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Brasília

GDF lança projeto para combater a evasão escolar

Segundo as pesquisas, o índice de abandono aos estudos aumentou 171% durante a pandemia

Redação Jornal de Brasília

06/04/2022 19h24

Atualizada 07/04/2022 17h16

Foto: Reprodução

Elisa Costa
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Foi lançado ontem, pelas secretarias de Juventude e de Ciência, Tecnologia e Inovação, o projeto Visitador Escolar, que tem o objetivo de combater a evasão escolar, ou seja, o abandono dos jovens aos estudos. De acordo com as pastas, será feita uma busca ativa de alunos que acumulam faltas, além de atendimento multi e interdisciplinar nos centros de ensino da rede pública do Distrito Federal.

“O compromisso do Visitador Escolar é entender os motivos que levaram os jovens a abandonar os estudos, ir até suas casas, se preciso for, e mostrar a eles a importância da formação e da qualificação profissional para conquistar melhores oportunidades no mercado de trabalho”, explicou Gabriella Godoy, coordenadora de projetos da Agência de Transformação Social (IECAP), que trabalha na execução da iniciativa.

O trabalho será feito junto a psicólogos, pedagogos, assistentes sociais e colaboradores, que vão contemplar, nesse período inicial, mais de 100 turmas de quatro escolas da Regional de Ensino do Guará – Centro de Ensino Médio 01, Centro Educacional 01, Centro Educacional 03 e Centro Educacional 04 – e do Centro Educacional 01 da Estrutural. Os visitadores vão atuar com foco no atendimento a estudantes de 15 a 29 anos, que acumulem seis faltas escolares consecutivas ou dez faltas intercaladas durante o mês.

Isso porque, de acordo com o levantamento “Todos Pela Educação” e os números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), o índice de evasão escolar aumentou 171% entre os anos de 2020 e 2021, sendo que o percentual de crianças e jovens de 6 a 14 anos matriculados no ensino fundamental ou médio ficou em 96,2%, o menor valor desde o ano de 2012. Segundo os dados do Unicef (Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para Infância), cerca de 3,8% dos estudantes brasileiros abandonaram as salas de aula durante a pandemia, correspondente a 1,38 milhão de alunos entre 6 a 17 anos.

As desvantagens não param por aqui. Segundo um estudo da Fundação Roberto Marinho e do Insper, é mais caro manter um jovem fora da escola do que dentro dela: para a conclusão dos 14 anos de educação básica é estimado um investimento de R$90 mil, enquanto fora do ambiente escolar o valor chega a R$372 mil por ano. “Precisamos traçar estratégias para localizar esses alunos e entender os motivos que os levaram a estar fora da sala de aula”, comentou Leandro Cardoso, coordenador da Regional de Ensino do Guará.

Segundo o professor de Artes da rede pública de ensino, Adeilton Oliveira, a ideia surgiu entre o final dos anos 90 e início dos anos 2000 e ele se recorda das ações traçadas na época: “Lembro que quando os alunos começavam a faltar, esse visitador ia na escola ver os alunos que estavam infrequentes e porque estavam infrequentes”.

O professor contou que durante o ano de 2020 e 2021, as escolas fizeram uma busca ativa pela internet dos alunos que não estavam participando das aulas, que na época, eram dadas apenas de forma virtual. Na visão de Adeilton, a falta de internet contribuiu para a evasão, já que muitos alunos não tinham como acessar os conteúdos. “Muitos não estavam participando e o problema maior era, como sempre, a falta de internet. Eles não tinham dados suficientes, então eles escolhiam as matérias que consideravam mais importantes para entrar na sala durante a aula. Era alarmante saber disso”, relatou.

Na visão do professor, o programa ajuda a ter uma visão panorâmica sobre a evasão educacional, a fim de criar novas estratégias de enfrentamento. Segundo Adeilton, no Centro de Ensino Dona América Guimarães, em Planaltina, onde leciona, uma média de 10% a 15% dos alunos ainda não frequentam as aulas regularmente. “Acho a visita presencial muito positiva, porque tem muita gente em vulnerabilidade. A gente nota que os alunos têm contato direto com a criminalidade e muitos passam necessidade inclusive para comer”, explicou.

Para Adeilton, a educação tem o papel social de mapear as famílias vulneráveis e assim, ajudá-las. “Acredito que a escola seja o primeiro local de apoio a essas crianças. Nós professores, fazemos muita campanha para ajudá-los, quando sabemos de algo sempre damos contribuições para poder suprir as necessidades sociais, alimentares ou de vestimenta, antes deles serem encaminhados para o CRAS ou programas sociais”, pontuou.

Patrocinador do projeto via emenda parlamentar, o deputado Rodrigo Delmasso, do Republicanos, enviou à Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) um projeto de lei para garantir o trabalho dos visitadores em todas as regionais de ensino, com previsão de aprovação no mês de junho. “O Visitador Escolar tem que deixar de ser um projeto e se tornar uma política pública de estado. Só assim conseguiremos dar segurança à comunidade e garantir a continuidade dos atendimentos, independente de trocas de governo”, explicou.

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