João Paulo Mariano
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Após anos de processos administrativos correndo no Ministério das Relações Exteriores e de mais de uma acusação de agredir mulheres, o diplomata Renato de Ávila Viana foi demitido. A exoneração foi publicada nesta quinta-feira (20), no Diário Oficial da União (DOU). Um dia antes, ele foi levado à delegacia após ser acusado de ter agredido a namorada.
Na publicação do DOU, o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, afirma que a demissão estaria fundamentada no julgamento do Processo Administrativo (PAD) disciplinas a qual Renato respondeu. O servidor, que estava no Itamaraty há anos, foi demitido do cargo de primeiro-secretário do MRE, entre outros motivos, por desrespeito a correta conduta de um funcionário público.
Dentro do Itamaraty, ele já respondia por suposta agressão a uma outra servidora, além de já ter sido alvo de outros processos por má conduta durante o tempo de serviço fora do país.
Último caso
Na manhã desta quarta (19), a Polícia Militar recebeu vários chamados de moradores do Bloco H da 304 Norte. Uma mulher estaria gritando por socorro dentro de um dos apartamentos. Quando os policias chegaram, a mulher não respondia a nada, apenas o homem.
Após verificação, foi percebido que se tratava de Renato de Ávila e da namorada. A mulher, depois de um tempo, até se pronunciou, mas, como poderia estar sendo ameaçada, a corporação insistiu que ocorresse uma conversa. Nesse meio tempo, Renato teria começado a xingar os policias de “safados”. Os PMs tiveram que arrombar a porta do apartamento, já que eles não abriam. É possível ver esse momento em vídeo.
Ao entrar no local, os policiais perceberam que os braços da mulher estavam marcados e, por isso, prenderam o homem em flagrante. Todos foram encaminhados à 5ª DP. O caso foi registrado com base na Lei Maria da Penha. Após os depoimentos, Renato foi liberado por pagar fiança.
No ano passado, ele já tinha sido acusado de ter arrancado o dente de uma mulher após uma agressão.
“Sem surpresa”
A defesa de Renato de Ávila afirmou que a demissão não foi uma surpresa, já que ele sofria “perseguição política” por ter se oposto a algumas práticas conduzidas pelo Itamaraty. Em relação ao caso de violência doméstica de ontem, ela nega que seu cliente tenha agredido a namorada. “Ela teve um surto porque não queria ficar sozinha com a mãe que tenta interná-la”, afirma a advogada Dênia Érica Gomes Magalhães. Após o fato, a jovem teria sido internada em uma clínica por sofrer “de um transtorno mental”.
O Ministério das Relações Exteriores informou que não vai se pronunciar sobre o caso além do que está disposto no Diário Oficial da União (DOU). A instituição ainda respondeu sobre a acusação de demissão por perseguição política.
A Associação dos Diplomatas do Brasil (ADB-Sindical) emitiu nota onde reitera repúdio a quaisquer atos de violência e discriminação contra as mulheres. A ADB-Sindical ainda informou que já se manifestou em diversos momentos a preocupação diante das agressões cometidas por Renato de Ávila.
“É indispensável celeridade na apuração desses novos fatos e a aplicação urgente de medidas cabíveis ao caso. Não pouparemos esforços para exigir que episódios dessa natureza sejam punidos severamente na forma da lei”, finaliza a nota.