Carlos Carone
Casos de roubos, estupros e crimes contra o patrimônio deixaram de ocorrer apenas em locais escuros e isolados. Banhistas, pescadores e esportistas que aproveitam o dia às margens do Lago Paranoá tornaram-se alvos de criminosos, que aproveitam para atacar em regiões onde o policiamento não é tão ostensivo.
No último final de semana, com o sol forte, a orla do lago estava repleta de pessoas que aproveitavam o dia para atividades de lazer, mesmo com as últimas notícias envolvendo o estupro de uma adolescente e o roubo cometido contra dois amigos que pescavam no lago. A reportagem do Jornal de Brasília percorreu os pontos mais frequentados pelos brasilienses que curtem passar o dia às margens do Paranoá.
Na chamada Prainha, que fica ao lado da Ponte Costa e Silva, o primeiro sinal de perigo: homens consumiam drogas tranquilamente, bem próximos do espelho d’água. Não havia pescadores nem banhistas na região, principalmente por ter se tornado reduto de usuários de crack e moradores de rua.
Do outro lado da ponte Costa e Silva, onde há uma área para banhistas, o cenário já era diferente. Famílias inteiras se divertiam pescando, ouvindo música e fazendo churrasco.
O eletricista Robson Pereira, 28 anos, mora em Samambaia e costuma aproveitar os dias de folga para fazer atividades com a família às margens do lago. “Trazer meus filhos para cá é muito melhor do que enfrentar um shopping lotado”, diz. No entanto, Robson afirmou que não espera anoitecer para deixar o lago por medo de violência.
O motorista Joelson Santos, morador de Ceilândia, contou que frequenta a orla do parque há 22 anos, sempre para pescar e levar os filhos para aproveitarem o final de semana. Mas, ultimamente mudou a rotina. “Com essas notícias sobre a violência chegando bem perto do lago não posso permanecer muito tempo por precaução. Antes que o sol se ponha e fique perigoso, às 16 horas, já arrumo as minhas coisas e volto para casa”, disse o pescador.
O assessor de Comunicação da PM, coronel Paulo Roberto, diz que a polícia trabalha com estatísticas. Segundo ele, não estava tendo registro de violência na orla do Lago. Mas, após alguns registros, como o caso da menina estuprada perto do Paranoá, o policiamento será reforçado. Como a área é muito grande, ele diz que se torna mais difícil a fiscalização e muitos se aproveitam disso, inclusive para o uso de drogas.