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Brasília

Maior parcela de brasilienses em idade escolar se encontram na rede particular

O Distrito Federal está no topo da lista das unidades da Federação que mais procuram por escolas particulares para educar as crianças

Redação Jornal de Brasília

14/02/2022 6h22

Foto: Gabriel de Sousa/Jornal de Brasília

Mayra Dias
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Quase um a cada três alunos da educação básica está matriculado em colégios da rede privada. Isso é o que mostram os dados da 1ª Etapa do Censo Escolar 2021, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Tais números colocam o Distrito Federal no topo da lista das unidades da Federação que mais procuram por escolas particulares para educar as crianças.

Conforme traz o documento, a educação infantil, que compreende crianças até 6 anos, é a que possui a maior parcela de matriculados em instituições que cobram mensalidade. A pesquisa registrou, dentre os 98 mil estudantes incluídos da coleta, mais de 52 mil crianças nas instituições privadas, o que corresponde a cerca de 53,9% da amostra. A porcentagem, desta forma, é a maior do Brasil, e, além disso, a capital federal é a única que ultrapassou a casa dos 50%.

Na avaliação de Saulo Pequeno, doutor em educação e professor do CEUB, paralisação das aulas e as atividades remotas influenciaram, de forma significativa, os resultados encontrados pelo Inep. O prolongamento do isolamento social, como ele explica, dadas as dificuldades de contenção da pandemia, afetou o processo educativo dos estudantes. “Para crianças em desenvolvimento, e especialmente na educação infantil, o ambiente de convivência tem caráter social, afetivo, e também educativo, uma vez que a troca de experiências, referências e trajetórias alicerça o processo de formação humana na composição dinâmica que caracteriza a educação”, desenvolve o docente.

Conforme salienta o profissional, as crianças não podem se sentir em ‘déficit’ ou ‘prejuízo’, pois isso pode criar ou reforçar estigmas que dificultam o processo educativo. “Levando em consideração os objetivos gerais e curriculares, é necessário que professoras e professores compreendam a situação particular de aprendizagem de suas turmas, para elaborar estratégias dedicadas ao perfil que encontram, com o apoio das instâncias de gestão escolar”, pontua Saulo.

O DF, contudo, não ficou em destaque apenas nessa área. O topo do ranking de alunos em tal formato escolar também é ocupado pela capital no ensino médio. Mais de 24% dos 116 mil jovens que se encontram neste nível estão em escolas particulares. Tal cenário só muda quando se trata do ensino fundamental. O Censo mostrou que o DF fica na segunda colocação, seja nos anos iniciais ou nos finais, ficando atrás somente do Rio de Janeiro.

Moradora de Planaltina DF, Eliane Pena é uma das brasilenses que optou por pagar pela educação dos filhos. “A pandemia, mesmo trazendo crise financeira, deixou a educação ainda mais precária. Achei arriscado tirá-los da escola particular pois acredito que a rede pública não daria conta de suprir, de forma efetiva, as necessidades deles”, conta a dona de casa e mãe de dois meninos, um de 5 e um de 7 anos. Ela relata que, mesmo ainda vendo muitos problemas em como a escola em que os filhos estão gerenciou os últimos anos, essa situação seria ainda pior se os tirasse da escola. “O momento já é delicado e mexe com a cabeça de todos, independente da idade. Mudar drasticamente a forma como eles estavam acostumados a frequentar o colégio e, ainda, afastá-los dos colegas que eles já haviam feito, seria um choque muito grande”, defende Eliane.

Como ela relata, desde o início da pandemia, a escola das crianças providenciou todas as ferramentas necessárias para que a aprendizagem dos alunos não ficasse defasada ou atrasada. “Vi um esforço muito grande da parte deles em, mesmo à distância, continuar dando atenção às particularidades de cada aluno durante as aulas online”, conta, afirmando que sempre acompanhava as aulas dos filhos durante o período em que estas foram ministradas remotamente. “Todas as vezes que precisei tirar alguma coisa referente às atividades de casa ou referentes a própria instituição, consegui, facilmente, me comunicar com os professores e coordenadores, e isso é uma coisa que eu prezo muito”, destacou Eliane.

Tal fator, de acordo com o que destaca Alexandre Veloso, presidente da Associação de Pais e Alunos do DF (Aspa), é um dos pontos mais comentados na entidade. “A previsibilidade foi o que os pais apontaram, como a principal vantagem das escolas pagas”, confirma Alexandre. “Aqui você sabe quando o ano letivo acaba e termina. Não há surpresas, graves, paralisação”, complementou o representante. Ainda segundo o dirigente, o produto que foi entregue pela rede pública na capital do país. “Tínhamos muitas reclamações sobre as dificuldades nas aulas remotas e as incertezas a respeito das aulas presenciais”, comenta o titular. “Para não correr o risco, quem pôde, preferiu transferir para uma escola particular”, completou. Como ele acredita, esta foi uma alternativa encontrada pelos responsáveis de tentar recuperar o prejuízo deixado pelos últimos dois anos.

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