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Brasília

Obras de duplicação da DF-140 estão paradas por ajustes recomendados pelo TCDF

DER/DF já respondeu auditoria e aguarda parecer final enquanto moradores cobram retomada dos serviços na rodovia que liga o Jardim Botânico à Cidade Ocidental (GO)

Afonso Ventania

16/10/2023 5h35

Foto: Afonso Ventania/ Bikerreporter Jornal de Brasília

A duplicação da rodovia DF-140 que liga o Jardim Botânico, na DF-001, até o Jardim ABC, na Cidade Ocidental (GO), é muito esperada pelos moradores da região que vem se expandindo de maneira acelerada com a construção de diversos condomínios residenciais. A estrada tem 14,8 km e também é utilizada por motoristas do Entorno do DF, como Jardim Ingá e de Luziânia, que preferem evitar o tráfego intenso da BR-040 sentido Brasília. Desde que os serviços iniciaram, em abril de 2021, com investimento previsto de R$ 27 milhões, as obras precisaram ser interrompidas por diversos motivos e apenas 4,6 km foram liberados à população.

As obras, no entanto, foram paralisadas mais uma vez há cerca de dois meses e deixou os moradores na expectativa. “A gente queria saber por que ainda não foi concluída aquela obra”, questiona o comerciante pernambucano José Barbosa da Silva, residente no Jardim ABC há 20 anos. Após pedalar até o local e apurar junto aos órgãos envolvidos nas obras, o bikerrepórter do Jornal de Brasília, Afonso Ventania, descobriu, em primeira mão, o motivo que levou à interrupção da duplicação da DF-140. De acordo com o relatório de fiscalização do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF), no âmbito do processo 12702/2021 que fiscaliza o contrato 19/2021-DER/DF, a obra precisou ser paralisada até que alguns ajustes determinados pela auditoria sejam executados pelo órgão executor, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER/DF).

Segundo o TCDF, trata-se de alguns apontamentos em relação, por exemplo, à medição de quantitativos de serviços. Outras observações também foram registradas pelos auditores nos seguintes itens do contrato: pagamento antecipado de administração local; informações adicionais sobre os controles tecnológicos dos serviços de pavimentação e aterro; atualização do projeto executivo; reequilíbrio econômico-financeiro (REF); revisão no cumprimento do cronograma físico-financeiro e na remuneração de alguns serviços.

Foto: Afonso Ventania/ Bikerreporter Jornal de Brasília

Para realizar as devidas correções, o TCDF fez várias determinações ao DER/DF e à empresa HL Terraplanagem Eireli. Na Decisão 2075/2023, foram incluídas retificações de quantitativos referentes às medições realizadas e o não pagamento contratual em casos de medições imprecisas. O órgão fiscalizador determinou ainda que o DER/DF apresente “projeto executivo atualizado e a glosa no valor de R$ 528.217,99 referente ao não cumprimento das condições legais no 1 termo aditivo, no que diz respeito aos materiais não betuminosos”.

De acordo com o TCDF, tanto o DER/DF quanto a empresa HL Terraplanagem Eireli recorreram da decisão. “Os pedidos de reexame estão sob análise da Corte no âmbito do processo 10.455/2023”, informou a assessoria de Comunicação do tribunal.

Em nota, o DER/DF declara que a ponte sobre o Ribeirão Santana “já está concluída” e admite que “atualmente, os serviços estão paralisados devido a apontamentos realizados pelo TCDF em seu trabalho de auditoria efetuado em todos os contratos”. Sobre o reequilíbrio econômico-financeiro apontado pela auditoria, o DER/DF justifica o reajuste de valores previstos no projeto em razão de várias “intercorrências” e também da pandemia que assolou o planeta praticamente no mesmo período em que as obras de execução foram iniciadas, em abril de 2021.

Foto: Afonso Ventania/ Bikerreporter Jornal de Brasília

“Houve um desequilíbrio nos preços dos materiais utilizados nas obras em razão da pandemia, o que demandou um reequilíbrio econômico-financeiro por parte do DER/DF em seus contratos”, explica em nota. O órgão cita também, como causa de paralisações temporárias anteriores; a existência de redes de energia no local, redes de água e de esgoto que precisaram ser projetadas e remanejadas, interferências fundiárias que ocasionaram mudanças no projeto original e o período chuvoso de anos anteriores que forçaram a desaceleração dos serviços.

