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Brasília

Giro alto nas obras do Autódromo de Brasília

O projeto inclui a construção de arena multiuso para eventos culturais e espaço para ciclismo. A pista híbrida vai atender provas internacionais de automobilismo e motovelocidade

Afonso Ventania

06/11/2023 5h46

A primeira vez que o piloto de automobilismo Vitor Meira competiu no Autódromo Internacional de Brasília, foi no início da carreira, em janeiro de 1997, quando conquistou a terceira colocação nas Mil Milhas Brasileiras. Depois disso, o brasiliense de 46 anos construiu uma carreira vitoriosa no esporte a motor e acumulou títulos em várias categorias, especialmente na Fórmula Indy, onde foi duas vezes vice-campeão da clássica 500 Milhas de Indianópolis, tornando-se um dos maiores pilotos do Brasil.

Com o avanço rápido nas obras de revitalização do autódromo, Vitor está feliz por poder, em breve, voltar a competir naquele espaço. Agora, no entanto, não mais como piloto de carros velozes, mas como ciclista. Após se aposentar das pistas como piloto, o inquieto competidor trocou os motores pelas pernas e encontrou na bicicleta uma nova paixão. Há dez anos, Meira se dedica intensamente aos treinos e despontou como atleta de alto rendimento. No mês passado, sagrou-se campeão brasileiro de contrarrelógio em sua categoria etária, em Palmas (TO).

“Tenho uma história muito antiga no autódromo e com excelentes lembranças. Fico feliz que na requalificação da pista, esteja prevista a inclusão de todas as modalidades do ciclismo no espaço. A iniciativa é super democrática e vai fomentar outros esportes”, comemora.

A requalificação e revitalização do Autódromo Internacional de Brasília é resultado do Acordo de Cooperação Técnica entre a Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal (Terracap) e o Banco Regional de Brasília (BRB), com quem ficou a gestão do espaço. Iniciadas há pouco mais de um ano, as obras estão em andamento e a reinauguração do autódromo está prevista para primeiro semestre de 2024, segundo o BRB.

“Tivemos alguns imprevistos, mas a ideia é entregar o equipamento o mais rápido possível, mas com toda a segurança. Para isso, estamos em obras em todas as frentes possíveis; ajustes de curvas, terraplanagem, revitalização dos muros, construção de uma sub-estação de energia. Agora, o autódromo está sendo preparado para finalizar a pavimentação”, explica Renata Azeredo Barros, coordenadora do Grupo Técnico do Autódromo BRB.

O tamanho total da pista, considerando o circuito de motovelocidade, é de 7,4 quilômetros. De acordo com o BRB, o circuito original foi mantido, mas recebeu alguns ajustes para garantir maior segurança aos pilotos. “Mantivemos o traçado original até porque é super elogiado pelos pilotos que aqui correram e dizem que é um dos melhores do mundo. Estamos fazendo apenas alguns ajustes nas curvas e aumentando as áreas de escape para a segurança dos pilotos. Também teremos barreiras de pneus triplas e quádruplas”, acrescenta Renata.

O circuito de motovelocidade tem 17 curvas e conta com 5.893 metros, enquanto o traçado misto possui 5.322 metros e tem 15 curvas. O anel externo tem sete curvas e 2.653 metros. Toda a pavimentação é em concreto betuminoso usinado a quente (CBUQ). O autódromo terá capacidade para receber até 80 mil pessoas.

Ainda de acordo com Renata Barros, após a conclusão da requalificação, a pista atenderá aos padrões estabelecidos pela Federação Internacional de Automobilismo (FIA) e, assim, o autódromo poderá receber provas internacionais de automobilismo e de motovelocidade. “Para garantir a homologação junto às entidades nacionais e internacionais de automobilismo, contratamos uma empresa especializada de São Paulo que elaborou o projeto e está prestando consultoria técnica. A pista é de altíssima qualidade e estamos, inclusive, trabalhando para trazermos a Fórmula 1”, antecipa a gestora.

