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Brasília

Espaço Cultural Renato Russo marca nova fase com programação ampla

Reaberto em fevereiro, o espaço é considerado um dos mais marcantes polos culturais da capital

Mayra Dias

07/02/2022 18h29

Foto: Agência Brasília

“Dentro desta gestão, há diversidade e temos o lugar! Aqui nós fazemos eventos de grandes artistas, eventos socioculturais”, comenta Alonso Bento, servidor responsável pela curadoria das atrações oferecidas no Espaço Cultural Renato Russo (ECRR), localizado na Asa Sul. Este mês, o equipamento da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (Secec) retomou as atividades, e promete, para marcar a reabertura das portas, uma programação extensa e repleta de novidades até março.

Anfitrião em formação de identidades artísticas, manifestações e liberdade de expressão desde os anos 1970, o local conta com atividades gratuitas para todos os públicos, que vão desde exposições de artes visuais, oficinas de dança, até programação para crianças. O espaço abrange salas, galerias e teatros com perfis variados para receber apresentações artísticas e culturais de diferentes linguagens. São dois teatros, o Teatro Galpão e o renovado Teatro de Bolso, agora batizado de Robson Graia, um dos expoentes do entretenimento e dos palcos da Brasília dos anos 1980 e 1990.

Pronto para voltar a receber os brasilienses, Marmenha Rosário, gerente do Renato Russo, garante que o espaço está apto para que a população do Distrito Federal possa usufruir com segurança. Desta forma, a gestora faz questão de convidar os candangos a conhecer (ou voltar a frequentar) o riquíssimo ambiente localizado na W3 Sul. “Muitas pessoas não sabem como acessar o nosso espaço. O objetivo principal desta programação é garantir acessibilidade e esperamos que a população frequente este lugar que é nosso”, destacou.

Como esclarece a responsável, devido a pandemia, o Espaço Cultural Renato Russo fechou a pauta para as atividades presenciais com público. “No entanto, continuamos atendendo as demandas da classe artísticas do DF que procurava o espaço para a produção de lives”, ressaltou. Ainda segundo Marmenha, no segundo semestre de 2021, contudo, o início da flexibilização das medidas sanitárias por meio dos Decretos do Governo do DF (GDF), fez com que a reabertura do ECRR começasse a ser pensada. “Houve por parte dos gestores dos espaços culturais da Secec o desenvolvimento de um protocolo de medidas preventivas específico para os espaços culturais da pasta”, sintetiza. “Isso permitiu a retomada de atividades como exposições, que tinham o fluxo de visitantes controlado para evitar aglomeração, além de adoção medidas de higienização ostensivas nos espaços de visitação”, continuou a gerente.

A partir de uma agenda intensa e diversificada, a casa oferece gratuitamente mostras de arte, música e oficinas de teatro infantil. Todos os cursos contam com vagas limitadas e as inscrições podem ser feitas a partir da rede social do equipamento. “Estamos num momento excelente. A classe artística tem procurado o espaço para ocupação com as atividades de formação como oficinas, exposições (já estamos com nossas galerias com a pauta ocupada até agosto), teatro, música..”, enfatizou Marmenha.

Esse marcante polo de cultura contempla, ainda, o cineteatro Sala Marco Antônio Guimarães, as galerias para exposições Parangolé e Rubem Valentim, o ateliê de pintura, a Biblioteca de Artes Ethel Dornas, com gibiteca (atualmente inativa) e musiteca, a Sala Multiuso para oficinas espetáculos e ensaios, o Galpão das Artes (artes visuais), bem como a Praça Central e o Mezanino, destinados a atividades diversas, como exposições, shows e saraus.

A Gibiteca, como salienta a gerente do espaço, também será, ainda neste semestre, reinaugurada. “Fechada desde 2021, a Gibiteca é uma grande reivindicação da comunidade e colocaremos à disposição um ambiente literário com todos os gibis, mangás, revistas, quadrinhos e livros, para o uso dos amantes da leitura e cultura geek e pop”, afirma. É lá, que como ela mesma destaca, possui o maior acervo de gibis do DF.

