Curtindo os últimos feixes de luz deste domingo de Dia dos Pais (9), famílias – como em muitos dias desde o início da quarentena – aproveitaram o amplo espaço em frente à Praça do Cruzeiro para admirar o pôr do sol. Filhos, esposas e pais armaram toalhas na grama, e cadeiras de descanso no local.
Neste ano, o Dia dos Pais atípico devido à pandemia precisou de adaptações. As felicitações comuns em almoços de família foram substituídas por vídeo conferências e mensagens de texto pelo celular. Foi o caso de Ricardo Canela, 53 anos, empresário, que decidiu ir à praça para desfrutar o fim do dia ao lado da filha Maria Clara, 9.
“Evitamos a reunião de família e aglomerações porque é um risco, então decidimos fazer uma videochamada. Foi bem legal. Foram cinco minutos, mas foi divertidíssimo”, contou. Dois filhos mais velhos, avós, irmãos, tios e sobrinhos participaram da reunião on-line.
Com uma corda amarrada no poste de luz da praça, o pai e a filha mais nova brincavam de pular corda. “Gosto do espaço daqui, me sinto muito seguro. É bem bacana”, comentou. O passeio, segundo ele, foi para não ficar em casa neste dia e aproveitar parte dele do lado de fora.
Fugir do tédio
Jair Rodrigues Rezende, 45, foi à praça com a esposa e os dois filhos mais novos, de 13 e 14 anos. O servidor público decidiu passear com a família durante poucos minutos apenas “para tirar o tédio de casa” neste domingo. Antes, o Dia dos Pais tinha destino certo: a casa do patriarca.
“Ali era o ponto de encontro, onde reuníamos os outros irmãos e sobrinhos para comemorar. Preferimos como era antes”, afirmou. “Mas meu pai mora perto da minha casa e consegui encontrar com ele e aproveitar”, disse.
Para Jair, as relações familiares se tornaram mais próximas e os vínculos se fortificaram – um dos pontos positivos do isolamento. “Estar todos os dias ao lado da família com certeza fez com que os laços que estavam se perdendo por conta do trabalho e da correria do dia a dia estão voltando a se reestabelecer.”
“Ressignificar o que importa”
Lucas Paiva, 38, é pai do Heitor, 6, e Giovana, 9, e também aproveitou o pôr do sol e a natureza ao ar livre para comemorar a data. O passeio, no entanto, não era comum para a comemoração. “Ano passado fomos para restaurante e lugares com muitas pessoas, que não é mais o normal hoje. Todos aqui estão respeitando a distância e isso já é uma diferença, além da máscara”, ressaltou. “Vamos nos adaptando.”
No gramado, dentro do desenho de um coração na grama – que delimita o espaço de distanciamento entre as famílias – os três esticaram o tecido de uma rede e deitaram em travesseiros para acompanhar os últimos instantes do dia.
Apesar do pai de Lucas viver no Rio de Janeiro e o contato já ser a distância há mais tempo, os avós por parte de mãe das crianças, entretanto, não receberam a visita dos netos – estão em isolamento. “Temos que aproveitar esse tempo difícil que estamos passando para tentar ressignificar o que realmente é importante nesse dia – que é isso aqui: os filhos estarem com o pai”, finalizou.