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Brasília

GDF e Sinpro estudam como reduzir danos causados pela pandemia ao conteúdo previsto para 2020

Na prática, o contexto de pandemia fez com que a Secretaria de Educação já começasse a projetar o calendário letivo dos dois próximos anos

Redação Jornal de Brasília

01/09/2020 18h29

Tatiana Py Dutra
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O impasse sobre o retorno das aulas presenciais nas escolas da rede pública do Distrito Federal está com os dias contados. Nesta terça-feira (1º), em entrevista à TV Globo, o secretário de Educação, Leandro Cruz, admitiu a possibilidade de o ano letivo 2020 ser concluído com aulas remotas.

O plano do governo distrital era de que o ensino presencial fosse retomado na última segunda-feira (31), com calendário escalonado. Porém, o risco de contágio por coronavírus desmotivou a medida.

“Nós retornaremos quando tivermos condições sanitárias”, disse. “Nós não colocaríamos em risco nossos professores, funcionários e principalmente nossos estudantes para servir como vetores de propagação da doença”, afirmou o secretário na entrevista, acrescentando que não há previsão para retorno às escolas.

Um plano para 2021

Na prática, o contexto de pandemia fez com que a Secretaria de Educação já começasse a projetar o calendário letivo dos dois próximos anos. A meta é tentar sanar os danos que a pandemia causou ao conteúdo programático em 2020. Desde a semana passada, são realizadas reuniões com o Sindicato dos Professores (Sinpro-DF) para alinhavar um plano.

Uma possibilidade em estudo é a diluição dos conteúdos previstos para este ano nos calendários de 2021 e 2022. A medida serviria para não penalizar os alunos sem acesso à internet, computadores ou smartphones, que estão estudando com kits pedagógicos impressos e entregues pelas escolas, sem contato com os professores.

Também será discutido uma modo de avaliar o desempenho dos estudantes em 2020. Chegar a uma fórmula não será fácil, como sugere a professora Rosilene Corrêa, do Sinpro-DF.

“Você não pode avaliar os alunos [da maneira tradicional] porque não tivemos as condições necessárias para determinar se avançamos ou não esses alunos. Tem que pensar como tratar isso. Não pode ser um tratamento de promoção automática”, diz.

Internet urgente

A professora defende que o GDF adote como urgência a contratação de internet banda larga para alunos e professores. No mês passado, a Secretaria de Educação abriu edital de chamamento público para que operadoras de telefonia oferecessem internet gratuita para os estudantes, mas não houve interessados.

A alternativa pode estar na Câmara Legislativa: a pasta enviará um projeto de lei concedendo isenção de ICMS sobre as operações de telefonia, na intenção de firmar a parceria para a educação.

A questão do Ensino Médio

Mãe de duas adolescentes, a dona de casa Maria Inalda Veras Martins, 43 anos, diz que as filhas têm tido dificuldade para estudar online, mas que está de acordo com a manutenção das aulas remotas até o surgimento de uma vacina. Porém, se preocupa com o futuro da fila mais velha, matriculada no 3º ano do Ensino Médio na EC 102, do Recanto das Emas.

“Como é que vai ficar com o conteúdo? Ela está na última etapa do PAS (Programa de Avaliação Seriada) da UnB. Ela tem reclamado, diz que não conseguido aprender nada”, comenta Maria Inalda.

A questão também preocupa terceiranistas inscritos para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), previsto para janeiro de 2021. A professora Rosilene Corrêa, do Sinpro-DF defende que a decisão mais justa é suspender os certames.

“Insistem em manter o Enem e nós insistimos que não está correto. Não é razoável fazer nada que seja avaliativo nesse momento com alunos da rede privada, que tem outra estrutura, e os nossos da rede pública. Colocá-los para competir é aprofundar a desigualdade”, afirma.

Por outro lado, o Conselho Nacional de Educação (CNE) autorizou a implementação de um quarto ano opcional ao Ensino Médio para concluir os conteúdos da etapa.

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