“Este Departamento já respondeu aos quesitos apontados pelo TCDF e, atualmente, o processo está em fase de recurso para que, posteriormente, seja dado o parecer final”, conclui.

Com a palavra, os moradores

O bikerrepórter Afonso Ventania pedalou até o Jardim ABC, na Cidade Ocidental, para ver como está a situação in loco e para conversar com a comunidade. No local transitam, em média, 20 mil veículos por dia e também está prevista a construção de uma ciclovia. O único trecho da duplicação entregue à população tem 4,6 km de extensão (dos 14,8 km previstos) e começa logo depois do Jardim ABC, na Cidade Ocidental. A pista já duplicada segue até a escola pública CEF Jataí no sentido DF-001. Logo após a escola, sentido Brasília, é possível perceber o abandono.

Há um trecho de asfalto de aproximadamente 1 km com duas faixas de rolamento até a ponte sobre o Ribeirão Santana, que foi deixada na última etapa de execução. Falta apenas concretar a laje e fazer acabamentos de sinalização e dispositivos de segurança. Só a ponte recebeu investimentos de aproximadamente R$ 2 milhões.

Não há nenhum maquinário ou caminhão no local. Existe apenas um grande monte de areia. Depois da ponte, que já conta com uma ciclovia, há mais 3 km de pista duplicada que ainda não foi aberta aos motoristas. Nota-se algumas fissuras no asfalto que, certamente, na volta dos trabalhos, precisará receber uma manutenção. Segundo o DER/DF, as fissuras ocorrem devido ao movimento dos materiais e as obras foram paralisadas antes de a correção ser executada. Na retomada dos serviços, de acordo com o órgão, tudo será resolvido de maneira eficiente.

Foto: Afonso Ventania/ Bikerreporter Jornal de Brasília

“Seria bom que saísse logo (a duplicação). A gente tá na expectativa por que vai melhorar muito a nossa vida”, afirma Maria da Conceição Alves Viana, balconista em uma lanchonete no Jardim ABC.

Para muitos moradores, a duplicação da DF-140 representa não apenas maior fluidez no tráfego, mas segurança. De acordo com relatos ouvidos pela reportagem, muitos sinistros de trânsito aconteceram na rodovia devido à alta velocidade e à imprudência de motoristas. “O trecho perto da ponte do Ribeirão Santana é um dos lugares mais perigosos daquela estrada. Naquela descida já aconteceram muitos acidentes de trânsito. Com a ponte e a duplicação completa, com certeza, o número de acidentes vai reduzir”, espera o comerciante José Barbosa da Silva.

Não é a primeira vez que as obras de duplicação foram interrompidas. Desde o início da construção, em abril de 2021, o remanejamento de redes de água e esgoto, questões fundiárias, período chuvoso, entre outras adversidades causaram atrasos na duplicação. Importante lembrar que as chuvas já recomeçaram no DF e podem voltar a adiar as obras quando “os ajustes” legais forem aprovados e, desta maneira, o TCDF autorizar a retomada da duplicação da DF-140.

“Mesmo com o trecho liberado já deu para notar que a duplicação vai trazer mais fluidez e segurança no trânsito. Ela é muito necessária até para o desenvolvimento da nossa região”, comemora Reinaldo Soares da Fonseca, morador do Setor Habitacional do Tororó.

A previsão de conclusão da obra, segundo o DER/DF, é ainda “nesse semestre para beneficiar cerca de 20 mil motoristas que trafegam pela rodovia diariamente”. As fases de execução da obra incluem a terraplanagem, pavimentação, restauração de pavimentos, drenagem, sinalização horizontal e vertical e obras complementares.

Dos 4,6 km liberados, em 2022, estão o trecho de 1,2km, entre a BR-251 e a DF-001, e a ligação entre São Sebastião e Jardim ABC, que abrange 3,4 km.

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