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Brasília

Hospital de Base na linha de frente contra a resistência bacteriana

A resistência microbiana ocorre quando bactérias, vírus, fungos e parasitas mudam com o tempo e não respondem mais aos medicamentos

Redação Jornal de Brasília

24/08/2022 9h29

Foto: Divulgação

Aproximadamente 1,27 milhão de mortes por ano estão atribuídas diretamente à resistência bacteriana. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), trata-se de uma preocupação crescente e de um dos dez maiores problemas de saúde pública atualmente. O número de mortes poderá a chegar em 10 milhões em 2050, superando a marca de óbitos por causas como o câncer, por exemplo.

A resistência microbiana ocorre quando bactérias, vírus, fungos e parasitas mudam com o tempo e não respondem mais aos medicamentos. “A crescente ameaça da resistência microbiana nos intimida a voltar ao tempo anterior aos antibióticos, quando até mesmo uma lesão de rotina poderia matar”, alertou recentemente o diretor-geral OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. Para ele, a resistência microbiana tem impactos em diferentes setores. “E todos devem estar envolvidos na resposta: os setores de saúde público e privado, a agricultura e o meio ambiente”, ressaltou.

De acordo com a Agência Nacional de Vigilância (Anvisa), todas as unidades hospitalares precisam ter um rígido controle para a prescrição de antimicrobianos, ou seja, de antibióticos. O Hospital de Base desenvolveu o Programa de Uso Racional de Microbianos. O sistema sinaliza quando está sendo feita a prescrição de um antibiótico dentro da unidade hospitalar. Um médico infectologista analisa o caso, onde constam todas as informações sobre o paciente, e realiza uma espécie de checagem, para avaliar a real necessidade da prescrição e também a adequação da dosagem e período de uso. O programa também engloba o apoio aos médicos prescritores, para melhor escolha e ajustes na prescrição dos antibióticos. Todas as informações ficam registradas no prontuário do paciente. O programa já é considerado um modelo, que poderá servir de exemplo para ouras unidades hospitalares do País.

“O maior benefício do programa é a prescrição correta de antibióticos, algo tão importante para o paciente e também para a saúde pública como um todo, conforme recomenda a OMS e a Anvisa”, destaca o infectologista Julival Ribeiro, coordenador do Núcleo de Controle de Infecções do Hospital de Base.

O programa já promoveu a redução da média de dias de uso de antibióticos. A média era de 14 dias de uso e atualmente é de sete dias. “O programa acompanha os casos para reduzir a toxicidade e os efeitos adversos nos pacientes e a consequente otimização dos tratamentos, assim como a diminuição da seleção das bactérias multiresistentes”, detalha a infectologista Letícia Sudbrack, coordenadora do Programa de Uso Racional de Microbianos do Hospital de Base.

Antimicrobianos muito usados estão se tornando ineficazes, gerando uma série de consequências diretas e indiretas como, por exemplo, o prolongamento da doença, o aumento da taxa de mortalidade, a permanência prolongada no ambiente hospitalar e a ineficácia dos tratamentos preventivos que comprometem toda a população.

Assim, além dos vários benefícios do programa desenvolvido pelo Hospital de Base, há ainda a conseqüente redução de gastos pela unidade hospitalar – pela otimização no uso de antibióticos e diminuição de tempo de internação. “O programa também tem foco no reforço da educação continuada para prescrição de antibióticos pelos profissionais”, acrescenta Letícia Sudbrack.

Mariela Souza de Jesus, presidente do Igesdf, Instituto responsável pela gestão do HBDF, além do HrSM e UPAs do DF, destaca que o programa atende duas necessidades fundamentais, “com o programa otimizamos o atendimento médico seguro diminuindo riscos para a saúde do paciente, e ainda conseguimos diminuir também custos” explica a gestora.

O programa já abarca 60% do Hospital de Base. O objetivo é que ele seja implementado em 100% de todas as unidades do IgesDF.

Resistência bacteriana

De acordo com o Plano de Ação Nacional de Prevenção e Controle da Resistência aos Antimicrobianos no Âmbito da Saúde Única, do Ministério da Saúde, a resistência aos antimicrobianos é um dos maiores desafios para a saúde pública, com importante impacto na saúde humana e animal. Entre as causas, está o mau uso de medicamentos antimicrobianos na saúde humana; a existência de antimicrobianos de má qualidade; e a insuficiente regulamentação e fiscalização do uso dos medicamentos antimicrobianos.

O documento foi elaborado em convergência com os objetivos definidos pela aliança tripartite entre a OMS, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), e apresentados no Plano de Ação Global sobre Resistência aos Antimicrobianos. O objetivo geral dos planos de ação é garantir que se mantenha a capacidade de tratar e prevenir doenças infecciosas com medicamentos seguros e eficazes, que sejam de qualidade assegurada e que sejam utilizados de forma responsável e acessível a todos que deles necessitem. O documento enumera vários objetivos. Entre eles, o de promover o uso racional de antimicrobianos no âmbito da saúde humana.

O combate à emergência e à propagação de bactérias resistentes aos antimicrobianos e ao desenvolvimento de novos mecanismos de resistência exige uma abordagem conjunta e articulada de vários segmentos governamentais, dos profissionais de saúde e de toda sociedade.

Nesse sentido, a Anvisa publicou a Diretriz Nacional para Elaboração de Programa de Gerenciamento do Uso de Antimicrobianos em Serviços de Saúde, que tem como principal finalidade orientar os profissionais dos serviços de saúde – hospitais e atenção básica – para elaboração e implementação de seus programas de gerenciamento do uso de antimicrobianos.

Serviço

Faça a sua parte!

  • Não exija que o médico prescreva antibiótico, se não for estritamente necessário;
  • Não compre antibiótico sem receita médica;
  • Caso tenha sido prescrito antibiótico, faça o tratamento da forma correta, seguindo a orientação médica.

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