Amanda Karolyne e Willian Matos
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Após a exposição de painéis com temas relacionados ao Dia da Consciência Negra, na semana passada, o Centro Educacional 01, da Cidade Estrutural, se posicionou a respeito. As imagens relacionam a Polícia Militar a práticas nazistas.
Segundo a CED 1, as imagens abordam vários assuntos relacionados à negritude, sem intenção de atacar a polícia. Segundo a vice-diretora Luciana Paim, a escola não construiu um mural para promover ataques. Entre os painéis da escola estão quadros que valorizam a beleza negra e a cultura africana, além de charges e tirinhas que questionam o preconceito racial.
Uma das charges polêmicas traz um policial com uma suástica no braço direito, soprando uma vela com a data ’20’, quando é comemorado o Dia da Consciência Negra. Adriano Paiva, professor de história do colégio, foi o responsável pelos murais com charges. “Não passou pelo meu crivo que seria uma acusação contra a polícia, e esse cartaz em particular vai ser retirado”, afirmou ao Jornal de Brasília.

Adriano explica que o projeto educacional não menciona nazismo. “É um projeto para explicar para eles sobre a consciência negra”, comenta. O docente mostrou aos estudantes o que é uma charge e ensinou como criar uma e citou que, no mês inteiro, haveriam imagens nas mídias e jornais sobre o tema. O dever de casa deles, era apresentar três tirinhas que eles viram e criar uma charge usando a imaginação. “A gente tenta passar o trabalho, mas acontece, né?!”, pondera o professor.
O professor ainda destacou que muitas das charges foram repetidas, porque os alunos compartilhavam das mesmas fontes. Tratando-se ainda de charges famosas e já conhecidas, mas que não era com a intenção de falar da polícia em si, e sim trazer os dilemas e problemas que a comunidade negra enfrenta.
Vídeo fora de contexto
“Vamos passar em sala de aula para falar da suástica, o professor vai fazer a abordagem com os alunos, mas os demais cartazes ficarão onde estão. São murais sobre a consciência negra, um tema que não pode ser omitido”, aponta a vice-diretora Luciana Paim. Ela fez questão de mostrar à reportagem toda a obra feita pelos alunos, e disse que o vídeo feito por um policial, não mostra todo o projeto, o tirando de contexto. “Estão querendo destruir um projeto pedagógico”, finaliza.
Veja imagens do projeto:
Foto: Amanda Karolyne/Jornal de Brasília Foto: Amanda Karolyne/Jornal de Brasília Foto: Amanda Karolyne/Jornal de Brasília Foto: Amanda Karolyne/Jornal de Brasília Foto: Amanda Karolyne/Jornal de Brasília Foto: Amanda Karolyne/Jornal de Brasília Foto: Amanda Karolyne/Jornal de Brasília Foto: Amanda Karolyne/Jornal de Brasília Foto: Amanda Karolyne/Jornal de Brasília Foto: Amanda Karolyne/Jornal de Brasília Foto: Amanda Karolyne/Jornal de BrasíliaFoto: Amanda Karolyne/Jornal de Brasília Foto: Amanda Karolyne/Jornal de Brasília Foto: Amanda Karolyne/Jornal de Brasília Foto: Amanda Karolyne/Jornal de Brasília Foto: Amanda Karolyne/Jornal de Brasília Foto: Amanda Karolyne/Jornal de Brasília Foto: Amanda Karolyne/Jornal de Brasília Foto: Amanda Karolyne/Jornal de Brasília Foto: Amanda Karolyne/Jornal de Brasília Foto: Amanda Karolyne/Jornal de Brasília Foto: Amanda Karolyne/Jornal de Brasília Foto: Amanda Karolyne/Jornal de Brasília Foto: Amanda Karolyne/Jornal de Brasília Foto: Amanda Karolyne/Jornal de Brasília
ASOF e PMDF se manifestam
A Associação dos Oficiais da Polícia Militar do Distrito Federal (ASOF/PMDF) emitiu nota na terça-feira (23) contra os painéis.
“A Diretoria da ASOF entende que a exposição não traz um debate enriquecedor sobre o tema e que, por ter sido montada em um colégio, serve para formar a opinião – de crianças em tenra idade – de que a Polícia Militar não está a serviço da sociedade, mas que existe como força autoritária, coercitiva e punitiva”, diz a nota. “A ASOF acredita que o preconceito em relação ao trabalho do Policial Militar, persistente em determinados setores da educação brasileira, só poderá ser sanado com pactuações sociais fundamentadas no consenso e no entendimento mútuo, em prol das soluções urgentes e dolorosas de que o País necessita”, prossegue.
Já a PMDF não repudiou a medida, mas alegou que
“serve e protege a todos, sem discriminação e sempre pautada nas Diretrizes dos Direitos Humanos”. A corporação avalia ainda que as escolas compartilhadas “melhoraram em todos os aspectos” e diz que “continuará com esse trabalho”. Leia:
“Em relação a uma exposição ocorrida na escola CED 01 da Estrutural por conta do Dia da Consciência Negra, comemorado no último dia 20 de novembro, a Polícia Militar esclarece que serve e protege a todos, sem discriminação e sempre pautada nas Diretrizes dos Direitos Humanos. A PMDF observa que todas as escolas de gestão compartilhada que receberam apoio da instituição melhoraram em todos os aspectos, sendo visto como um grande benefício para a população. A PMDF continuará com esse trabalho importantíssimo, principalmente para as crianças e adolescentes atendidos.“
Escola cívico-militar
O CED 1 da Estrutural foi uma das primeiras escolas a migrarem para a gestão militarizada, em 2019. À época, houve votação entre docentes, discentes e demais membros da comunidade para decidir se a PMDF deveria ou não intervir na instituição. Em uma votação informal, foram 71 votos a favor do projeto, seis contra e três votos em branco.
Neste modelo, estudantes seguem sendo avaliados por notas em disciplinas, mas o comportamento também é levado em conta. Os alunos precisam usar uniforme diferente e cabelo curto e/ou coque. São 25 militares acompanhando diariamente a postura dos adolescentes.