Por Maria Eduarda Lima e Ana Tominaga Agência Ceub/Jornal de Brasília
Dos traçados dos arquitetos Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, há 64 anos, em 21 de abril de 1960, nasceu a nova capital do país, Brasília.
Com a promessa de trazer inovação e desenvolvimento para o interior do Brasil, Brasília foi erguida com a contribuição de profissionais empenhados em unir forças para tirar do papel ideias que se transformaram em realidade.
Um desses protagonistas menos registrados nos livros de história está Joffre Mozart Parada (1924-1976), natural de Vianópolis (GO). Ele teria sido o primeiro engenheiro a chegar a Brasília.
Formado pela Escola Nacional de Minas e Metalurgia de Ouro Preto (MG), em 1949, Joffre trabalhou na Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) e foi o responsável pela desapropriação de fazendas para a construção de Brasília.
Ele chefiou a equipe que fez a demarcação do Plano Piloto e o Marco Zero. Os limites do Lago Paranoá também foram demarcados por Joffre.
Em entrevista, a engenheira Thelma Parada, filha de Joffre, relembra as contribuições do pai para a construção da Capital.
Responsável técnico pela implementação de Brasília, o engenheiro não levou a fama que outros companheiros, como Bernardo Sayão, Lúcio Costa e Israel Pinheiro, levaram. Para a família, a personalidade tímida de Joffre contribuiu para menor visibilidade.
“A gente entende o porquê. Era dele mesmo, quando ele via um fotógrafo ele já se escondia. Muitas vezes ele estava atrás da câmera”, relata Thelma.

Mudança da Capital
Logo após o anúncio da construção de Brasília, feito pelo presidente Jucelino Kubitscheck em 1956, Joffre se mudou para o Planalto Central.
Um sonho para muitos, mas contestada por outros, a mudança da capital gerava polêmica. Em um seminário em São Paulo, Joffre, ainda estudante, falou sobre a mudança.
“Ele foi vaiado, mas ainda sim ele tinha muita esperança na mudança da Capital”, narra Thelma.
Um de seus trabalhos mais importantes foi a demarcação das terras e criação do primeiro mapa do Distrito Federal. “Ele fazia o levantamento de cada fazenda, andava de jeep, cavalo e tudo mais”.

Legado
Com poucos projetos patenteados e muita discrição em seus trabalhos, a família Parada só descobriu muitos de seus trabalhos depois de sua morte.
“Ele não contava nada do que ele fazia. Eu mesma só vim saber do que ele tinha feito através de jornais, depois que ele faleceu”, conta Thelma.
Para a engenheira, o maior legado deixado pelo pai foi o amor ao trabalho, a responsabilidade e a honestidade.

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira