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Brasília

Emoção marca enterro de professor supostamente envenenado

Odailton foi supostamente envenenado por um suco de uva no Centro de Ensino Fundamental (CEF) 410 da Asa Norte na última quinta-feira (30)

Redação Jornal de Brasília

06/02/2020 16h16

Foto: Vítor Mendonça/Jornal de Brasília

Aline Rocha e Vítor Mendonça
[email protected]

Clima de união e fraternidade religiosa circundou a Igreja Adventista do Sétimo Dia em Águas Claras no velório de Odailton Charles Albuquerque Silva, de 50 anos, supostamente envenenado por um suco de uva no Centro de Ensino Fundamental (CEF) 410 da Asa Norte na última quinta-feira (30). Familiares e amigos se reuniram no local para prestar homenagens ao ex-diretor da unidade escolar.

“Foram dias intensos na última semana”, comentou Lucas Santana, que falou em nome da família na cerimônia de despedida. “Nos últimos dias contamos com orações de vários grupos desta igreja e em Anápolis; professores e amigos também. Pudemos ver o apoio de vocês. Deixamos toda nossa gratidão”, disse.

O pastor da congregação, Wesley Avelar, o descreveu como “um homem prestativo, alegre, inteligente e fiel” na solenidade. “O homem é como um sopro; seus dias são como sombra passageira”, citou o líder religioso. O trecho refere-se a Salmos 144:4.

Amigo há mais de 10 anos do docente, Amir Rodovalho, 72, declarou que Odailton era um homem “muito amigo de crianças e idosos”. “Ele viajava sempre para nos visitar em Anápolis, era um cara muito família”, complementou. Sobre desavenças com algum outro docente na escola em que coordenava, Amir confessa que o amigo já havia relatado tal possibilidade.

“Ele me disse que uma colega dele lá na escola não gostava dele”, contou. “Mas não tinha como ser inimigo desse cara; não tinha como não ter amizade com ele”, descreveu o amigo. No sábado antes do ocorrido (25) Odailton Charles havia ido à Anápolis, cidade natal, para visitar o amigo “Ele estava muito alegre. Depois que soubemos, acompanhamos tudo desde quinta-feira, somos praticamente família”, finalizou.

O cunhado Daniel Santana, 41, descreveu o professor como “bom esposo, ótimo pai e um profissional dedicado”. De acordo com o familiar, a intenção não é acusar ninguém com relação ao possível envenenamento. “Isso cabe à investigação dizer, torcíamos para que fosse uma causa natural. É doído e não é fácil. Deixamos nas mãos da polícia e ao Ministério Público caso seja constatada alguma coisa”, afirmou.

Emocionado, Daniel contou que a filha de Odailton Charles, de apenas 7 anos, ainda está absorvendo todo o acontecido, mas que toda a família tem ajudado no doloroso processo. “Nunca vou ser o pai dela, mas vou me esforçar para dar a ela todo o carinho e amor necessários, da mesma forma que faço com minhas filhas”, disse enquanto lágrimas enchiam seus olhos.

“Estamos incomodados com toda essa situação, mas confiantes em Deus, que tem nos corfortado. Agradecemos e contamos com o apoio da Polícia Civil para esclarecer tudo”, esclareceu.

Áudios

Após ser supostamente envenenado ao beber um suco de uva oferecido por uma colega de trabalho, o professor Odailton  entrou em contato com alguns amigos para informar que não estava se sentindo bem. 

O professor do Centro de Ensino Fundamental (CEF) 410 Norte foi ao colégio com o objetivo de assinar alguns papeis e acabou encontrando com a colega que ofereceu o suco, com quem ele tinha algumas desavenças. 

Foto: Arquivo pessoal

Ele disse que a colega a chamou para uma sala, para assinar os documentos, e o ofereceu uma garrafinha de suco de uva. Nos áudios ele afirma ter tomado o líquido apenas para não fazer “desfeita”. Logo em seguida, começou a passar mal. 

“Não é brincadeira, não. Tomei um negócio e estou passando mal mesmo. Será que essa desgraçada me envenenou? Ela esperou sair todo mundo para almoçar. Estou até com medo de ligar para a minha mulher e deixar ela apavorada, coitada. Estou passando mal mesmo. Ela colocou algum purgante aqui, algum purgante”, disse.

Nos áudios ele diz que não quer preocupar a mulher e que está mandando mensagens para a amiga porque ela demora a atender as ligações. “Aí, eu fico agoniado. Cheguei aqui e a mulher com a cara feia. Os quadros que eu tinha deixado estavam empilhados para eu carregar. Folhas de ponto para assinar. Quase que ela não deixa eu entrar na escola, mas depois ela viu que eu estava de boa e tal”, relata.

“A mulher com ódio nos olhos. Me chamou na salinha ali para assinar a folha de ponto e, quando fui ver, ela ainda me deu uma garrafinha de suco de uva. Tomei até um susto, mas pensei: ‘Não vou tratar mal não, né? Não vou ser deselegante’. Fiquei receoso. Fui e tomei”, contou.

“Não sei, mas agora tem uns 15 minutos. Está me dando uma dor de barriga desgraçada. Será que colocou laxante para me sacanear? Dor de barriga, estou grilado. A mulher me olha com cara feia e, depois que o pessoal sai de perto, me coloca na salinha com suco de uva. Estou com medo. Vou até ligar para a minha mulher. Vou esperar, não deve ser nada. Deve ser do meu remédio. Não é possível que ela tenha coragem, ai meu pai do céu”, finalizou o professor.

 

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