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Brasília

Entenda o PL de concessão da Rodoviária do Plano Piloto, aprovado ontem pela CLDF

Após 9h de discussão, a Casa aprovou o projeto com emendas e vetos

Mayra Dias

13/12/2023 18h45

Brasília (DF), 09/08/2023 – Movimentação de passageiros e ônibus na Rodoviária do Plano Piloto. Nos dias 8 e 9 de agosto acontece, em Brasília, o 36º Seminário Nacional de Transporte Urbano, em que empresários, entidades de classe, especialistas e representantes de governo debatem as mudanças necessárias no setor. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Na tarde de terça-feira (12) a Câmara Legislativa (CLDF) aprovou, em 1 e 2 turnos e redação final  o Projeto de Lei (PL) nº 2260/2021, de autoria do Executivo, que propõe o processo de concessão da gestão da Rodoviária do Plano Piloto por meio da parceria público-privada (PPP). Desde o início de sua tramitação, em 2021, a proposta causa polêmica e discussão entre os parlamentares de oposição e de base e, por essa razão, a deliberação levou mais de 9 tumultuadas horas. A votação acabou já na madrugada de quarta-feira (13/12) e, agora, o texto seguirá para sanção do governador Ibaneis Rocha (MDB).

Conforme a peça, fica autorizada a prestação do serviço no bem público, que inclui reforma, recuperação, ampliação, gestão, operação e exploração da Rodoviária do Plano Piloto pelo período de 20 anos. Como argumenta o Executivo, o projeto dará mais eficiência, dinamismo e segurança às milhares de pessoas que transitam por lá. A iniciativa privada virá para garantir mais celeridade em todos os processos, garantindo a preservação contínua do espaço. Todas as obras, serviços e ações da concessionária, contudo, deverão passar previamente por análise e autorização dos órgãos competentes do GDF, inclusive com fiscalização da Secretaria de Mobilidade (Semob).

O PL recebeu 16 votos a favor e 7 contrários. O critério para a seleção da empresa que vai gerir a Rodoviária vai ser o de maior valor de outorga anual. A vencedora deverá pagar a outorga de um mínimo de 4,3% da receita bruta ao governo, que pretende receber R$ 1,8 milhão por ano, com exploração de publicidade, aluguéis e estacionamentos rotativos, pois a área de concessão inclui as vagas nos pavimentos inferiores e superiores, nos setores de Diversões Norte (SDN) e Sul (SDS).

Conforme pede o rito da Casa, era necessário o parecer de duas comissões, e isso aconteceu no plenário. A Comissão de Comissão de Fiscalização, Governança, Transparência e Controle (CFGTC) aprovou o projeto. Já o parecer da Comissão de Transporte e Mobilidade Urbana (CTMU), que pedia a rejeição da proposta, não foi acompanhado pelos outros distritais da Casa.

Com a aprovação, além da rodoviária, a empresa que vencer a PPP também seria responsável pela gestão e exploração da Galeria dos Estados, porém, isso foi vetado pelos distritais.

 Segundo a minuta, a empresa vencedora poderá explorar:

  • Área locável do complexo da Rodoviária;

  • Estacionamentos da plataforma e dos Setores de Diversão Norte (SDN) e Sul (SDS), com 2.724 vagas;

  • Publicidade nos painéis de informação do complexo;

  • Cobrança da acostagem dos ônibus do sistema de transporte público sob responsabilidade da Semob (ônibus e metrô).

Permissionários

O texto aprovado não traz especificações sobre o que acontecerá com os comerciantes estabelecidos no local. Uma das principais emendas apresentadas foi elaborada pela equipe técnica do deputado Chico Vigilante (PT), com o intuito de minimizar os efeitos da concessão. Nela, os permissionário não seriam atingidos e poderiam manter-se no local, contudo, a base governista derrubou a emenda.

Além disso, a CLDF alterou o projeto para garantir a continuidade dos serviços públicos prestados no complexo rodoviário, a exemplo do Na Hora.

Acostagem

A empresa vencedora poderá explorar, ainda, a cobrança de acostagem dos ônibus, estimada em quase R$ 11 milhões por ano pelo Governo do Distrito Federal (GDF). O valor funcionará como forma de remuneração da concessionária. Atualmente, as empresas de ônibus não pagam tarifa de acostagem ao governo. Com a aprovação da concessão, a taxa passará a ser cobrada, e a responsabilidade pelo pagamento ficará a cargo das companhias que prestam o serviço rodoviário.

Os deputados da oposição alegaram que o projeto vai trazer aumento do preço das passagens, haja vista a existência  da chamada “tarifa de acostagem”, que consiste em um valor que será pago cada vez que um ônibus ou vagão do Metrô parar na Rodoviária. O governo, contudo, afirma que pode dar equilíbrio nas contas subindo o valor da tarifa técnica, que é paga pelo GDF.  As empresas e o governo poderão negociar a forma de pagamento, mas o texto aprovado não trata da negociação. Além disso, as empresas de transporte do Entorno terão de pagar a taxa.

Recuperação

A empresa vencedora terá que promover uma “reforma estrutural” na Rodoviária.

Entre as ações, estão:

  • Obras de recuperação estrutural do viaduto;

  • Obras de recuperação estrutural de reservatório Recuperação das instalações elétricas e eletrônicas;

  • Conclusão da operacionalização dos sistemas de prevenção e combate a incêndio;

  • Recuperação dos banheiros e instalações hidrosanitárias;

  • Reforma nas áreas internas do complexo (inclusive acessibilidade) e fachada das lojas Instalações mecânicas (ar condicionado, escadas rolantes e elevadores);

  • Recuperação dos estacionamentos e passeios.

Veja como votou cada deputado:

Chico Vigilante (PT) – Não

Daniel Donizet (MDB) – Sim

Dayse Amarílio (PSB) – Não

Doutora Jane (MDB) – Sim

Eduardo Pedrosa (União) – Sim

Fábio Felix (PSol) – Não

Gabriel Magno (PT) – Não

Hermeto (MDB) – Sim

Iolando (MDB) – Sim

Jaqueline Silva (MDB) – Sim

João Cardoso (Avante) – Sim

Joaquim Roriz Neto (PL) – Sim

Jorge Vianna (PSD) – Sim

Martins Machado (Republicanos) – Sim

Max Maciel (PSol) – Não

Pastor Daniel de Castro (PP) – Sim

Paula Belmonte (Cidadania) – Não

Ricardo Vale (PT) – Não

Robério Negreiros (PSD) – Sim

Rogério Morro da Cruz (sem partido) – Sim

Roosevelt (PL) – Sim

Thiago Manzoni (PL) – Sim

Wellington Luiz (MDB) – Sim

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