disso, escolheu ficar. Hoje moradora do Plano Piloto, ela conta que a decisão foi fácil de tomar. “Eu me acostumei com o ritmo daqui, com as novidades da capital e a velocidade com que as coisas acontecem. Não é perfeita, claro, existem prós e contras, mas fui ficando e esse lugar acabou se tornando meu lar”, diz.

Segundo os números apresentados pela PDAD, o tempo médio de moradia na capital federal é de 25,2 anos. Nesse dado, a jovem deve se encaixar. “Eu já moro aqui há cinco anos e só vou embora em um caso muito extremo de trabalho, por exemplo. Caso contrário, não vejo motivo para não permanecer e viver sempre aqui”, afirma Iasmym.

E as moradias, como são?

As características dos domicílios também foram abordadas. Focados nos domicílios particulares, os pesquisadores chegaram ao número estimado de 1.234 unidades ocupadas, com uma média de 2.439,94 moradores por domicílio.

Do total. 62,5% dos domicílios eram casas fora de condomínio, enquanto a condição de ocupação mais comum era próprio, já pago, para 59%. Por fim, 67,8% dos domicílios próprios possuíam escritura definitiva registrada em cartório, segundo informação dos moradores.

Moradores de apartamento não ficaram de fora, eles constituem 25,2% do total. Parte da porcentagem, Iasmym conta o porquê de ter realizado essa escolha. “Eu já morei em casa aqui, e achei a estrutura de um apartamento melhor, mais segura e mais prática. Acredito que tudo depende de como vai a sua vida no momento. No meu caso, não é provisório, eu pretendo ter um espaço próprio, mas continuará sendo um apartamento”, disse.

Nas casas, 92% apresentavam parede externa de alvenaria com revestimento, 93,3% tinham o material do piso de cerâmica, porcelanato ou madeira, enquanto o telhado era de telha, exceto fibrocimento, com laje em 30,4% dos domicílios.

Ainda existem dificuldades…

Situações irregulares e dificuldade em manter o básico ainda fazem parte da constituição do Distrito Federal. Das pessoas analisadas, 0,4% afirmaram realizar captação de água da chuva para ter acesso ao recurso.

Ainda no abastecimento de água, 96,2% dos domicílios tinham acesso à rede geral da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (CAESB), 1,4% tinham poço/cisterna, 1,9% tinham poço artesiano. A posse de uma caixa d’água é grande, 82% afirmaram ter.

Apesar de menor do que o número de pessoas que não enfrentam esses problemas, as porcentagens indicam que alguém passa por isso. O mesmo é visto no abastecimento de energia elétrica, onde 2,5% afirmaram utilizar gambiarra.

Em maior quantidade, 97,7% declararam possuir abastecimento da rede geral da Companhia Energética de Brasília (CEB/Neoenergia), 0,1% declararam utilizar geradores por combustão, 0,5% utilizavam geradores solares e 0,1% possuíam alguma outra forma de geração de energia renovável.

No que diz respeito ao recolhimento de lixo, 94,3% afirmaram ter coleta direta, 80,3% seletiva e 94,3% não seletiva, 81,1% tinham coleta indireta, 1,7% informaram jogar em local impróprio, enquanto 1,2% disseram queimar ou enterrar o lixo. Além disso, 59,3% faziam a separação do lixo no domicílio, entre orgânico e reciclável.

… E problemas

Ao reportarem diretamente os problemas nas proximidades dos domicílios, 6% responderam haver áreas com erosão, 4,9% responderam haver áreas com inclinação acentuada (como morros) que poderiam apresentar riscos aos moradores.

O entulho também é um grande problema, 19,4% responderam lidar com ele, 9,6% relataram existência de esgotos ao ar livre, 20,2% informaram que as ruas ficavam alagadas em ocasiões de chuva e 30% disseram que ruas próximas eram esburacadas.

Para 94,9% dos entrevistados havia iluminação na rua principal de acesso ao domicílio, enquanto 73,4% responderam haver drenagem da água da chuva (boca de lobo).

Iasmym afirma que dos problemas relatados, o entulho é dos que ela enfrenta. “Vejo muito, aqui na minha quadra tem bastante contêiner para armazenar o lixo, mas as pessoas vão juntando entulho, madeira, móveis quebrados em torno dele e vai virando um morro de coisas, acaba ocupando algumas calçadas”, relata.

Para ela, morar no Distrito Federal é uma sensação de dualidade. “Pode ser ótimo e muito ruim, assim como todo lar. Apesar dos problemas, eu amo. Vejo eles como o processo de amadurecimento de uma cidade grande e torço para que nossa casa fique cada vez mais próspera e arrumada, para que enfrentamos cada vez menos problemas como esses”, finaliza.

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