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Brasília

Nunca é tarde para ser jovem

Brasilienses contam suas experiências de intercâmbio depois de completar 40 anos

Lindauro Gomes

19/08/2019 5h59

Intercâmbio depois dos 40 anos – Denise de Almeida Nery Aboud, Teatro Real – Madrid (com cartaz escrito 2018) e Palácio Real – Madridfoto : Arquivo Pessoal

João Pedro Rinehart
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No ano de 2018, aumentou em 63 mil a quantidade de pessoas que embarcaram para fazer intercâmbio em outros países. Cerca de 365 mil brasileiros deixaram o país para estudar fora, de acordo com a Brazilian Educational & Language Travel Association (Belta). No Distrito Federal, aproximadamente 8% dos que procuram intercâmbio possuem mais de 40 anos, de acordo com a agência World Study.

A pesquisa da Belta aponta que essa procura está relacionada com o aumento do número de idosos no país. “Esse público tem a tendência de já estar mais estável financeiramente, e, por isso, pode fazer a tão sonhada viagem de intercâmbio que sempre quis fazer”, afirma a presidente da associação, Maura Leão.

O intercâmbio é uma experiência recomendada para todos, independentemente da idade. Mas quando se tem mais de 40 anos, a experiência pode ser ainda melhor aproveitada. Muitos dos que estão nessa faixa etária passam pelo auge da carreira profissional, o que torna o momento perfeito para expandir suas fronteiras e criar contatos pelo mundo afora.

África do Sul

Rogério Alves da Silva, 45 anos, é servidor público na Receita Federal e foi para a Cidade do Cabo, na África do Sul, no final do ano passado. Ele decidiu fazer o intercâmbio na cidade “para melhorar um pouco do inglês” e também pelas semelhanças com o clima brasileiro, devido à latitude do país.

Intercâmbio depois dos 40 anos- Rogério Alves da Silva, no cabo da boa esperança e na “table mountain”
foto : Arquivo Pessoal

“Nunca tive a experiência de morar ou ficar mais de 12 dias fora do país. Tive que estudar e trabalhar muito. Então, só agora tive a oportunidade”, conta o servidor público. Rogério ainda afirma que o preço para ir a um país como a África do Sul é mais em conta do que para o destino mais procurado pelos intercambistas, o Canadá. “O custo e o clima favorecem. Fora os atrativos do país. Desde praias, montanhas, safáris… Fiquei muito nostálgico e quero voltar à África do Sul”, relata.

Espanha

Denise de Almeida Nery Aboud tem 50 anos e está aposentada. No início do ano, ela fez um intercâmbio com uma amiga para Madrid, na Espanha. Ela conta que estuda espanhol no Centro Interescolar de Línguas (CIL), no Guará, por isso a preferência por um país que fala a língua.

Presente de aniversário

“Quando começou a nascer dentro de mim uma vontade de morar e estudar fora do país, eu já tinha filhos. Então, seria difícil conciliar. Depois que eu me aposentei, comecei a amadurecer essa ideia”, conta Denise.

A aposentada afirma que a viagem foi um presente de aniversário de 50 anos para si mesma. A escolha da cidade deu-se pelo fato de ser um ponto mais centralizado no país, de forma que ela e sua amiga, Maria Francisca da Costa Nunes, puderam visitar diversas cidades ao longo da estadia. “Todos os finais de semana, visitamos alguma cidade próxima”, relembra.

A aposentada conta que o maior choque foi o clima e o tempo no país. Devido à época em que foi, os primeiros raios de luz do dia chegavam às 9h, e não demorava a ficar escuro novamente.

O maior medo da intercambista ao chegar em Madri era se deparar com uma classe majoritariamente de jovens e não ser tão aceita entre eles. Mas, segundo ela, a interação com os outros estudantes foi boa. “Foi muito interessante conhecer gente do mundo inteiro”, lembra. Ela disse que teve a oportunidade de estudar com suíços, irlandeses, chineses e russos. “É uma experiência que eu realmente recomendo pra quem pode. Já está nos meu planos fazer outro”, finaliza.

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