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Brasília

Indígenas guaranis invadem escritório de Itaipu em Brasília e reivindicam território

Os indígenas pedem que seja feita uma reparação histórica em razão das áreas alagadas de suas terras para o reservatório da usina

Redação Jornal de Brasília

25/04/2024 18h59

Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados

JOÃO GABRIEL E JORGE ABREU
BRASÍLIA, DF, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Indígenas do povo avá-guarani invadiram, na tarde desta quinta-feira (25), o escritório da usina binacional de Itaipu, em Brasília. O protesto pede que seja assinada uma carta de compromisso da empresa com as reivindicações do movimento.

Os indígenas pedem que seja feita uma reparação histórica em razão das áreas alagadas de suas terras para o reservatório da usina. Dizem que o ato é para “reivindicar o território que Itaipu nos deve”, no estado do Paraná.

Eles afirmam que territórios utilizados pela empresa pertencem ao seu povo, para moradia e por serem sagradas para seus antepassados.

O povo avá-guarani move contra Itaipu uma ACO (ação cível originária) sobre esta demanda. O STF (Supremo Tribunal Federal) criou uma mesa de negociação, mediada pela AGU (Advocacia-Geral da União), para tratar do tema.

Os indígenas reclamam, no entanto, de que a empresa não compareceu à última reunião do grupo e, passado um mês, tampouco apresentou justificativa para a ausência ou argumentos para as negociações.

“Até agora a empresa não sentou frente a frente com as lideranças para ouvir as razões de nossa proposta”, diz a carta.

“Nós estamos dispostos a dialogar sobre essa e outras propostas, mas sobretudo queremos ser ouvidos, com respeito e atenção”, continua o documento.

O movimento diz que não sairá do prédio até que seja assinada a carta, que contém quatro reivindicações.

Dentro do escritório, a ocupação é comandada por cerca de dez pessoas. Do lado de fora, mais indígenas fazem um protesto.

Primeiro, pedem que Itaipu participe de todas as reuniões e trate os indígenas com respeito; segundo, demandam que seja feita uma conversa em até sete dias; depois, exigem que o processo seja tratado com celeridade, uma vez que os indígenas vivem em situação de vulnerabilidade; e, finalmente, reivindicam que seja feita “a reparação da dívida histórica” da empresa com o povo.

A manifestação acontece paralelamente a uma marcha de indígenas, em Brasília, que faz parte do Acampamento Terra Livre, o principal evento do movimento no ano.

Em 2024, conforme publicou o jornal Folha de S.Paulo, os atos acontecem em meio a uma enorme insatisfação dos povos com o governo Lula (PT), que não foi convidado a participar do evento, diferentemente do que aconteceu nos últimos dois anos.

Recentemente, a ministra de Mudanças Climáticas do País de Gales, Julie James, enviou uma carta a Lula na qual pede, dentre outras coisas, a resolução deste caso e a demarcação dos territórios guarani.

Ela propõe que o governo federal tome ações para fazer uma reparação histórica pela construção da barragem de Itaipu, em 1982, e os impactos sofridos pelos indígenas.

“Tenho certeza de que você verá as oportunidades de realizar a transição para uma economia de zero carbono de maneiras que tragam justiça e maior igualdade para o povo do Brasil. Portanto, estou entrando em contato com você para solicitar seu compromisso em considerar o caso do povo guarani”, finaliza a carta enviada.

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