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Brasília

Número de doadores de córnea cresce 11% no DF

Em 2023, 336 transplantes foram realizados na capital, frente aos 311 do ano anterior

Carolina Freitas

16/01/2024 16h56

Após a pandemia, cresce, aos poucos, o número de doadores de córnea: O Banco de Órgãos e Tecidos, mais conhecido como Banco de Olhos, da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), registrou em 2023 um aumento de 11% na quantidade de doadores de córnea em relação ao ano anterior. Ao todo, no ano passado foram realizados 336 transplantes, já em 2022 foram 311.

Ao Jornal de Brasília, a médica oftalmologista e responsável técnica do Banco de Olhos, Dra. Micheline Borges, explica o que ocasionou o aumento de doadores de córnea: “Esse aumento em relação ao ano anterior se deve à retomada à normalidade no período pós pandêmico e aos esforços da equipe do Banco em abordar famílias de possíveis doadores de córnea numa tentativa de retorno aos números pré pandêmicos”.

O Banco de Olhos realiza uma busca diária por doadores de córnea, por meio da captação, preservação, avaliação, liberação das córneas doadas e conscientização dos cidadãos. As parcerias com o Serviço de Verificação de Óbitos (SVO) da SES-DF, o Centro Integrado de Operações de Brasília (CIOB) e o Instituto Médico Legal (IML) também auxiliaram no aumento das doações. “A equipe do Banco realiza uma pré-triagem dos óbitos ocorridos no DF pelas normas da legislação e entra em contato com as famílias”, destaca a Dra. Micheline.

Além disso, o Banco recebe notificações das Comissões Intra-Hospitalares de Doação de órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) dos hospitais públicos e privados e da polícia sobre mortes violentas. Com essas informações, a equipe do Banco de Olhos realiza uma entrevista com os familiares da pessoa que morreu para explicar o processo de doação e obter uma autorização por escrito.

Doação

A doação de córnea é realizada somente após o falecimento, ou seja, não pode ser doada em vida, e pode ser captada em até 12 horas após a parada cardíaca. Além do mais, um doador pode beneficiar até duas pessoas. Após a doação, o transplante é realizado em pessoas com cegueira tratável.

A oftalmologista destaca alguns casos que são solicitados o transplante com urgência: “Existem várias doenças na córnea, congênitas ou adquiridas, que levam à cegueira. Além disso, existem danos pós-traumáticos ou infecções que demandam transplantes de córnea de urgência”.

O Banco de Olhos funciona 24 horas pelos telefones (61) 3550-8869, (61) 99556-9117 (também WhatsApp) ou pelo e-mail [email protected]. Um familiar ou profissional que assiste ao paciente que veio a óbito também pode manifestar interesse na doação por meio dos contatos acima.

Fila por transplante

Atualmente, 641 pessoas ainda aguardam por um transplante de córnea no DF. Para a Dra. Micheline, o aumento de 11% no número de doadores ainda não representa um grande crescimento: “Embora haja um maior acesso à informação e divulgação sobre o tema de doação, não houve ainda um notório aumento no número de doação de córnea”.

Os pacientes que precisam de um transplante de córnea são inscritos na lista do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), gerenciado pelo Ministério da Saúde, pelas próprias equipes transplantadoras de hospitais e clínicas oftalmológicas credenciadas. O Banco de Olhos destaca que essa fila é única, e o transplante de córnea pode ser realizado no DF no Hospital de Base e Hospital Universitário de Brasília.

Longa espera

Infelizmente, a longa espera na fila por um transplante de córnea prejudica muitas pessoas no DF, como foi o caso da auxiliar administrativa Luzia de Fátima, de 46 anos. A mulher desistiu do transplante após uma espera de três anos na fila.

Um acidente doméstico quando Luzia tinha apenas sete anos de idade ocasionou a necessidade do transplante. “Na época do acidente eu não perdi todo o meu olho e fiquei alguns anos em tratamento e esperando transplante de córnea, mas sem sucesso. Nesse tempo meu olho infeccionou muito e tive que fazer todo o desligamento do olho para não prejudicar a outra visão, e atualmente uso prótese ocular. Como eu fiz todo o desligamento do olho por não ter alternativa, hoje não posso mais realizar o transplante de córnea”, comentou Luzia.

Ao Jornal de Brasília, a auxiliar administrativa falou como desejava ter restaurado a sua visão esquerda através do transplante: “Eu tinha muita vontade de poder realizar o transplante para eu poder ter a minha visão esquerda de volta, mas tudo pela rede pública e muito demorado e são coisas que não pode esperar, no meu caso, eu não tive opção, o jeito foi fazer o desligamento do olho”, lamentou.

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