Luís Augusto Gomes
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O plano para conter a violência no Distrito Federal passa, necessariamente, pelo combate ao tráfico de drogas. Mas os planos traçados pela Polícia Civil para enfrentar esse mal, já estão traçados. Em entrevista ao Jornal de Brasília, a delegada Mailine Alvarenga, primeira mulher a assumir a direção-geral da corporação, e que ocupa o cargo há oito meses, falou das propostas a serem implementadas. Com a experiência de 23 anos de serviços estritamente policiais, depois de ingressar na instituição, em 1988, mediante concurso público, Mailine disse que entre as metas estão o reforço no contingente, aquisição de equipamentos, melhorias no Instituto Médico-Legal (ILM), Instituto de Criminalística (IC) e Instituto de Identificação (II).
A estatística divulgada pela Secretaria de Segurança Pública, mostra que a violência aumentou. O que a Polícia Civil vai fazer para reduzir a criminalidade? Tanto as delegacias circunscricionais quanto as especializadas têm trabalhando muito em todos os setores para combater a violência. Os dados divulgados mostram que a população está acreditando, cada vez mais, na Polícia Civil, e por isso vem registrando um número maior de ocorrências. Os crimes estão sendo solucionados e os envolvidos, presos, denunciados e condenados. No entanto, não se pode mantê-los fora do convívio social.
Há um planejamento para identificar a hora, o local, o tipo de crime e em qual região ocorre com mais frequência?
Sim. Nosso serviço de inteligência faz uma análise criminal para saber o que está ocorrendo em cada área. Dessa forma, podemos identificar a elevação ou redução de crimes por região. A população e a imprensa têm sido parceiros nesse contexto. As denúncias estabelecem um elo de confiança e respeito no trabalho da Polícia Civil para enfrentar a violência e dar tranquilidade à sociedade. Afinal, nós policiais também moramos na cidade.
Qual o crime que mais preocupa a Polícia Civil?
Nosso dever é combater todos eles sem distinção. Sabemos que há uma mobilização mundial no combate ao tráfico de drogas e, no Distrito Federal, não é diferente. Esse crime impulsiona todos os outros. Por isso, temos consciência da necessidade de um tratamento específico. Esses dias, uma senhora me disse que um traficante havia comprado um botijão de gás para ela. Eu respondi que ela deveria denunciá-lo. Não tem traficante bonzinho. Hoje, ele ajuda. Amanhã, alicia seu filho ou um outro parente para vender droga.
O que está sendo feito para enfrentar o tráfico de drogas, não só na Área Central de Brasília, mas em todo o DF?
Uma das determinações do governador Agnelo Queiroz é o combate ininterrupto ao tráfico, orientar e recolher o usuário para tratamento e o engajamento de todas as secretarias que tratam do problema. Na Polícia Civil, temos as delegacias circunscricionais que investigam o traficante do varejo, e a Coordenação de Repressão às Drogas (Coord) voltada para os grandes fornecedores, que trazem o entorpecente para o DF. Este ano, mais de uma tonelada de droga foi apreendida. Os números mostram também elevação de 54,1%, nas prisões. Passou de 691 no primeiro semestre do ano passado para 1.056 no mesmo período deste ano.
Há alguns meses, comentou-se a apreensão, no DF, de uma droga chamada oxi. Esse entorpecente realmente existe?
Nada foi comprovado com relação a essa droga. Tanto o Instituto de Criminalística da Polícia Civil – considerado referência nacional e a prova disso é que atuamos em tragédias que ocorreram no País, como por exemplo, desastres aéreos –, como o da Polícia Federal não confirmam a existência do oxi. Isso é um apelo de traficantes incomodados com o combate ao crack. Acredito que a união dos órgãos governamentais para reduzir a venda e a prevenção e redução do consumo são fundamentais.
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