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Brasília

No DF, primeiro dia do Enem conta com muitos sonhos, apesar da crise

Divulgada pelo ministro da educação Milton Ribeiro, o tema da redação foi “invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil”

Redação Jornal de Brasília

21/11/2021 16h47

Foto: Divulgação

Por Amanda Karolyne e Evellyn Luchetta
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O primeiro dia do Exame Nacional do Ensino Médio 2021 foi realizado neste domingo, 21. Linguagens, ciências humanas e a redação são os conteúdos vistos no primeiro dia de prova. 

Divulgada pelo ministro da educação Milton Ribeiro, o tema da redação foi “invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil”. Para esse ano, a versão impressa da prova contou com 3.040.871 inscrições registradas pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), quanto a digital foram 68.891.

De acordo com o professor de redação Salvador Borges, do Centro Educacional CCI Sênior, Samambaia, o tema deste ano fala sobre os direitos e o combate às desigualdades. “O aluno tem de falar do papel social do Estado em garantir a ratificação desse direito”, explica. “Mas foge um pouco do cenário atual do país”, indica. Para ele é um tema bom, e a banca avaliadora quer ver como o aluno disserta sobre a importância da cidadania como um direito inviável. 

Já sobre o conteúdo da prova, a professora colégio do Galois, Liege Pinheiro disse que notou as questões muito individualizadas. “A prova trouxe temas relevantes e importantes para pensar a nossa sociedade. Considero uma prova densa e cansativa, mas não difícil. Ela exigiu do candidato foco e concentração. Considero as questões menos conectadas do que em exames anteriores, a maioria das questões e textos estão muito individualizadas. A prova apresentou temas esperados pela maioria dos professores, discutindo sociedade e cidadania”, avaliou.

Expectativas

Em Águas Claras, na Unieuro, alunos que foram realizar o exame contam suas expectativas. Entre eles, Vitor Mota, 17 anos, não esperava o tema da redação, mas conseguiu dissertar a respeito do tema proposto. “As questões que eu fiz foram tranquilas”, conta

Já Emilly Ravelly, 18 anos, achou a redação a parte mais complicada. O que ajudou, segundo a jovem, foram os estudos que realizou com testes online. “Os testes me ajudaram, essa é a minha primeira vez, eu me preparei mas não tem como ter certeza”, diz. Atualmente, Emily está em um curso técnico e realiza a prova como treineiro. No ano que vem, ela virá mais preparada para a área que almeja. A estudante afirma acreditar que teve mudança de ideologia em algumas questões. “Algumas bem explícitas, mas depois da redação a gente acaba esquecendo tudo”.

Foto: Amanda Karolyne

Mariana Almeida, 17, também está fazendo o Enem pela primeira vez, ela quer fazer o curso de direito. “Esperava um tema mais complexo do que esse, o que pega é que por ser um tema muito aberto, as pessoas podem deslizar mas tem muitas oportunidades para o abordar”, comenta a estudante.

Foto: Amanda Karolyne

Analice Lima, 17, quer cursar algum curso na área de humanas, como direito. Ela diz que gostou do tema, mesmo sendo algo inesperado. “Estava achando que seria algo relacionado a pandemia ou consciência negra”, afirma. Para ela, os textos de apoio deram ajuda na criatividade. Ela ficou um pouco surpresa com as questões, não achou tão difícil. “Muita questão de interpretação, eu não esperava”, termina.

Foto: Amanda Karolyne

Exame ocorre em meio à crise

O Enem deste ano é realizado em meio a uma crise no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão que organiza o exame. Uma debandada de 37 funcionários do Instituto, dias antes à aplicação do exame, fez com que a prova fosse marcada por instabilidades. Um dos motivos, entre vários apresentados, seria a interferência governamental nas questões do exame.

Além do cenário de crise, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) chegou a dizer, em declaração, que agora as questões da prova “começam a ter a cara do governo” e que o exame não repetirá “os absurdos do passado”. O Tribunal de Contas da União (TCU), que abriu, nesta sexta-feira, 19, um procedimento para apurar denúncias em relação à gestão do Inep em possíveis irregularidades na prova.

Após a declaração polêmica e antidemocrática, o chefe do executivo foi bastante criticado pela oposição. “Não há dúvidas de que houve direcionamento e censura às provas. Precisam ser responsabilizados!”, afirmou a deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ), no Twitter.

O Enem deste ano teve o menor número de inscritos desde 2005. O total de candidatos que vai fazer este Enem é de cerca de 3,4 milhões, quase metade do que o Ministério da Educação (MEC) esperava de inscritos no início do ano. O sentimento geral, nos jovens que vão fazer a prova, é de descontentamento com o clima de censura envolto no exame.

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