Carol Villalobos, produtora musical e proponente do Festival Convida, é uma das pessoas contentes com essa retomada e nova fase do lugar. Ela comemora a garantia de ocupação em um dos espaços mais emblemáticos para a cena cultural do quadradinho para a realização do seu projeto. O evento, intitulado “Módulo Convida Lab”, um programa de aceleração de artistas, foi a grande estreia da Sala Marco Antônio Guimarães. “Ao todo, foram selecionadas seis bandas que, por meio de um chamamento público, estão recebendo, no projeto Music Business, orientações de como lançar seus próprios shows”, explicou a organizadora. “Ao final, todos receberão ajuda profissional para alavancar suas carreiras”, acrescentou.

Conforme defende Alonso Bento, as iniciativas de valorização da cultura dos novos talentos de Brasília são projetos capazes de reforçar a identidade de grandes artistas que já passaram e fizeram história no espaço. “Muitos proponentes dos projetos desta nova temporada do ECRR já foram alunos ou participaram de ocupações, oficinas e cursos já ofertados neste grande espaço democrático cultural”, arremata o curador que, inclusive, já foi aluno de teatro no local.

De acordo com o que revela Marmenha, os planos para o futuro do polo já estão em andamento. A SECEC está investindo 2 milhões por meio do edital 37/2021, que tem por objetivo executar a programação artística, pedagógica e formativa do Espaço Cultural Renato Russo durante 24 meses. “Com esse aporte financeiro, exclusivo para a programação, teremos a oportunidade de oferecer ao nosso público uma programação diferenciada que irá ocupar todos os espaços contemplando todas as linguagens artísticas”, finalizou.

Histórico

É no ano de 1974, quando galpões que abrigavam a sede extinta da Fundação Cultural do Distrito Federal se transformaram no Teatro Galpão, que a história do ECRR começa. A primeira peça encenada no espaço se chamava “O Homem que Enganou o Diabo e ainda Pediu Troco”, obra do jornalista Luiz Gutemberg, cuja direção era de Lais Aderne.

No ano seguinte, o diplomata Wladimir Murtinho, que estava à frente da Secretaria de Educação e Cultura, se animou com a gama de possibilidades oferecidas pelo local. Em 1977, desta forma, foi ampliado e rebatizado como Centro de Criatividade, que incluía, além do Teatro Galpão, o Galpãozinho e as galerias de arte. A partir desse momento, o Espaço Cultural se tornou ponto de encontro dos artistas da cidade, até que, agora batizado de Espaço Cultural 508 Sul, o local passou por reformas e ficou quatro anos fechado.

Reaberto em 1993, e com fortalecida vocação para formação na área das artes, o lugar recebe, em 1999, em homenagem ao líder da banda Legião Urbana, o nome de Espaço Cultural Renato Russo, e se consolida ainda mais como parte essencial da formação artística e cultural da juventude do Distrito Federal.

Desde então, uma série de reformas foram realizadas no ambiente. Estas, sempre, preservando a tradição e história do polo cultural. Em 2013, o espaço foi fechado novamente, inicialmente para que fossem feitas adequações nas instalações elétricas e hidráulicas, de combate a incêndios e acessibilidade. Já em novembro de 2016, outra reforma foi iniciada, esta, por sua vez, recuperou e modernizou os espaços internos.

Programação

Exposição Projeto Re(vi)vendo Êxodos
– Terça a sexta, das 10h às 20h; sábados e domingos, das 12h às 20h
– Até o dia 13 de fevereiro
– Praça Central
Exposição Ainda Estamos Aqui – Usha Velasco
– Terça a sexta, das 10h às 20h; sábados e domingos, das 12h às 20h
– Até o dia 20 de fevereiro
– Galeria Rubem Valentin

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