O estado de emergência ambiental, decretado em 23 de maio deste ano, não foi suficiente para evitar que as queimadas devastassem o cerrado. Apesar de a determinação ter ocorrido antes mesmo que o período de seca tivesse início, a preparação para o combate aos incêndios florestais não ocorreu com a mesma velocidade.
Dos 25 batalhões do Corpo de Bombeiros, apenas 12 estão equipados e preparados para lidar com esses casos. Além disso, as sete novas viaturas importadas e equipadas com reservatório de água, compradas em 2012, ainda não foram entregues aos grupamentos.
Nas palavras de um oficial do Grupamento de Proteção Ambiental, “a quantidade de viaturas é suficiente, mas não é a ideal”. Ele argumenta que o tempo de resposta para atender os casos reduziu entre 2011 e 2013, após a chegada de aeronaves e viaturas, mas poderia ser menor.
“Estamos à espera da entrega das novas viaturas. Elas já chegaram, estão no DF e já foram testadas, mas ainda não foram disponibilizadas aos quartéis”, explica o bombeiro, que acredita que o aumento de grupamentos especializados em combate a incêndios traria resultados melhores.
“Seria razoável termos, no mínimo, uma viatura para cada quartel. Hoje em dia, operamos com uma média de dois a três caminhões tanque nas 12 unidades com grupamento de incêndio”, afirma.
Outra medida determinada pelo governo é o pagamento da chamada gratificação por serviço voluntário, paga a bombeiros e policiais militares – uma espécie de hora extra para atuar nestes casos.
Ocorrências
De 1ª de julho a 6 de agosto, foi registrada uma média de 30 ocorrências de incêndios por dia no Distrito Federal. O número é menor que o registrado no ano passado, com média de 38.
A redução nos casos é considerada pequena, tendo em vista os investimentos feitos pelo governo, como o equipamento para a corporação, como a aquisição de aeronaves e caminhões para transporte de água. Foram investidos, ao todo, R$ 56 milhões com a aquisição de 35 veículos, 30 deles com tanque. O investimento foi grande, mas o governo não se atentou ainda para a questão da ampliação das unidades especializadas.
A reportagem do Jornal de Brasília entrou em contato com a Secretaria do Meio Ambiente para tratar da questão de investimentos, além das medidas que serão tomadas para enfrentar o problema. Mas não houve resposta do governo até o fechamento desta edição.
Fogo perto do Parque Nacional
Na tarde de ontem, um incêndio foi registrado nas imediações do Parque Nacional de Brasília, o maior do ano. Segundo o Corpo de Bombeiros, a área queimada foi de 60 hectares, o equivalente a 600 m2.
As chamas não chegaram a tomar o parque, mas preocuparam a administração do local, que enviou brigadistas para ajudar os bombeiros. Segundo o fiscal da reserva Armindo Pereira, o parque contratou 48 brigadistas para atuar por seis meses. Anualmente esse processo é feito antes do início da seca.
Pereira disse ainda que a maioria dos incêndios registrados no parque são criminosos. “Diariamente pescadores e caçadores entram na reserva. Eles costumam acender fogueiras e não apagá-las ao saírem de onde estão”.
Nesta época do ano, a direção do parque proíbe os frequentadores de acender churrasqueiras e limita os caminhos a serem percorridos em trilhas.
Seca continua
Outras regiões também registraram incêndios ontem: Guará, Taguatinga, Cidade Estrutural e BR-020 foram atendidas pelo Corpo de Bombeiros.
O Instituto de Meteorologia (Inmet) informou que nos próximos dias a umidade relativa do ar deve cair ainda mais, podendo ficar abaixo de 20%.