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Brasília

Não acredito que os militares terão coragem de desafiar a vontade do povo, diz ministra do STM

“Não acredito, como cidadã e como magistrada, que as Forças Armadas têm a pretensão de desafiar o resultado das urnas”, disse

Redação Jornal de Brasília

19/08/2022 21h36

Por Ana Beatriz Martins e Luana Viana
Agência de Notícias do CEUB/Jornal de Brasília

A ministra do Superior Tribunal Militar (STM), Maria Elizabeth Rocha, disse na quinta (19), em evento em Taguatinga, que confia no papel constitucional e democrático dos militares durante o período eleitoral de 2022. “Não acredito, como cidadã e como magistrada, que as Forças Armadas têm a pretensão de desafiar o resultado das urnas”, disse em entrevista à Agência Ceub.

A ministra foi uma das palestrantes do evento “Mulheres Eternas” (em homenagem a 38 brasileiras históricas de diferentes áreas de atuação e que lutaram pela democracia, como Bertha Lutz e Margarida Alves), realizado no campus do Centro Universitário de Brasília (Ceub).

Maria Elizabeth Rocha foi nomeada há 15 anos como a primeira mulher na história do STM. Ela, que foi presidente do órgão entre 2013 e 2015, entende que os militares vão respeitar a lei. “Eu, sinceramente, pelo convívio que tenho com os militares, não acredito. Posso quase jurar que não irão desafiar a vontade popular”

Primeira e única

Além de ser a primeira mulher a ocupar o STM, ela também é a única da história no colegiado composto majoritariamente por militares da reserva. Questionada acerca da possibilidade de novas indicações femininas ao Supremo Tribunal Militar no governo atual, a ministra comenta que “Sinceramente, acho que seria um pouco difícil, considerando as circunstâncias atuais da nossa política nacional”.

Ela ressaltou a necessidade da sororidade nesse campo. “Outros presidentes sucederam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, inclusive uma mulher e ela não indicou nenhuma mulher. E havia essa possibilidade para o meu tribunal”.

Desconforto

A ministra disse que não é fácil ser a única mulher entre 14 homens. Com relação aos desafios de ser uma mulher em posição de poder, em um país patriarcal e em um órgão majoritariamente masculino. “ Muitas vezes, divergir dos meus colegas causa um certo desconforto, porque eu, em tese, não conheço a vida na caserna. Mas eu conheço as leis”.

Ainda sobre os tribunais superiores, ela descreve sentimento comum a outras mulheres em cargos de poder ocupados predominantemente por homens. “Às vezes, me vejo numa situação um pouco parecida com a que a ministra Cármen Lúcia vivenciou recentemente de falar, sobretudo quando eu divirjo, e ser interrompida”.

“A minha visão, não é que seja melhor ou pior do que a deles. É diferente, é uma visão feminina e eu faço questão absoluta de ser diferente”.

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