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Brasília

Marielle Franco: ex-bombeiro Suel chega em Brasília e ficará em presídio federal

Antes da transferência ao prédio, ele passou por um exame de corpo de delito no Instituto de Medicina Legal (IML)

Evellyn Luchetta

25/07/2023 19h53

O ex-bombeiro Maxwell Simões Correa, suspeito de envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), é escoltado por agentes da Polícia Federal ao chegar a Brasília em 25 de julho de 2023. O diretor da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, disse aos repórteres que Simões Correa supostamente desempenhou “um papel importante antes e depois do crime”, principalmente ao “monitorar” os movimentos de Franco. (Foto de Sergio Lima/AFP)

Acusado de ocultar armas de fogo de uso restrito que pertenciam ao autor [Ronnie Lessa] dos disparos que mataram a ex-vereadora Marielle Franco, o ex-sargento do Corpo de Bombeiros, Maxwell Simões Correa, conhecido como Suel, foi transferido do Rio de Janeiro para a unidade do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), no fim da tarde desta terça-feira (25).

Suel desembarcou no Terminal 2 do Aeroporto de Brasília por voltas das 17h20. Uma escolta com pelo menos 40 policiais federais o transporte do homem até a penitenciária.

Antes da transferência ao prédio, ele passou por um exame de corpo de delito no Instituto de Medicina Legal (IML).

O ex-bombeiro foi preso nesta segunda-feira (24), no âmbito da Operação Élpis, deflagrada pela Polícia Federal e pela Força Tarefa Marielle e Anderson (FT-MA), junto com o Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio de Janeiro, depois de uma delação premiada feita pelo ex-policial militar Élcio de Queiroz, preso em 2019, sobre as mortes de Marielle e seu motorista, também assassinado no dia, Anderson Gomes. Os fatos aconteceram no Rio de Janeiro em março de 2018.

Élcio declarou ter sido o motorista do veículo usado no crime. Segundo a delação, o ex-policial Ronnie Lessa foi o autor dos disparos que provocaram as mortes de Marielle, de Anderson e ainda feriram a assessora Fernanda Chaves. As informações são da Agência Brasil.

Segundo o MPRJ, antes do crime, Maxwell Simões Corrêa participou da vigilância da vereadora, e depois, trocou as placas do veículo usado nos assassinatos, jogou fora as cápsulas e munições usadas e providenciou o desmanche do carro. O ex-bombeiro também seria responsável por manter financeiramente a família de Élcio Queiroz, assim como por arcar com as despesas de sua defesa.

Defesa

A defesa de Maxwell Simões Corrêa informou que ainda não tem condição de se manifestar sobre a prisão do cliente. “A defesa teve acesso ontem aos autos, porém ainda não terminou o estudo do caso para se manifestar no momento”, disse a advogada Fabíola Garcia à Agência Brasil.

Ainda segundo a advogada, o cliente passou por uma audiência de custódia ontem na Superintendência da PF, onde permaneceu desde que foi preso pela manhã. “[A audiência foi] apenas para constar para o cumprimento do mandado de prisão”.

A defesa de Ronnie Lessa alega que o cliente é inocente.

O Ministério da Justiça e Segurança Pública disse em nota que “fornece informações sobre transferência de presos”.

Avanço

O promotor do MPRJ, Eduardo Martins, disse que após cinco anos do crime, enquanto muitos achavam que não seria possível avançar nas investigações sobre os assassinatos, a delação vai permitir chegar a outros eventuais participantes do crime e possivelmente chegar aos mandantes. “Com isso, esclarecemos muitos detalhes que estavam obscuros, detalhes ainda sobre a execução que permaneciam obscuros e a partir daqui a Polícia Federal e o Ministério Público vão prosseguir na tentativa de identificar os demais partícipes do crime”, apontou em entrevista coletiva nesta segunda-feira.

Para o coordenador do Gaeco, promotor Fábio Corrêa de Mattos Souza, o trabalho realizado pela PF e pela MP, que resultou na delação, foi de muita paciência e perseverança e “abre uma perspectiva de revisitar todas as provas que foram amealhadas anteriormente, no sentido de ratificar e ampliar os aspectos dessa investigação”.

O coordenador afirmou também que as instituições estão buscando e oferecendo respostas ao longo do período de investigação.

“Cada vez mais, mais detalhes do que aconteceu efetivamente naquela noite estão sendo descortinado e a ideia é que se apresente no momento do júri tudo que efetivamente aconteceu. Todas as questões já postas, foram ratificadas e cada vez mais ampliadas”.

Reunião

Nesta segunda-feira (24), representantes da Defensoria Pública do Rio de Janeiro e familiares de Marielle Franco e Anderson Gomes se reuniram com integrantes do MPRJ e da Polícia Federal. De acordo com a DPRJ, o encontro serviu para atualizar as informações sobre as investigações do crime, principalmente depois da prisão de Maxwell Simões Corrêa.

“Os desdobramentos do caso também abrem a possibilidade para que outras linhas de investigação permitam aprofundar a apuração dos mandantes desse crime”, diz a defensoria em nota.

O defensor público do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos da DPRJ, Fábio Amado, que está à frente do caso, disse que “a reunião também foi crucial para reforçar a importância de garantir o acesso dos familiares à investigação, algo já autorizado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em abril deste ano”.

Na reunião, Marinete da Silva, a mãe de Marielle, agradeceu aos investigadores pelo avanço nos trabalhos e revelou que a família ficou mais esperançosa com os últimos acontecimentos, mas aguarda pela definição de quem foi o mandante do crime.

“Vamos continuar lutando e agradecendo toda a equipe que tem se empenhado ao máximo para condenar e chegar aos culpados pelo assassinato de Marielle e Anderson. Estamos nas vésperas do aniversário dela, dia 27 de julho, e a gente vai continuar na luta!”

O crime ocorreu no dia 14 de março de 2018, por volta das 21h30, na Rua Joaquim Palhares, no bairro do Estácio, na região central da capital. Os dois foram mortos a tiros dentro de um carro. A assessora também estava no veículo, mas sobreviveu aos ferimentos.

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