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Brasília

Moradores reclamam da falta de acessibilidade para atravessar a Avenida Contorno

Segundo o Departamento de Trânsito do DF, foram providenciados estudos técnicos para a colocação de faixas semaforizadas no local

Amanda Karolyne

23/04/2024 21h18

Pedestre atravessando a pista da Avenida Contorno, distante da faixa apropriada. Foto: Amanda Karolyne

A movimentação de veículos na Avenida Contorno do Guará II é intensa, e os pedestres acabam prejudicados na hora de atravessar a faixa para utilizar o transporte público. Os moradores da região tem reclamado bastante sobre a falta de faixas de pedestre ao longo da avenida que tem aproximadamente 32.767 metros. Segundo o Departamento de Trânsito do DF, foram providenciados estudos técnicos para a colocação de faixas semaforizadas no local, para garantir mais segurança aos pedestres no momento da travessia.

Esta é a avenida central do Guará II, com a média de 60 km por hora, em vários pontos ao longo dela, as paradas de ônibus estão distantes das faixas de pedestres ou dos semáforos. A região é mista, com área residencial e comercial. A reclamação dos moradores e trabalhadores é a falta de acessibilidade para chegar até o ponto de ônibus. 

Quem faz a travessia fora da faixa, muitas vezes são os estudantes das escolas da região, ou, como no caso de Isabela Araujo, 15 anos, que estava a caminho da aula de inglês na Cidade Estrutural, e faz esse trajeto perigoso por entre os carros até o ponto de ônibus. “Normalmente eu vou pra escola, que fica na Estrutural. Às vezes quando eu tô indo pra escola, tem menos carro, mas hoje teve bastante carro. Aí tem que atravessar correndo um pouquinho”. A estudante alegou que se tem faixa de pedestre para atravessar, fica bem longe da parada. 

Isabela Araújo esperando o ônibus na Avenida Contorno 

Não é o caso só de Isabela, porque assim como ela, muitas pessoas alegaram não saber onde fica a faixa de pedestres. “Eu nunca passei na faixa. E tem muita parada e nenhuma delas tem faixa para atravessar”, reforça. O caminho feito por cima da grama nas calçadas que dividem as duas vias foi improvisado pelos pedestres. Isabela conta que as pessoas ficam muito tempo nas calçadas, esperando o momento mais propício para passar até o outro lado. “Mas até com faixa, às vezes o carro não para”. Para a estudante, a solução seria ou a de espalhar mais faixas de pedestre pela avenida, ou um semáforo.

Moradora do Guará II a vida toda, a cuidadora Neide Juliana, 62, nunca atravessou a faixa de pedestre da avenida. Ela sempre teve que fazer o caminho mais perigoso, e esperar o fluxo dos carros diminuir para atravessar. “Corre o risco de um carro pegar a gente. Às vezes a gente até perde o ônibus, porque a gente vê que ele está vindo, mas com os carros passando, tem que esperar muito tempo para poder atravessar”. Para no fim, como conclui Neide, o transporte público partir deixando a pessoa para trás. 

Neide Juliana, esperando o ônibus depois de atravessar a pista onde não tinha faixa de ônibus. Atrás dela, Mikele Melo Monteiros e o filho correm para tentar alcançar o ônibus que chegava na parada.

Neide acredita que as poucas faixas de pedestre que existem na Avenida Contorno, devem ter sido colocadas em pontos específicos, como a que fica perto do Corpo de Bombeiros. “Mas, na verdade, a parada é aqui, o povo atravessa aqui correndo o risco de a qualquer hora, alguém ser atropelado”. Ela conta que um dia quase se torna a vítima do acidente de trânsito, porque atravessou no meio da pista e a perna falhou. “Então, já está mais do que na hora deles colocarem faixas perto das paradas de ônibus daqui, porque assim está muito difícil”. 

