Jéssica Antunes
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A família de Márcio Barbosa Oliveira, 52 anos, soube da morte do homem em uma festa infantil. Eles estavam reunidos e comemoravam o aniversário de um dos sobrinhos dele, quando a Kombi foi atingida no Eixão Sul, no sábado (11). Dois dias depois, a despedida ocorre no Cemitério Campo da Esperança de Planaltina. Ele é uma das vítimas do acidente provocado por um detento que estava livre em função do saidão de Dia dos Pais. O suspeito vai voltar para o regime fechado.
A solenidade é repleta de revolta. Gisele Barbosa da Silva, 26 anos, é sobrinha da vítima. No sábado, a família comemorava o aniversário de três anos da dela quando soube do ocorrido. “Não foi acidente, foi crime”, acredita a mulher.
“Quando acontece um acidente de trânsito, seja por qual motivo, você fica em choque mas acaba aceitando. Mas meu tio estava trabalhando, estava na velocidade da via, tranquilo. Aí vem um ser humano que sequer deveria estar na rua e destrói uma família inteira. Saidão beneficia só bandido. Não beneficia o trabalhador. Não aconteceu nada com o bandido. Ele vai matar muita gente ainda”, afirma.
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Homem mais velho entre os nove irmãos, Márcio é descrito como pessoa “de bem”, que adorava crianças e vivia sorrindo. Há cerca de 30 anos, ele morava no trabalho. “Ele fazia tudo lá. Era motorista, panfleteiro, trabalhador mesmo. Era tão de confiança que ficamos sabendo que os patrões deixavam as crianças com ele e viajava junto com os patrões”, lembra a irmã, Saura Barbosa da Silva, 46.
Fora do “curso natural da vida”, a morte de Márcio abalou a mãe, que beira os 80 anos. Durante o sepultamento, ela chegou a passar mal, desmaiar e foi amparada pelos parentes. “Temos medo de ela não aguentar”, revelou Gisele. A emoção tomou conta da solenidade, que teve homenagens e cânticos.
O velório de Giselda da Silva Mota, 39, ainda não foi agendado. Ela estava no veículo com Márcio e também não sobreviveu ao impacto.
Foto: Rayra Paiva Franco/ Jornal de Brasília
De volta à Papuda
Preso em flagrante após o acidente no Eixão Sul, Paulo Bras de Oliveira Júnior, 23 anos, vai voltar ao regime fechado. O homem foi preso em setembro de 2016, acusado de participar de uma quadrilha especializada em roubo de relógios de luxo da marca Rolex. Ele cumpria pena no regime semiaberto e ganhou o benefício do saidão do Dia dos Pais 10 de agosto. Assim, ele não precisaria que voltar para dormir no Centro de Progressão Penitenciária (CPP), no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA).
Na manhã desta segunda-feira (13), Paulo Bras passou por audiência de custódia no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT). Na ocasião, o juiz da 1ª Vara Criminal de Brasília Aragonê Nunes converteu em preventiva a prisão em flagrante. “Não é demais afirmar que ele faz do crime seu meio de vida”, destacou.
Agora, ele deve ser indiciado por roubo com restrição de liberdade, em função de ter mantido dois reféns, assalto e acidente de trânsito com morte. Somadas, as penas podem ultrapassar os 30 anos.
Foto: Kléber Lima/Jornal de Brasília
Vítimas do saidão
Por volta das 17h de sábado, Paulo Bras havia roubado um relógio Rolex, de luxo, e tentou fugir em uma moto. Ele ficou acuado pela presença de policiais militares no local e procurou outra saída. Armado, abordou uma senhora, que estava com o sobrinho de seis anos, na 505 sul, tomou seu carro e começou uma fuga em alta velocidade que só terminou com o acidente no Eixão.
Antes de passar pelo viaduto que sai do Eixão Sul e dá acesso a pista que vai para o aeroporto, Lucas tentou entrar para a pista a direita, que vai no sentido Zoológico, mas perdeu o controle do veículo e colidiu com uma kombi, que, desgovernada, capotou e só parou quando atingiu um Ford/EcoSport onde havia cinco pessoas, incluindo uma criança.
Com o impacto, os integrantes da Kombi, Márcio Barbosa de Oliveira e uma mulher, morreram antes mesmo da chegada do socorro do Corpo de Bombeiros. Mais sete pessoas se feriram no acidente. Todas foram encaminhadas para o Instituto Hospital de Base (IHB). Dos cinco integrantes do EcoSport, somente dois estavam em estado de saúde pior e devem. Tia e sobrinho, que sofreram o cárcere privado, não sofreram ferimentos graves e foram liberados.
Foto: Kléber Lima/ Jornal de Brasilia
