Paralisação geral. Hoje, os 130 mil usuários do metrô do Distrito Federal não vão poder utilizar os vagões. Insatisfeitos com o atual deficit de pessoal nas estações, servidores decidiram parar o maquinário. Aqueles que dependem do transporte devem buscar alternativas para se locomover. De acordo com o DF-Trans, haverá reforço de 80 ônibus para que os passageiros não sejam muito prejudicados.
“Impossível não sentir a paralisação. Eu dependo do metrô para trabalhar e vou ter que pegar ônibus superlotados. Já vou avisar o chefe”, diz o agente de vigilância Francisco de Assis. O morador de São Sebastião foi surpreendido com a notícia da greve, porém reconhece a necessidade de melhoras no serviço. “Não é bom. Se eles vão parar é porque falta investimento”, afirma.
Para quem não é de Brasília, inclusive, o Metrô-DF não se compara ao serviço oferecido em São Paulo e no Rio de Janeiro. “Já morei nessas duas cidades e posso dizer, aqui fizeram uns trens melhorados, nada mais. A velocidade é baixa e o espaço de tempo entre um vagão e outro é de 10, 20 minutos. E se os servidores estão insatisfeitos é porque a coisa não está boa mesmo”, opina o professor Marcelo Teófilo.
Entre as principais reivindicações está a necessidade de aumento no quadro de seguranças, passando de 140 policiais metroviários para, pelo menos, 640. Além disso, argumenta o sindicato da categoria, hoje existem apenas 166 agentes atuando nas linhas, quando o ideal são 750. Até o número de pilotos, que está em 150, deveria dobrar.
Uma servidora do Metrô-DF admite a paralisação e a sobrecarga de serviço. “Vamos parar tudo. Não dá. O governo não houve nossos apelos. Da outra vez, também foi assim. É preciso que a população seja prejudicada para que a gente consiga uma negociação justa”, expõe.
Na outra ponta, o Metrô-DF alega desconhecer os motivos da paralisação, pois foi definido cronograma para novo concurso e feita a revisão da tabela salarial.
Algema vira cadeado
À mercê da insegurança, a população do Distrito Federal se mostra insatisfeita quanto à prestação de serviços públicos. E, para piorar, o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar iniciaram a conhecida “operação tartaruga”. Coincidência ou não, a reportagem do JBr flagrou, ontem, dois postos da PM vazios.
O cenário é de abandono. O posto policial da 104 Norte estava sem agentes ou viaturas. Uma algema servia como cadeado. Ainda na Asa Norte, a situação não era diferente no posto da 312.
Oficiais que preferiram não se identificar contaram à reportagem que a operação tartaruga é a única opção, uma vez que a lei não permite que os militares façam greve.
Polícia justifica abandono dos espaços
Segundo o chefe do Centro de Comunicação Social da PM, coronel Goulart, “a Polícia Militar desconhece qualquer indício de greve. Essa medida foi determinada por apenas algumas associações”.
Quanto aos postos vazios, o coronel alega que seria preciso analisar os casos separadamente para saber ao certo o que aconteceu. Goulart justifica, entre as possibilidades dos episódios, a de o agente ter sido acionado para atender uma ocorrência. “Às vezes é mais prático ter um agente em viatura pela mobilidade que ele pode ter. Mas pode ser por falta de efetivos na escala”, diz.
A situação preocupa a comunidade. Para o dono de uma banca de jornal José Antônio, a decisão dos militares só tem pontos negativos. “Estou inseguro de vir trabalhar. Normalmente já corremos perigo, e agora, então, como vou abrir a banca sabendo que não tem policiamento nas ruas?”, reclama.
O militar aposentado Wanderliro Barbará é enfático em seu posicionamento: “De todas as formas, sou contra essa greve. Prejudica a população e não ajuda ninguém”, diz.
Também morador do Plano Piloto, Benjamin Feitosa costuma passear com a esposa aos domingos e comenta que ficou assustado ao saber da greve. “Ficamos com a sensação de incerteza. A gente começa a pensar se o que está ruim pode piorar ainda mais”, pontua.