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Brasília

Em Dia ‘D’ para 5G, tecnologia já afeta vida de consumidores

Três empresas passaram a ofertar o serviço e duas delas não cobram a mais pela tecnologia; especialista indica ganhos no futuro

Olavo David Neto

07/07/2022 5h50

A ordem do dia nas ruas da capital era checar a velocidade da conexão no celular. No dia em que o 5G chegou ao Brasil, Brasília, primeira cidade na qual a tecnologia deu as caras, parecia um reduto de especialistas. Todos atentos ao tempo gasto pelos aparelhos mais modernos, aptos a receber o sinal mais veloz à disposição no país. Ontem, o finalmente saiu do papel, graças à liberação da Agência Nacional de Telecomunicações, e causou um misto de reações.

Foi o caso da analista de mídias sociais Tatiana Teixeira, 27 anos. Moradora da Asa Sul, ela percebeu um aumento na produtividade da rotina profissional na última quarta-feira (06). “Eu trabalho de casa, aqui na 307, e percebi um aumento na velocidade, sim. Depois conferi com sistemas de medição e constatei que realmente a velocidade de download e upload estavam pelo menos no dobro da capacidade antiga”, conta.

“No meu caso, que uso algumas ferramentas mais pesadas, ajudou bastante no ritmo de trabalho”, comemora. Teixeira, que, por opção própria, começa a labuta às 6h30, conta que até estranhou quando começou a utilizar o celular. Isso porque a Claro, sua operadora, abriu os trabalhos com o “5G puro”, na frequência de 3.5GHz, às 5h26. “Foi uma diferença grande, deu um susto, sim. Não é que fosse ruim antes, mas hoje com certeza facilitou a minha vida. Tudo fluiu mais rápido, pude subir vídeos sem nem me preocupar com o tamanho, nem acreditei”, brinca a mulher.

Para o designer gráfico Rafael Araújo, 30, que mora na Asa Norte, a situação foi oposta. “Seria de grandíssimo diferencial o incremento de velocidade na minha linha, pois trabalho utilizando redes sociais e aplicativos que demandam troca imediata de informações”, explica. Cliente da Claro, uma das três operadoras que oferecem o serviço no DF, ele se queixa do serviço da empresa. “Sempre recebi tudo abaixo do ofertado, o fato de não estar disponível o sinal 5g só reforça isso”, cobra.

Apenas como constatação, Rafael está entre os 70% dos clientes da telefônica que têm aparelhos compatíveis com a frequência 3.5GHz. Mesmo assim, em poucos momentos chegou a utilizar a rede 4,5G. ;Além do Plano Piloto e do Lago Sul, regiões com cobertura 5G da Claro, Águas Claras, Ceilândia, Cruzeiro, Gama, Lago Norte, Noroeste, Recanto das Emas, Samambaia, Santa Maria, Setor de Indústrias e Abastecimento, Taguatinga e Vicente Pires contaram com a cobertura da Tim, que instalou cerca de cem antenas que captam e replicam estes sinais.

No Guará, o membro do Instituto dos Engenheiros Eletrônicos e Eletricistas (IEEE) e doutorando em Engenharia pela Universidade de Brasília, Filipe Emídio Tôrres também não aferiu alterações na conexão móvel. “Eu não cheguei ainda a utilizar a velocidade máxima. A princípio, mais os centros urbanos. Aqui pega, mas ainda não bate as velocidades prometidas”, pontua.

“Para os grandes centros”

Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Especialista no assunto, ele aponta que a frequência do 5G tem vantagens e desvantagens em relação às anteriores. “A cobertura é menor que a do 4G devido ao alcance da onda. A gente usa uma frequência maior para atingir velocidades altas, mas perde em alcance”, explica. “É uma tecnologia para os grandes centros, para fazer mais conexões”, comenta.

Mas, na prática, o que isso quer dizer? De acordo com Tôrres, significa que a rotina do usuário comum não deve mudar muito longe de conglomerados. “Essa questão da necessidade, vai ser como a gente já tem hoje: os celulares pegando 5G em centros urbanos, mais próximos das estruturas; um pouco mais longe, fica com o 4G e ele resolve; em situações mais distantes do centro, numa estrada, por exemplo, o 3G vai resolver.”, argumenta.

Questionada pelo Jornal de Brasília a respeito de reclamações semelhantes à de Rafael, a Claro ressaltou que é o primeiro dia de operação no novo modelo de conexão, mas que a empresa “ativou o 5G no Plano Piloto logo após a liberação” por parte das autoridades competentes e que o contratempo “possa ser um problema pontual”.

Contabilidade

De acordo com a Anatel, a Tim possui 164 antenas instaladas para o 5G “puro”, enquanto a Claro conta com 82 aparelhos e a Vivo instalou 78 receptores. As três empresas cobrem 80% do Distrito Federal, com destaque, como explicou Tôrres, para as zonas centrais e de maior atenção logística. Apenas as duas últimas não cobrarão taxas adicionais pelo serviço num primeiro momento.

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