A estudante Amanda Nascimento de Almeida, 24 anos, mora em Sobradinho e faz estágio no Guará II. Ela costuma pegar ônibus na Avenida Contorno, e atravessa a via em meio aos carros, para poder alcançar a parada a tempo de pegar o transporte público. “Principalmente quando eu vou encontrar com a minha mãe no trabalho dela. Tenho que ir para a W3, e, na verdade, eu nem sei onde é que fica a faixa de pedestre”. O ponto de ônibus onde ela estava, fica depois da QE 30. “Eu acho que a faixa fica bem lá para baixo mesmo. E assim, nós estagiários temos uma vida difícil. Eu, por exemplo, o meu horário era bem mais cedo Só que eu tinha uma lista de coisas para fazer”. E para garantir que o ônibus vai chegar no horário, Amanda afirma que sai correndo. 

Amanda Nascimento de Almeida atravessando a pista da Avenida Contorno para chegar até a parada de ônibus 

A estagiária acredita que seria interessante ter algum método de travessia perto das paradas. “Até porque, tantas pessoas que vão pegar o ônibus, ou que descem do ônibus, muitas vezes chegam a um ponto que não é necessariamente perto para elas terem que andar mais”. 

Correndo para pegar o ônibus com o filho, Mikele Melo Monteiros, 42, operadora de telemarketing, quase não teve tempo de relatar que infelizmente, faz essa travessia rotineiramente. “Estou indo para a escola do meu filho. E todo dia temos que correr, porque a faixa de pedestre fica muito longe, sem opção de outra faixa”. 

A geóloga Stella Bijos Guimarães, 42 anos, mora com a família há muitos anos no Guará II. Ela conta que não só quem vai pegar ônibus tem que enfrentar o problema das faixas de pedestre, bem como os moradores que vão atravessar para ir até a escola buscar os filhos, ou simplesmente, ir até a padaria comprar pão. “Minha filha de 13 anos não vai sozinha, sempre tem um adulto com ela para atravessar os dois sentidos da via”.  Ela conta que ali na Área Especial 4, tem o curso de inglês, e o comércio que a família costuma frequentar, com farmácia e outras coisas essenciais. “O acesso ao comércio é arriscado”, comenta. 

Para a geóloga, o problema está na quantidade de semáforos. “Se tivesse menos semáforos e mais faixas de pedestre, eu acho que poderia atingir melhor a comunidade. “Quem desce da parada na QE 30, por exemplo, e tem que atravessar para o lado de lá, não atravessa em uma faixa, tem que esperar o sinal fechar e só é acionado se alguém apertar”, comenta. Stella já participou até de abaixo assinado que reivindicava uma faixa de pedestre mais próxima aos prédios. “Porque além de todo o transtorno, tem creche aqui perto também, então às vezes você tem que atravessar com criança bem pequena, então para fazer uma travessia segura, às vezes com carrinho de bebê, não dá pra sair correndo”. A moradora da região também adiciona que seria essencial que as faixas de pedestre tenham acessibilidade de rampa para carrinho de bebê, cadeirantes, ou pessoas mais idosas. 

Detran DF tem feito estudos técnicos para a instalação de semáforos na via

A Administração Regional do Guará informou a equipe do Jornal de Brasília que já solicitou ao Detran, para que sejam feitas instalações de novas faixas de pedestres. Mas segundo o Detran DF, por se tratar de uma via de arterial com três faixas de rolamento e velocidade de 60 Km/h, a Diretoria de Engenharia de Trânsito do Detran-DF providenciou estudos técnicos para a colocação de faixas semaforizadas na região para garantir mais segurança aos pedestres no momento da travessia. O órgão acrescentou que está em tratativas com outros equipamentos do GDF para implementar faixas com a estrutura e iluminação necessárias, previstas no novo Estudo de Impacto de Vizinhança. 

A orientação do Detran, até a colocação das novas faixas, é que as pessoas atravessem no local da faixa de pedestres na via citada, mesmo que tenham que andar um pouco, pois a vida é mais importante. “Também nunca se descuidem de crianças nas proximidades das vias para que não haja riscos de atropelamentos”, ressaltou em nota.

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