Assim que inaugurado, no primeiro semestre de 2024, o autódromo estará apto a receber todas as provas nacionais homologadas pela Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA), como a Fórmula Truck e a Stock Car.

Vitor Meira tem história no Autódromo Internacional de Brasília. Lá, disputou algumas categorias, entre elas a Fórmula 3, e conhece bem a pista. “É um circuito de alta velocidade, com curvas rápidas. No automobilismo é preciso se adaptar rápido ao traçado e, no autódromo de Brasília, tem duas curvas com duas ou três possibilidades de entrar e sair delas. Uma delas é a entrada no miolo e a outra é no placar”, ensina o ex-piloto. “Impressionante o que fizeram aqui na época da construção do autódromo. Sempre foi uma pista à frente do seu tempo”, completa.

O brasiliense destaca ainda a importância do espaço para a renovação dos pilotos. “Precisávamos renovar o espaço e ter um autódromo em casa para construir a base. O autódromo é como se fosse uma sala de aula a céu aberto e pode ser utilizado para ensinar a nova geração sobre como pilotar. Seria como um cursinho para passar num grande concurso público”, diz, usando a metáfora mais apropriada para a capital do funcionalismo público.

Arena Multiuso e ciclismo

O projeto de revitalização do Autódromo Internacional de Brasília inclui ainda a construção de arena multiuso para eventos culturais e de entretenimento. A proposta também é oferecer o espaço para ciclistas, realização de caminhadas e de corridas, kartódromo, centro médico e pistas internas off-road. A manutenção do Cine Drive-in também está prevista no projeto. Segundo o BRB, o investimento pretende incrementar o potencial de geração de negócios na capital federal por meio da realização de eventos nacionais e internacionais.

“Sabemos da necessidade dos ciclistas e queremos trazê-los para dentro do autódromo com o intuito de oferecer um ambiente amplo e mais seguro. E, como sabemos que o público que pedala é muito grande no DF, vamos oferecer o espaço também para promover provas de ciclismo”, promete Renata Barros. Segundo ela, a construção da pista off-road no centro do autódromo vai atender as modalidades de Mountain Bike, de BMX, assim como o Motocross. “O objetivo é atender essas categorias por que o objetivo é fomentar o esporte e acolher todas as modalidades no autódromo. Quanto mais pudermos esportes pudermos atender, melhor”.

Para Vitor Meira, o autódromo é importantíssimo para movimentar a economia da cidade, principalmente no setor do Turismo, e vai melhorar a renda das famílias de quem vai trabalhar no autódromo e no kartódromo. “Ele fica no centro da cidade, o que é raro no resto do mundo. E em primeiro lugar, o espaço precisa servir a cidade. A homologação internacional pode ficar para a segunda fase”, diz, ansioso, para pedalar no local.

Para o presidente da Federação Metropolitana de Ciclismo, Júlio Cesar D,Elia Rieder, o Japa da Bike, a parceria com o BRB para utilização do espaço pelos ciclistas vai revitalizar a modalidade em Brasília. “Poderemos promover treinamentos básicos e de alto nível, assim como torneios, por que o custo é muito elevado. Estimamos que a economia será de até 50% na organização de provas oficiais. Além de termos um ambiente seguro e confortável para os atletas e suas famílias”, celebra.

O dirigente destaca, apesar da concessão do autódromo para a prática do ciclismo, o direito do ciclista de pedalar na rua previsto no Código de Trânsito Brasileiro. “Precisamos lembrar que o ciclista de lazer ou de alto rendimento pode circular nas vias públicas porque a bicicleta é considerada como um veículo. “O autódromo será mais opção e servirá para amadores que desejam pedalar com mais segurança, para treinamentos específicos e para competições”.

Vitor Meira lembra que o espaço também poderá ser usado para test-drives de modelos automotivos, treinamentos dos órgãos de Segurança Pública e outras atividades. “O timing não poderia ser melhor para reavermos nosso autódromo”, conclui.

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