Menu
Brasília

Entenda como funcionava a Máfia dos Concursos

Os concurseiros eram escolhidos por aliciadores que frequentavam cursinhos preparatórios, bibliotecas. Os fraudadores abordavam os estudantes oferecendo a participação no esquema

Marcus Eduardo Pereira

24/03/2022 13h55

Em coletiva de imprensa na manhã desta quinta-feira (24), após a 8ª fase da Operação Panoptes, que investiga a Máfia dos Concursos, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), por meio da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado, vinculada ao Departamento de Combate a Corrupção e ao Crime Organizado (Draco/Decor), explicou como funcionava todo o esquema.

De acordo com as autoridades, um funcionário da banca, envolvido com o grupo criminoso, retirava o cartão de respostas dos candidatos que haviam pagado pelas vagas. O cartão constava o preenchimento de apenas quatro respostas marcadas e o restante ficava em branco. Quando os cartões chegavam a banca examinadora, o infiltrado retirava os cartões, respondia com o gabarito em mãos e digitalizava os cartões.

Os concurseiros eram escolhidos por aliciadores que frequentavam cursinhos preparatórios, bibliotecas. Os fraudadores abordavam os estudantes oferecendo a participação no esquema.

O esquema foi realizado da mesma forma nos concursos do INSS, da Agência Nacional dos Transportes Aquaviários, Ministério Público da União, Defensoria Pública da União e do Ministério das Cidades, que ingressaram nos quadros dos órgãos nos anos de 2015 e 2017.

Os 21 mandados de busca e apreensão realizados no DF, aconteceram na Asa Sul, Asa Norte, Guará Vicente Pires, Águas Claras, Ceilândia, Gama, Brazlândia, Park Way, Sudoeste, Sobradinho e Itapoa. Outros quatro mandados foram cumpridos em Minas Gerais, Ceará e no Goiás.

O preço para participar do esquema variava de acordo com o órgão. Nos certames do DF, a média era de 20 vezes o salário da função. No caso do concurso do STJ, alguns candidatos pagaram R$ 80 mil e uma vaga no INSS custou R$ 120 mil. O candidato dava um sinal de R$ 40 mil e o restante após a nomeação.

Segundo as autoridades, a baixa qualificação dos fraudadores causava suspeita nos servidores mais antigos e gestores dos setores.

A investigação da Máfia dos Concursos começou em 2016, quando a PCDF descobriu as fraudes nos concursos públicos da Secretaria de Saúde do DF e também no Corpo de Bombeiros Militar do DF. As três primeiras fases foram responsáveis pela prisão de membros do grupo. Entre eles, havia um funcionário de banca examinadora.

Os envolvidos já foram condenados pelo Poder Judiciário pelo crime de integrar a organização criminosa. Em fase seguinte, chegou a novas ilicitudes no certame do Supremo Tribunal de Justiça. As fases seguintes buscaram identificar e indiciar servidores que conseguiram ingressar no serviço público por meio das fraudes.

Ao longo da Operação Panoptes foram quase 70 investigados. As buscas tiveram a finalidade de apreender materiais para subsidiar as investigações em curso. Os envolvidos, caso sejam indiciados, poderão responder pelos crimes de fraude a certame de interesse público, organização criminosa, falsificação de documento público e corrupção ativa.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado