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Brasília

O papel do assistente social na pandemia

O aumento na procura por assistentes sociais não reflete a qualidade de trabalho ofertada, para estagiários e profissionais

Redação Jornal de Brasília

17/04/2021 9h37

Foto: Reprodução

No dia 16 de abril de 2021, o Brasil totalizava 365.444 casos de óbitos pelo covid-19, e por isso, o papel dos assistentes sociais nunca foi tão importante na história como está sendo agora. Os profissionais lidam com o agravamento da pobreza, com as dificuldades de acesso aos serviços públicos (principalmente saúde), com o agravamento da violência doméstica, entre outras demandas.

A depender da instituição de saúde, a equipe de serviço social tem uma organização própria de como vai gerenciar o seu trabalho. Adalia Raissa, de 25 anos, é uma das assistentes sociais que trabalha na linha de frente no combate ao covid-19 e conta: “onde trabalho, por exemplo, fazemos teleatendimento com a rede de apoio familiar que é indicada pelo próprio paciente no pronto socorro e UTI da covid. Como são adultos, também fazemos perguntas relacionadas à realidade trabalhista, se o vínculo empregatício é formal ou não, sobre o INSS e mais, para que essas informações sejam passadas em forma de orientação para a família”, completa.

Mercado de trabalho e rotina

Esses profissionais lidam com a realidade social desde 1930, mas foi no ano passado, com a chegada da pandemia, que a sua carga de responsabilidade foi ao extremo. “Nosso trabalho é árduo no sentido de articular as políticas possíveis que respondam de forma emergencial à população neste momento. Estamos desde a atenção básica até a complexa na saúde, e ainda, os que não estão na linha de frente, se desdobram nas outras áreas para lidar com a continuidade do trabalho acadêmico, jurídico, terceiro setor, entre outros”, explica a Ana Paula Sampaio, coordenadora do curso EaD de Serviço Social do CEUB.

Hoje o Brasil soma, aproximadamente, 200 mil profissionais com registro nos 27 Conselhos Regionais de Serviço Social (CRESS), um em cada estado. Houve um aumento na procura e no reconhecimento da assistência social de modo geral, mas no campo da covid, especialmente, surgiram muito mais contratações, no entanto, a forma de inserção desses profissionais se dá de uma forma precarizada, por contratos temporários que em alguns meses deixará o profissional sem renda alguma.

Mais desafios

Agora as instituições repensam os próximos passos. Na última semana, o CRESS (Conselho Regional de Serviço Social), realizou uma reunião virtual e pensaram principalmente nas estratégias para o estágio, para que o aluno não tenha sua formação prejudicada. Os conselhos, juntamente com a ABEPSS (Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social), optaram pela suspensão do estágio para a proteção dos estudantes.

A Karina Isabel, de 31 anos, também assistente social na linha de frente no combate ao covid explica que concorda com a decisão: “Ter os estagiários de forma presencial se torna muito complexo neste momento, pois pensando que eles não são contemplados com a vacina, não têm direitos trabalhistas, não há suficiente disponibilidade de EPIs e estrutura da instituição para receber esses estagiários, então somos favoráveis a esta decisão, porque o risco deles se torna muito maior que o nosso.”

Ambas as assistentes que estão trabalhando em hospitais no momento explicam que a graduação não as preparou para esse momento, mas que não por culpa da faculdade. Este é um momento que ninguém previu e nem as péssimas condições de trabalho, junto do sucateamento de políticas públicas, da mesma forma que a graduação não preparou as demais profissões para este momento. “Ao longo da nossa formação e intervenção prática aprendemos a gerir melhor o trabalho, é um aprendizado contínuo. É preciso reconhecer o contexto que exige competências e atribuições que só se percebe a necessidade no dia-a-dia”, completa a assistente social Adália.

Segundo a coordenadora do curso EaD de Serviço Social do CEUB, muitas pessoas passaram e estão passando pelo atendimento de um assistente social, e com isso, ela espera que a profissão seja definitivamente mais reconhecida pela população, e não só neste momento crítico de saúde. O país precisa cada vez mais desses profissionais, e é nesse sentido que a formação à distância é uma oportunidade de aprofundamento teórico para os estudantes, pois possibilita novas narrativas de aprendizagem.

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