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Brasília

Máscara Vesta, criada pela UnB, é aprovada pela Anvisa

A Vesta é uma versão inovadora da máscara PFF2, sendo capaz de reduzir o contágio pela inativação do coronavírus

Redação Jornal de Brasília

03/05/2022 18h35

Pesquisadores da UnB Mário Rosa (esq.) e Rodrigo Carregaro (dir.) integram o projeto. Além de atender demanda das equipes de saúde, a produção da Vesta pode ajudar a fortalecer a cadeia produtiva do camarão, beneficiando pequenos produtores. Foto: Anastacia Vaz/Secom UnB

A máscara Vesta, criada por pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB), foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), após dois anos de estudos. A liberação ocorreu no mês de março. Fabricada com tecnologia 100% nacional, a Vesta é uma versão inovadora da máscara PFF2, sendo capaz de reduzir o contágio pela inativação do coronavírus a um baixo custo.

Fruto da parceria entre governo, centros de pesquisa e iniciativa privada, a tecnologia foi desenvolvida no âmbito do projeto Vesta – parte de outra iniciativa maior coordenada pela UnB, o Égide –, que envolveu uma equipe de mais de cem pesquisadores brasileiros de diferentes áreas do conhecimento, entre elas, saúde, engenharias e ciências humanas e sociais. Entre os principais parceiros estão o Laboratório de Avaliação e Desenvolvimento de Biomateriais do Nordeste (Certbio) da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), na Paraíba, e o Instituto Aggeu Magalhães (IAM) da Fundações Oswaldo Cruz (Fiocruz), em Pernambuco.

A máscara Vesta possui uma camada composta de nanopartículas de quitosana, substância extraída da carapaça de crustáceos, como camarão e lagosta, capaz de barrar o vírus. A propriedade virucida da quitosana foi descoberta pelo Certbio da UFCG.

Além do apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF) para realização dos ensaios clínicos, a pesquisa contou com contribuições financeiras individuais, bolsas de curta duração do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e doações obtidas pelo fundo instituído pelo Comitê de Pesquisa, Inovação e Extensão de combate à covid-19 da UnB (Copei), criado em 2020 para viabilizar ações de enfrentamento ao coronavírus.

Segundo o professor do curso de Fisioterapia da Faculdade UnB Ceilândia Rodrigo Carregaro, integrante do projeto, teste piloto foi realizado no ano passado, com um pequeno grupo amostral, no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), e, naquele momento, os resultados já se mostraram promissores. “O foco é aumentar a segurança dos profissionais de saúde que atuam na linha de frente”, lembra.

Ele ressalta que a partir de junho começam novos testes clínicos envolvendo 700 profissionais de saúde da unidade. “Vamos seguir avaliando a eficácia da quitosana que poderá ser utilizada, no futuro, para outros fins, como proteção contra o vírus da gripe”, diz.

Com a liberação da Vesta pela Anvisa, devem ser produzidas, inicialmente, 14 mil unidades, que serão doadas a hospitais da rede pública. No próximo semestre, ela deve estar à venda nas farmácias. A empresa Life Care Medical Indústria e Comércio será responsável por fabricar e comercializar o produto no país.

PESQUISA, DESENVOLVIMENTO E INOVAÇÃO

O pesquisador colaborador da Faculdade UnB Gama Mário Rosa, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Biomédica, observa que a crise de saúde pública causada pelo coronavírus acelerou o processo de pesquisa, desenvolvimento e inovação. A máscara modelo PFF2 com barreira protetiva de quitosana foi desenvolvida no Brasil em apenas dois anos, e, ainda neste ano, deve ser produzida em escala industrial.

Confira a cronologia de execução do respirador Vesta dentro do projeto Égide. Arte: Luísa Reis/Secom UnB

“Chegar a esse resultado tão rápido só foi possível porque havia uma estrutura de pesquisa pré-existente, articulada e enraizada. O que a crise de covid-19 fez foi acelerar o processo, da pesquisa do material à transferência da tecnologia à iniciativa privada”, observa. O pesquisador destaca que a UnB receberá os devidos royalties quando o produto já patenteado pela Universidade começar a ser comercializado.

Outro destaque é o fato de a produção poder ajudar pequenos produtores de camarão no litoral do nordeste e fortalecer um setor econômico estratégico para o país, como é o caso do complexo industrial da saúde. A pandemia evidenciou o quão importante é investir na produção nacional de bens estratégicos. “No auge da crise, faltaram máscaras que, de repente, passaram a ser demandadas ao mesmo tempo no mundo todo”, lembra Mário.

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