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Brasília

Escuridão na Asa Sul: Moradores denunciam postes de iluminação pública queimados

De acordo com a síndica de um dos prédios na 104 sul, Miriam Teresa, 50, o problema é bastante antigo

Redação Jornal de Brasília

14/02/2023 23h55

Atualizada 15/02/2023 6h48

Imagem: arquivo pessoal

Por Marcos Nailton
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A sensação de insegurança vem tomando conta da Asa Sul devido à escuridão durante à noite. Moradores e comerciantes da quadra 104 sul relatam que o local vem sofrendo com a falta de iluminação pública de postes no setor residencial, o que intensifica a ação dos bandidos que aproveitam a travessia das pessoas para realizar assaltos na região.

Os residentes e pedestres utilizam as ruas e as calçadas ao lado dos prédios para ter acesso ao comércio local da 103/104 sul, aos Correios, às áreas de lazer, ir a paradas de ônibus, entre outros. E é ao realizar esse trajeto, que desafiam o medo ao passar nessas áreas escuras pela noite. São pelo menos doze postes entre os blocos A, B, C e D da quadra 104 sul que estão desligados, possivelmente queimados.

De acordo com a síndica de um dos prédios na 104 sul, Miriam Teresa, 50, o problema é bastante antigo. Ela destacou que um dos postes que deveriam iluminar a faixa de pedestre em frente a Igreja São Camilo de Léllis na 303/304 sul não funciona, o que preocupa os fiéis que saem da missa neste horário. Outro fator que não contribui muito, acaba sendo as lâmpadas de vapor de sódio (amarelas), que pouco iluminam o ambiente.

“Fica um breu mesmo, quem sai de dentro da missa às 19h, 20h da noite já encontra tudo escuro, […] Às vezes aparece gente gritando aqui vítima de assalto, correndo na rua e pedindo socorro, a própria secretária daqui do prédio já foi assaltada próximo aos Correios, levaram o celular dela”, alegou.

A síndica ainda disse que um poste que ficava a poucos metros desse próximo a faixa de pedestres foi retirado e nunca mais reposto após ser atingido e danificado por um caminhão. Outros postes próximos também estão queimados, alguns deles apresentam falhas na fiação e funcionam apenas em momentos incertos.

“Nem tem mais a marca de onde era o poste porque veio crescendo grama, deixaram de lado. A iluminação pública todo mundo paga independente se está tendo ou não, já vem na conta. A CEB já foi acionada, mas disseram que o GDF que tem que autorizar, aí fica esse jogo de empurra empurra e ninguém resolve”, contou Miriam Teresa.

Os moradores da 104 sul informaram à reportagem que na quadra ao lado, na 103 sul, a iluminação pública já é realizada com lâmpadas de LED, que além de ser mais eficiente na área de luminosidade, gastam menos energia para iluminar tão bem quanto outras, sendo possível economizar na conta de luz. Além disso, as luminárias também diminuem a emissão de carbono na atmosfera, o que a torna mais sustentável.

O aposentado Ailton Cabral, 77, mora na 104 sul há quase anos, desde 1988. Segundo ele, durante o dia a região é tranquila, mas quando cai a noite, a sensação de medo se intensifica. “Durante o dia é ótimo, mas à noite o troço complica. É perigoso principalmente para uma pessoa que passa sozinha, […] É muito perigoso, eu moro aqui e não tenho vontade de sair daqui, mas isso tudo está terrível”, disse.

O morador contou que abriu um processo na ouvidoria do Distrito Federal há mais de três anos, mas não foi pra frente. Ele destacou que até o prefeito da quadra já tentou resolver o problema com a companhia, mas nada foi solucionado. “A noite isso aqui fica um breu. Apesar da grande quantidade de árvores, só em mudar as lâmpadas (para as de LED) já melhora bastante a situação”, frisou Ailton Cabral.

Ocorrências na Asa Sul

A sensação de insegurança pelos moradores não é em vão. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP/DF), houve aumento nos roubos em toda a Asa Sul. De janeiro a novembro de 2021, foram registrados 529 roubos a pedestres no bairro. Já em 2022, o número aumentou para 671 ocorrências, representando um aumento de 26,8%.

Os dados em relação aos furtos cresceram 60,9% na Asa Sul no ano passado. De janeiro a dezembro de 2022, 140 ocorrências foram registradas. No mesmo período, em 2021. foram registrados 87 casos de furto na cidade. 

O que diz a CEB Ipes?

Em nota enviada ao Jornal de Brasília, a CEB Ipes, responsável pela iluminação pública na Asa Sul e em todo o Distrito Federal, disse que irá enviar uma equipe para averiguar a situação na quadra 104 sul em até 48h. A companhia ressaltou que é importante a população “abrir chamado para qualquer ocorrência no serviço de Iluminação Pública pelos canais oficiais da companhia”, através do telefone 155, pelo aplicativo Ilumina DF ou pelo site www.ceb.com.br

Em relação ao processo de substituição das luminárias por modelos em LED, a CEB disse que as obras são executadas de acordo com o planejamento da companhia e a disponibilidade orçamentária. Apesar disso, a instituição realçou que, “em razão da indisponibilidade de recursos, uma vez que a verba da Contribuição de Iluminação Pública é destinada praticamente na sua totalidade para o pagamento de energia e manutenção do Parque de Iluminação Pública existente, a CEB não tem condições, no momento, de fazer o atendimento imediato de todos os pleitos de implantação de iluminação pública”, disse a nota.

A empresa informou que com a aprovação de um Projeto de Lei que tramita na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), a companhia terá autonomia para captar recursos em torno de R$ 300 milhões, que podem ser de diversas formas e destinados para a expansão e modernização do parque de iluminação pública do DF, visando converter todas as lâmpadas em LED no prazo de três anos. 

“Estamos apostando na aprovação do PL para conseguir agilizar a eficientização. A demanda é imensa, e quando uma quadra é eficientizada, todas do entorno desejam essa melhoria, […] Importa ressaltar que esse projeto não se trata de privatização. A CEB continuará pública. O objetivo do projeto é ajustar a forma de entrada de recursos para a realização dos projetos de iluminação pública”, concluiu a nota.

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