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Brasília

No DF, um em cada cinco adultos é hipertenso; doença também afeta crianças

Arquivo Geral

26/04/2017 7h37

Ariadne Marçal/Jornal de Brasília

João Paulo Mariano
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Uma em cada cinco pessoas acima dos 18 anos no DF tem hipertensão. O dado foi revelado pela Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) do Ministério da Saúde. Hoje, Dia Nacional de Combate à Hipertensão, a preocupação dos especialistas é o crescimento da estatística: entre 2006 e 2016, o índice saltou de 22,5% para 25,7%. Mas esses números podem maiores se adolescentes forem considerados. Apesar de ser multifatorial, é possível combater a hipertensão evitando alguns alimentos e praticando exercícios.

Apesar dos avanços da ciência e dos vários tratamentos atuais, conviver com a doença não é tão fácil, pois é preciso ter cuidados diários, principalmente com a alimentação. A funcionária da área de tecnologia Jaqueline Menezes, 36, descobriu a doença há quase dois anos e teve que aprender a viver uma nova rotina para não sofrer mais consequências. Até porque, na mesma época, foi diagnosticada com obesidade – enfermidade comumente ligada à hipertensão. A mãe da mulher também tem o diagnóstico e toma medicamentos há anos.

Saiba mais

– A nutricionista Emily Meire de Almeida dá dicas de alguns alimentos que devem ser substituídos.
– O sal refinado, aquele que é comumente encontrado em casa, é danoso, pois não contém nenhum nutriente e ainda apresenta alto grau de industrialização – até mesmo óxido de cal, para evitar a oxidação. Ele pode ser substituído pelo sal do Himalaia ou o sal grosso triturado – que apresenta nutrientes.
– A utilização de temperos naturais é imprescindível, já que aqueles que são industrializados têm muito conservante e sódio. Curry, pimentas, manjericão e orégano, entre outros, são indicados para serem utilizados no lugar.

Jaqueline sabe bem o que pode ocorrer com alguém que não trata a doença de forma correta. A irmã mais velha dela morreu em uma mesa de cirurgia após ter um pico de pressão durante operação bariátrica (ou seja, justamente para combater a obesidade) na mesma época em que ela descobriu que tinha o problema.
“Graças a Deus, eu descobri mais cedo e procurei mudar meu estilo de vida em busca de não aceitar como eu era. Depois que perdi minha irmã, percebi que eu ainda tinha chance”, lembra Jaqueline.

Atualmente, Jaqueline colhe os louros da mudança de rotina: ela saiu da casa dos 82 kg para 59,4 kg em quase dois anos; conseguiu reduzir a pressão para níveis aceitáveis; e cortou alimentos que a faziam mal a curto e a longo prazo. Mas há ainda algo a ganhar: “Mesmo prescrito o uso de medicamento contínuo, eu não quero tomá-los todos os dias”.

Constatação nem sempre é rápida

A hipertensão ocorre quando a pressão arterial está acima do limite considerado normal, que é 120/ 80 milímetros, mais conhecido como 12 por 8. Porém, o diagnóstico pode ser complicado porque muitos sintomas são silenciosos. Jaqueline Menezes, por exemplo, só percebeu a doença após sentir dores de cabeça com um lado do corpo formigando. Esses eram os mesmo sintomas da mãe durante crises mais sérias.

Integrante da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Thiago Oliveira afirma que o quadro no DF é preocupante, mas que em todo o Brasil é ainda pior e ultrapassa o percentual de 32% das pessoas com o problema. O cardiologista da Aliança Instituto de Oncologia explica que a hipertensão é multifatorial e pode ser ocasionada por predisposição, sedentarismo, consumo excessivo de sal e até de bebidas alcoólicas. A obesidade também está relacionada. No DF, 16,7% da população está obesa, segundo os dados da mesma pesquisa. A melhor forma de evitar seria a prevenção a partir de certos cuidados.

Altere hábitos para viver melhor

– Adote alimentação saudável: pouco sal, sem frituras e mais frutas, verduras e legumes.
– Meça a pressão pelo menos uma vez por ano.
– Pratique exercícios aeróbicos
– Mantenha o peso ideal, evite a obesidade.
– Reduza o consumo de álcool.
– Abandone o cigarro.
– Evite o estresse.
– Avalie seu histórico familiar de doenças.

Até crianças passam pelo problema
A hipertensão afeta até mesmo crianças. Segundo o cardiologista Thiago Oliveira, cerca de 5% delas apresentam quadro de hipertensão. Já entre os idosos, o número cresce para mais de 60%. Os adultos na faixa dos 30 anos também procuram os consultórios com frequência. Uma das maiores preocupações do médico é a possibilidade de obter doenças cardíacas decorrentes da pressão alta, pois é grande a possibilidade de morte se não houver cuidados.

Oliveira alerta que não é necessário tratar a hipertensão apenas com medicamentos, como muitos pensam. “Isso é uma cultura errada. É possível tratar sem tomar remédio a vida inteira”, garante. O cardiologista explica que, com a redução de 8 a 10 quilos, as pessoas chegam a reduzir até dois pontos na pressão arterial, o que seria ótimo para o avanço do tratamento.

Vilões

Um dos piores vilões para quem é hipertenso é o sal, já que absorve a água do sangue e, quando em excesso, faz com que ocorra desequilíbrio dos nutrientes, sobrecarregando coração e rins. O sedentarismo também é maléfico aos que têm hipertensão e consequência para quem ainda não a tem.

O personal trainer da academia Bodytech Talles Sucesso ajuda Jaqueline e outros que estão passando pelo problema. Para ele, o melhor é prevenir com exercícios e uma alimentação balanceada, fazendo com que o peso seja controlado e haja menos gordura.

Ele indica que a pessoa comece com a frequência de dois dias por semana e depois avance para três, em uma atividade que goste, para que não haja o risco de abandono.

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